sexta-feira, junho 16, 2006

Feriados, greves e INSS

A população que depende dos serviços do INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social, está traumatizada há tantos anos, que vêm alimentando um novo comércio no país, o "enfrenta-fila", recurso que surgiu há muitos anos atrás para driblar a longa espera no atendimento.

Mas há um problema: apenas podem usufruir dessa estratégia irregular quem pode pagar! Quem está enfrentando a fila porque precisa de recurso imediato de sobrevivência, não tem como escapar!

De quem é a culpa? Para os usuários que estão na fila, a maior responsabilidade fica mesmo com os funcionários. Por que? Ora, quem "freqüentar" as longas filas do INSS, em todo Brasil, com tempo de sobra para conversar, vai ouvir, entre outros, o seguinte comentário: metade do ano os funcionários do INSS fazem greve; na outra metade, estão usufruindo dos feriados nacionais, os mais fartos do mundo.

Aliás, nem precisa de feriado: ainda que a Copa do Mundo movimente o interesse nacional, uma das críticas mais violentas relacionou o jogo Brasil X Alemanha como um "ativador" de feriado extra. É que no dia de jogo, os funcionários do INSS, apesar dos feriados e das greves, também querem parar!

Há também reclamações pela maneira como parte dos funcionários conduzem o atendimento. "A impressão que tenho é que estou dependendo de um favor deles", declarou uma professora, reclamando do "extremo constrangimento" a que é submetida sempre que precisa comparecer ao INSS. "Devo me sentir assim? Quase suplicando por atenção?"

Obviamente que não! É claro que existem regras que devem ser respeitadas para não conturbar um atendimento congestionado. Mas a lisura no atendimento e a consideração que o funcionário do INSS deve aos segurados é insofismável.

São empregados do Estado, que paga para que eles exerçam o trabalho. Não há favor nenhum, apenas obrigações de todos os envolvidos nessa questão, Estado e funcionários.

Um trabalho que, afinal, é muito bem-vindo nos dias de aperto atuais. Tanto que, depois da Copa, o sonho do brasileiro é trabalhar no INSS. Afinal ali existe estabilidade, salários acima da média nacional, carga horária mínima diária, folga aos sabados e domingos, prêmios e ascenções salariais, usufruto de todos os feriados e muita, muita força nas greves...

Há alguma expectativa de melhora para o congestionamento nas agências. A Central de Atendimento, que ainda não atinge todo o país, mas está funcionando através do "Canal 135", não é uma solução, mas pode ajudar a aliviar a tragédia das filas enormes de agendamento.

Nesse serviço, que atualmente está funcionando com 300 posições, com planejamento de ampliação para 600, com capacidade para atender 4 milhões de ligações por mês, a população poderá agendar antecipadamente pelo telefone o dia de seu atendimento. A exemplo da experiência em alguns setores, inclusive na Caixa Econômica Federal, onde a situação de sofrimento popular nas filas foi atenuada consideravelmente.

Vamos torcer para que o novo atendimento realmente seja ampliado!

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