quinta-feira, maio 19, 2011

LÍNGUA CULTA, HOMOSSEXUALISMO E DEFICIENTES DIANTE DO PRECONCEITO

O Ministério da Educação não tem sido feliz nas "inovações", causando polêmica com os livros distribuidos pelo Programa Nacional do Livro Didático( com o livro intitulado "Por uma vida melhor", onde existe  referência à variações populares em relação à língua culta  no "falar e escrever") na Educação de Jovens e adultos (EJA) e agora com o apelidado "kit anti-homofobia", referência à cartilha e vídeos que retratam situações de adolescentes homossexuais com o intuito de reduzir o preconceito.
O "kit" causou indignação feroz principalmente entre os evangélicos, que consideraram a orientação uma invasão de um espaço que não seria da escola, mas da família. As críticas se baseiam na afirmação de que questões ligadas à sexualidade não poderiam ser abordadas no ambiente escolar e que as cartilhas e vídeos seriam potencialmente "estimuladores" da homossexualidade.

Aparentemente a celeuma toda, que envolve tantas críticas, parte da tentativa, frustada, de derrubar barreiras no processo educativo. Teóricamente facilitar o entendimento da língua culta através da compreensão da linguagem popular tem sua lógica e foi a base de estudos de educadores reconhecidos, como Paulo Freire, que defendia a familizarização do indivíduo com a escola e o aprendizado a partir da realidade da criança e do seu ambiente cultural, assim como do adolescente ou do adulto a ser alfabetizado.
Há enorme diferença entre
linguagem popular e
ignorância da gramática. Já
o conhecimento da língua
culta favorece a igualdade 
Questão de má interpretação de uma teoria interessante. Adultos principalmente dependem de um processo de aceitação da escola para sentir estimulo e confianca para a alfabetização tardia. Independente da faixa etária, crianças ou adultos precisam entender que a linguagem popular não é um fator de inferioridade, mas um acontecimento cultural que ocorre em maior ou menor grau no âmbito da convivência social. O que não quer dizer que se possa substituir a língua culta no processo educativo, que existe justamente para ajustar as diferenças da comunicação falada ou escrita em uma linguagem aprimorada, permitindo a todos os cidadãos as mesmas condições de relacionamento com a diversidade do mundo.

No caso da cartilha e vídeos com situações que pretendem tornar o homossexualismo natural e aceito há outro porém: tudo que acontece fora do padrão eleito como natural provoca reações contrárias, seja relacionado à sexualidade, seja a obesidade ou a alguma deficiência física ou mental. É um problema que precisa ser superado a partir do conjunto social, com leis claras, que punam qualquer manifestação de preconceito. Somos obrigados a admitir que a sociedade humana age em função da exclusão social na interpretação de que isso beneficiará sua sobrevivência individual.
Não é apenas a sexualidade que promove ações preconceituosas e lesivas, mas qualquer situação que implique na disputa do espaço, seja ele qual for e onde for. Cartilhas e vídeos que pretendem ser moderadores do preconceito ou conscientizadores do respeito ao meio devem ser centrados no conjunto e não em um único alvo do preconceito.
O preconceito existe contra o pobre, a mulher, o deficiente, o analfabeto, pessoas de origens asiática, da raça negra, contra quem é gordo ou quem não é estéticamente adequado...não há como relacionar a imensa lista de situações que sofrem com o preconceito e que envolvem todos nós, de uma maneira ou de outra.
Na escola, portanto, o trabalho deve ser direcionado a todas as formas de preconceito, mostrando que é justamente na diversidade que a natureza se completa.

Isso ajudará a evitar outras decisões péssimas do MEC, como acabar com escolas especiais que atendem surdos-mudos por exemplo. Ora, a questão aqui não é eliminar o preconceito, colocando a criança que tem necessidades especiais no ambiente comum, mas sim facilitar o aprendizado de deficientes. Escolas especializadas não tem o objetivo de separar o deficiente, mas sim de utilizar técnicas em ambientes especiais que visam justamente sociabilizar quem tem dificuldades de adequação ao meio. É óbvio que a partir do momento em que um deficiente supere as desvantagens a ponto de poder acompanhar o ensino em uma escola convencional, ele deve ser integrado ao ambiente comum. (Mirna Monteiro)



Um comentário:

  1. O modelo de educação proposto por Paulo Freire se diferencia da educação tradicional, pois abomina dentre outras coisas a dependência dominadora, que inclui dentre outras a relação de dominação do educador sobre o educando.
    Na ação educativa libertadora, existe uma relação de troca horizontal entre educador e educando exigindo-se nesta troca, atitude de transformação da realidade conhecida. É por isso, que a educação libertadora é acima de tudo uma educação conscientizadora, na medida em que além de conhecer a realidade, busca transformá-la, ou seja, tanto o educador quanto o educando aprofundam seus conhecimentos em torno do mesmo objeto cognoscível para poder intervir sobre ele.

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