Vamos tentar entender: Joaquim Roriz era governador do Distrito Federal e renunciou ao cargo de senador em 2007 para escapar de um processo por quebra de decoro parlamentar. Foi acusado de desviar recursos do Banco Regional de Brasília.Deixou o cargo para não ser cassado!
Até aí tudo bem. Melhor seria não haver escapatória para a corrupção e tampouco possibilidade de suspensão de uma punição pela abdicação do cargo ligado ao processo. O problema é que Roriz quer disputar as eleições novamente!
O Tribunal Superior Eleitoral manteve a decisão de impugnar sua candidatura. Ele recorre agora ao Supremo Tribunal Federal.
O que impressiona é a persistência dos políticos envolvidos em corrupção em voltar a disputar cargos publicos. Caso do Paulo Maluf, por exemplo, que sempre reaparece repetindo o mesmo discurso, como se nada tivesse acontecido, contando com a amnésia popular.
Essa situação é uma afronta à Justiça brasileira! E uma provocação a toda população. Não é exagero afirmar que ao desafiar o processo que tenta recuperar a idoneidade da política brasileira, essas pessoas tentam reforçar a idéia de que não há como moralizar a máquina pública.
Indiretamente tal afronta reforça o jargão de que o crime compensa, estimulando outras modalidades criminosas que não usam colarinho, mas extrema violência, a justificar o próprio comportamento.
As leis valem para todos os cidadãos, é óbvio. Quando um sujeito de camiseta rasgada comete um furto, deve ser imediatamente preso e julgado. Quando um sujeito de paletó e gravata que reside em um bairro nobre do Distrito Federal, comete o mesmo crime... tem a alternativa de não ser julgado.
E por isso mantém-se a sensação de onipotência dessas pessoas, que consideram-se acima de qualquer decisão e críticas a leis com a do Ficha Limpa. No entanto qualquer político que represente a população com idoneidade deveria reconhecer a necessidade de ações mais rígidas pelo TSE.
O problema é que políticos envolvidos em corrupção recebem punições leves. Roriz, por exemplo, fica inelegível até 2022. No Japão um político envolvido em corrupção fica tão envergonhado que recorre a drástica tradição do haraquiri, para restituir a honra a familia.
Ninguém quer uma mortandade tão grande em suicídios de políticos restituindo a honra à família, mas pelo menos uma atitude de respeito ao povo brasileiro. Criticar a lei que estabelece a inelegibilidade de políticos julgados por corrupção é vergonhoso!
Nossas leis tem muitas falhas, são complexas e permitem argumentos absurdos. Como pode o Ficha Limpa ter prazo para começar? Ou seja, o corrupto de ontem tem privilégios diante do corrupto de hoje? Que coisa bizarra! Tantos anos de impunidade ao colarinho branco, que ele tornou-se marrom e portanto pretende escapulir à lei mudando a cor da fachada!
Para quem alegar que a lei do Ficha Limpa é inconstitucional, uma lembrança: a Constituição Brasileira, acima de tudo, pretende resguardar a Nação e não servir de argumento para desacatar as regras básicas do exercício político, que acima de tudo prevê a necessidade da idoneidade sem dúvidas de administradores públicos e legisladores.(MC)
MIRNABLOG analisa os acontecimentos e discute as dúvidas com imparcialidade, respeitando a sua inteligência
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Todo mundo reclama da corrupção mas quando um politico é denunciado acha que é crime banal,absurdo isso.
ResponderExcluirEsta parece realmente ser uma realidade. Mas é também uma questão de tempo - e de firmeza da nossa Justiça -criar no eleitorado brasileiro a não aceitação de qualquer forma de crime ou corrupção, mesmo ös de "colarinho branco".
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