terça-feira, setembro 28, 2010

Política, dois gumes e o laranja




Ainda que a Lei da Ficha Limpa esteja sendo bem sucedida, com o impedimento de políticos tradicionalmente envolvidos em irregularidades de disputar cargos públicos, como o ex-governador Paulo Maluf, ela ainda não garantirá, nestas eleições, a total idoneidade dos candidatos aos cargos  de governador, senador e deputados federais e estaduais.

Há duas razões principais para encarar o processo de moralização da nossa política com precaução e certeza de que há um longo caminho para reduzir os riscos da corrupção. Os casos conhecidos e apurados ainda são poucos diante da estimativa de vários crimes que se tornaram parte do sistema político em todas as instâncias, dos municípios e estados ao Congresso Nacional.

Além disso a existência da lei Ficha Limpa abriu uma nova modalidade de crime: o uso de "laranjas" na disputa eleitoral!

O que significa isso? A imprensa publicou fartamente a desistência de Joaquim Roriz, que no final das contas declarou que continuaria a governar "indiretamente". "Não posso mais ser candidato. Mas a eleição correrá em meu nome, e o povo de Brasília me honrará, elegendo governadora minha amada esposa", disse Roriz.

 Acontecimentos como este denunciam a ampla possibilidade de muitos candidatos "enraizados"em seus cargos - no Brasil os políticos são reeleitos indefinidamente, mantendo-se em cargos principalmente legislativos por décadas a fio - financiar a candidatura de  "laranjas" para posteriormente exercer a mesma política viciante que a lei da Ficha Limpa pretende extirpar!


Concordamos que a política sempre foi usada pelos vilões, ao longo da história humana, em todos os cantos do mundo. Talvez não de maneira tão escancarada. Os riscos também envolvem altos investimentos do crime organizado. Falar em candidatos que poderiam apoiar poderes paralelos ligados ao crime é assustador. Mas é uma decorrência do descaso com a probidade de quem disputa um cargo de grande responsabilidade política.



******"Acontecimentos como este denunciam a ampla possibilidade do político "enraizado" financiar a candidatura de  "laranjas" ******

O problema é que no âmbito político todo mundo é inocente, mesmo com prova em contrário. A dificuldade dos processos reside não apenas no âmbito individual de um faltoso, mas no próprio sistema. Como negar que muitos votos elegem candidatos que estariam enquadrados nessa categoria?

Falamos não de políticos que poderiam ser vítimas de denúncias vazias, “surgidas” convenientemente no calor da disputa eleitoral, onde a comprovação do ato corrupto não aconteceu. coisa aliás, que nos últimos tempos tornou-se comum e não deixa de ser também um ato ilegal. Ao contrário do determina nossas leis, quando o crivo é o governo, todos são culpados até prova contrária! O objetivo é balbudiar e desviar a atenção da verdadeira corrupção.

****"No calor da disputa eleitoral, denúncias são vazias! O problema é a contaminação do sistema"****

Mas no caso de candidatos com histórico de corrupção, políticos profissionais que durante décadas mantiveram o que hoje se convencionou chamar de “corrupção endêmica brasileira”, a ação deve ser drástica. Ouvimos sobre a carta do Rio, onde presidentes de 26 tribunais regionais eleitorais do país reafirmam a indicação de que juizes eleitorais deveriam avaliar a vida pregressa dos pré-candidatos. Mas apesar do esforço o Tribunal Superior Eleitoral aceitou a candidatura de parte de políticos que respondem a processos, considerando que ainda não houve uma decisão da Justiça a respeito de sua culpabilidade.

Somos todos frágeis e vulneráveis ao jogo político. O problema todo reside em um fator provável: o eleitor brasileiro desconhece o que é política, usando de recursos fictícios para o voto e a opinião eleitoral. Vota por simpatia, não vota por antipatia, vota “no susto” (influenciado por outras opiniões, mas sem conscientizar o motivo da escolha) ou vota com “paixão” (do mesmo jeito que torce por times de futebol) na busca de aceitação em seu grupo comunitário

Esse fato é magnificamente utilizado pela mídia política, na manipulação de situações que o eleitor médio brasileiro desconhece.
Por esse motivo, a corrupção se torna um mal “provável”, ou seja, se não há conhecimento do que é política e das responsabilidades e ação de um político eleito, há dificuldade em materializar o entendimento da realidade da corrupção no Congresso, nos governos do Estado e nas prefeituras. Até chegar a esse ponto teremos de enfrentar o risco de poderes paralelos nas instituições! (AC)

Um comentário:

  1. O laranja é quem,um outro politico?Como é que a gente vai saber se é laranja? Nassao

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