sexta-feira, maio 20, 2011

POLICIAMENTO NA USP CONFLITA COM MEMÓRIA DA REPRESSÃO

As reações à necessidade de policiamento na Cidade Universitária demonstram o estado de confusão do brasileiro em relação a violência. Violência no passado - relacionada à repressão política que invadiu os meios acadêmicos - e a violência do presente, oriunda da marginalidade, que parece não ter limites nem espaço na caça de suas vítimas.
A questão que está quebrando a cabeça dos dirigentes da USP parece pueril: devem ou não reivindicar a força policial para patrulhar a área da cidade universitária contra a ação de criminosos? 
Por que a dúvida? A imagem  de centros universitários recheados de espiões e militares que caçavam "comunistas" ou cidadãos contrários à ditadura ainda persiste e cria a impressão de permanente risco à liberdade do indivíduo em um centro de estudos e pesquisas que representa a origem da liberdade do cidadão.
Mas não seria essa ação preconceituosa e fora da racionalidade que um centro universitário pretende manter? O símbolo da liberdade seria ameaçado com policiamento contra a violência marginal?
Em torno da Cidade Universitária o crime comum se multiplica. Dentro dela não poderia ser diferente. Nao se trata de um problema isolado, esta ocorrendo em todos os centros universitarios e escolas. É claro que o lugar não representa necessariamente uma atração para o crime, já que em geral não mantém  recursos atraentes como grandes agências bancárias ou comércio em geral...mas possui suficientes servicos e movimento para provocar a marginalidade, que hoje é movida pelo oportunismo. É tão disseminada, que qualquer bem material, mesmo modesto, pode ser motivo para a violëncia. A mesma arma que mata em grandes assaltos também mata no roubo de alguns trocados.
Além disso os 4 milhões de metros quadrados do campus facilita a ação marginal em assaltos ou tentativas de estupros. Atravessar alguns trechos é realmente um risco, em uma área que permite o acesso de qualquer um, mesmo com as portarias, pois há passagens improvisadas por pedestres.
Fiscalizar uma área tão grande é muito difícil. A segurança local é numericamente limitada, assim como também é limitada na sua ação, pois não se trata de guarda armada.
Aparentemente não há motivo para discutir. A presença da polícia no campus é fundamental, principalmente no horário noturno. Policias militar e civil são organismos criados para defender a sociedade e não para corrompe-la ou reprimi-la, como aconteceu na ditatura militar, um período da história que foi superado justamente pela consciência da população e a força da cidadania brasileira. 
Escolas e universidades não são ambientes mais seguros do que qualquer outro espaço. Os estudantes devem ter consciência disso e tomar medidas preventivas, da mesma forma que em outros lugares. E o policiamento deve ser reconhecido como um aliado comum e não como uma entidade estranha e perigosa, que vá de alguma forma ameaçar a liberdade democrática. 

Um comentário:

  1. todos nos sabemos porque estudantes não querem policiamento no campus.....

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