terça-feira, setembro 21, 2010

O grande aperto e o colapso




No dia 10 de junho de 2009, por volta das 19 horas, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo contabilizou 293 km de vias completamente paradas. Quem ficou preso no trânsito nesse dia desesperou-se, mas a maioria das pessoas acha que um problema assim é causado por algum fator externo - um acidente por exemplo - e que é transitório.

O que é um grande engano. O problema do aglomerado trânsito em São Paulo e em outras grandes cidades brasileiras é gradual e inexorável. O prognóstico é sombrio para ao sistema viário, com a previsão de um colapso nos próximos anos.

O que isso significa? Que é preciso pensar aceitar o fato de que não há como evitar que isso venha a acontecer. A circulação de veículos é de 6,1 milhões de veículos apenas na cidade de São Paulo. Calcula-se que todos os dias sejam acrescidos mil novos veículos ao trânsito.Mesmo com rodízio, o alívio é momentâneo, uma espécie de antiácido para uma azia crônica, que vai aumentar matematicamente.

No Rio e em São Paulo, o tempo de congestionamentos passou de uma para duas horas: qualquer evento em São Paulo, aumenta fila que há dois anos já era grande. Passou de 700 metros para incríveis 1,5 km!


Onde isso vai parar? Especialistas em logística apostam em alternativas de investimento no transporte coletivo. Quanto maior for a oferta de alternativa de transporte de metrô, trens e onibus, mais os veículos particulares ficam na garagem...mas ainda não se descobriu uma fórmula de transporte coletivo que garanta a fluidez do transporte.

Ontem por causa de uma blusa que ficou presa na porta do metrô e pela impaciência de alguns passageiros, o botão de emergência foi acionado e travou o vagão. Foi o suficiente para que 17 trens parassem e que a eletricidade fosse interrompida para evitar que pessoas fossem eletrocutadas em uma perigosa jornada entre os trilhos do metrô!

Como é comum em situações que aglomeram tantos usuários, houve depredação. Um triste desfecho que poderá, no futuro, render situações muito mais danosas e trágicas.



Problemas na ferrovia ou no metrô e greves que atingem o transporte de onibus são de um efeito cascata assustador! O movimento nas grandes cidades é tão concentrado, que basta um cidadão espirrar mais forte para causar uma pane no sistema de transporte. Acidentes e chuvas fortes não serão mais a unica causa temida para a imensa massa de veículos parar.

Cada vez mais a situação dramática do trânsito nas cidades avança para as rodovias. Onde é que já se viu estradas com congestionamento? Pois isso já se torna comum em alguns trechos. Por exemplo, a Ayrton Senna, segunda melhor rodovia do Brasil (em pesquisa da CNT), já possui trechos contaminados pela descarga de veículos, principalmente após a confluência de acessos antes da entrada para o aeroporto de Cumbica.

Nesse trecho, dependendo da hora (ainda existem horários de fluidez no trânsito) pode-se ficar "emperrado" por até 30 minutos! A previsão de pistas marginais até 2012 não garante um futuro de trânsito livre, como convém a uma estrada.

A previsão é de que em cinco anos São Paulo fique paralisada, em algum dia, a qualquer momento. Exatamente como nos filmes de ficção! Não falamos de um congestionamento isolado, mas geral. As conseqüências de uma situação assim ainda não foram completamente avaliadas, mas certamente haverá desdobramentos graves de um colapso!


Parecia improvável, mas até aeroportos estão ficando congestionados!


Algumas horas depois da publicação desta matéria


Uma chuva forte caiu sobre São Paulo por volta das 16 horas. O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), da Prefeitura de São Paulo, decretou estado de atenção na Zona Sul da cidade às 18h. Essa era a única área ainda livre da forte chuva que atingiu o município desde as 16h. Segundo a CET, havia 101 km de lentidão na capital, índice acima da média para o horário. As 19 horas A cidade sofria com 170 km de congestionamento.

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