segunda-feira, maio 02, 2011

BIN LADEN E RISCO DE UM NOVO MÁRTIR

Transformar atos violentos em placar, como
se a tragédia das mortes nos EUA e nos
paises árabes fosse um jogo, integra uma
mentalidade perigosa e destrutiva. 
A cena de pessoas comemorando o assassinato de Osama Bin Laden nos EUA é chocante, ainda que população americana sofra o trauma do atentado ao World Trade Center há dez anos. Como é possível comemorar um assassinato, transformando-o em festival? É admissível sentir alívio com a morte de um inimigo ameaçador. Mas não se fica feliz com assassinatos, agindo como se o placar de quem mata quem estivesse instalado em um campo de basebool.
O fato demonstra a confusão em meio a extrema violência no embate entre os Estados Unidos e Israel e os paises islâmicos. A história evidencia a maneira como guerras são geradas e inocentes de todos os lados são sacrificados  no "efeito dominó" das provocações e retaliações. O mundo chocou-se com a morte de 3 mil pessoas civis, inocentes,  no atentado às torres gêmeas, mas chocou-se ainda mais com a morte das 50 mil pessoas, a maioria esmagadora também de civis e inocentes, causadas pelos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão.
Provavelmente o problema é a dificuldade do ocidente em entender a cultura islâmica e reconhecer os direitos humanos das pessoas que vivem há milênios sob hábitos e crenças próprios. A pena de Talião acaba desordenada e destruidora na pretensão americana de comandar o destino da população dos Paises Árabes.
Há realmente uma situação insana nos acontecimentos das últimas décadas que deflagraram guerras e conflitos. Segundo a BBC o ministro das Relações Exteriores do Iraque, Hosyar Zebari, teria declarado que o país estava "encantado" com a notícia da morte de Bin Laden.
O Iraque, no entanto, que era organizado, está destruído depois da retaliação sofrida pelos EUA, que invadiu o país logo depois de destruir o Afeganistão. O cidadão comum, seja americano, seja dos países árabes, parece viver entre a "cruz e a calderinha": de um lado ações violentas dos grupos fundamentalistas que não aceitam a intromissão da politica americana e israelita na autonomia de suas nações e de outro a violência das invasões e das guerras sangrentas feitas em nome da "libertação" ou vingança.
A tendência americana de dividir o mundo entre heróis e vilões é uma faca de dois gumes, pois nessa história toda há uma enorme confusão sobre quem é quem. Para os americanos, Bin Laden é o vilão; para a população islâmica, a política americana e seus representantes, como o ex-presidente Bush, são o demônio.
Para a política americana, Bin Laden foi morto por necessidade maior, por uma equipe de elite e seu corpo "enterrado" no mar por questões de estratégia política para evitar o culto a um possível martir.
Para quem assiste a cena, os americanos usaram de uma estratégia pouco honesta, ao entrar em país alheio sem comunicar a ação ou pedir permissão para isso, atirando em outras pessoas além do alvo procurado e desaparecendo com o corpo ou corpos.
Em um momento em que o mundo se conscietiza de que a violência não é um mecanismo para a paz e onde não há dúvida de que a força deve ser usada apenas como defesa, a morte Bin Laden, tal como aconteceu, não é um ato heróico americano. Dá margem para tornar Bin Laden um mártir, assassinado por tentar defender a própria terra.
Não é possível admitir o terrorismo, que de fato deve ser punido com rigor, mas não se pode admitir outras modalidades de violência e ações que matam igualmente inocentes ou rompem  com a ética que norteia o mundo e evita que ele exploda!
A questão no Oriente Médio parece ser a mesma de qualquer confronto: quem começou?  Quem provocou? Quem vai parar com o bate e volta das agressões que matam milhares de pessoas e destroem seus paises e desprezam suas culturas?
Não há motivo para o mundo comemorar coisa alguma.

4 comentários:

  1. Acho que um fato desses já devia estar previsto pela Al Kaeda, e, assim, entendo que deve ser o sinal verde para que membros desse grupo desencadem atentados pelo mundo.
    Acho que não necessariamente em Nova York, como disse o reporter da Globo, mas, sim, ataques generalizados, pelo mundo.
    Tomara que o Brasil esteja a salvo, pois nossa política externa sempre foi respeitadora da soberania dos países.

    ResponderExcluir
  2. Boa analise,concordo bastante com essa visão e acho que não teremos paz enquanto paises como os EUA não se comprometerem a manter a paz respeitando as diferenças das culturas no mundo

    ResponderExcluir
  3. Ninguém sabe coisa alguma...tem gente achando natural essas guerras pré-fabricadas,planejadinhas...um professor meu já dizia há 15 anos que há paises que não desejam a paz pq tem poder de armas e que a coisa ia piorar,tinha razão

    ResponderExcluir
  4. ....E o Obama e cia querem festejar vitória...que vitória?

    ResponderExcluir

A sua opinião é importante: comente, critique, coloque suas dúvidas ou indique assuntos que gostaria de ver comentados ou articulados em crônicas!Clique duas vezes na postagem para garantir o envio de seu comentário.

Arquivo do blog