segunda-feira, março 25, 2013

A DECEPÇÃO DE TIRIRICA A SERVIÇO DA NAÇÃO

Francisco Everardo Oliveira Silva, conhecido como o palhaço Tiririca e eleito para a Câmara Federal com 1,3 milhão de votos, anunciou que vai desisitir da política. Como cidadão achava que a boa intenção seria suficiente bagagem para propor mudanças no Congresso; como deputado federal descobriu que não conseguiria mudar coisa alguma!
A decepção de Tiririca não é problema pessoal, mas brasileiro. Legisladores funcionam sob um ritmo extremamente limitado para as mudanças necessárias na legislação brasileira, sempre sob críticas, que sugerem compromissos pessoais com questões politicas, partidárias e financeiras em detrimento de necessidades do país.
Constatar que não existe um conjunto voltado para um mesmo objetivo - o de cumprir o mandato trabalhando apenas projetos de interesse do país - é comum entre aqueles que vencem pleitos eleitorais aproveitando-se do fato de serem, de alguma forma, conhecidos do público.
Objeto de desejo dos partidos, pelo fato de aumentar a representação e o poder partidário nas cadeiras da Câmara e do Senado, essas pessoas enfrentam o pleito, recebendo em geral votação expressiva, mas no momento do trabalho descobrem que não basta ter vontade para chegar a algum objetivo prático. A questão nem é acadêmica ou cultural. É mesmo o defeito do sistema que "fecha" aos deputados tentativas de atuar de maneira idealista, conforme o imaginário popular.
Qualquer parlamentar pode propor projetos, como garante a Constituição Federal. Mas para ser votada, a proposição vai depender do parecer das comissões que recebem o encaminhamento da proposta pelo presidente da Câmara Federal. Na prática isso pode levar mais tempo do que se espera. Talvez até o tempo do mandato, como denuncia Francisco Everardo.
Circunstância criada pelas própria regras do regimento interno, que na teoria pretende organizar proposições de acordo com a emergência do país, mas que na prática acaba atravancando votações de  leis de importância fundamental.
A inoperância do Legislativo sempre foi motivo de crítica. E de raríssimas modificações que tornassem o trabalho mais claro, eficiente e satisfatório, definindo de maneira transparente quem faz o que dentro do Congresso, que transformou-se em um misterioso centro de disputas políticas ao invés de cumprir rigorosamente o seu papel legislador.
"Deputados se acham demais", diz Francisco Everardo, depois de comprovar que certamente irá decepcionar 1,3 milhão de votos que o colocaram no Congresso.
Mas mesmo com sua inoperância e na incômoda situação de ser mais um deputado que usufrui de alta remuneração e outras mordomias sem resultados práticos de trabalho, Everardo, o Tiririca, presta um serviço à nação: "Eu pensei que chegando à condição que cheguei, ia lá e aprovaria projetos que iam beneficiar a população e essas coisas todas, mas não é assim. Há outros interesses"...
Interesses que subsistiriam em todos os níveis do poder Legislativo, onde o bom-senso pode ser atropelado por interesses políticos.
Bem, além de confirmar o que todos os brasileiros já desconfiavam, ("até agora  não sei bem para que serve um deputado federal", disse em entrevista) Tiririca demonstra respeito ao eleitor não faltando às sessões, como é comum entre os parlamentares, ficando em sexto lugar entre os sete deputados que nunca deixaram de comparecer ao plenário. Já é um bom exemplo para os pares e um certo consolo para quem reclama de voto perdido.

3 comentários:

  1. Francisco Eversrdo, o Tiririca, não foi a primeira " celebridadei" , alçado ao Congresso Nacional, a se desiludir com a política e a atuação dos Congressistas. Antes dele, me lembro de pelo menos um que, antes dele, chegou à mesma conclusão e também desistiu. Refiro-me a Moacir Franco, que preferiu dar continuidade a sua vida artística e desistiu de tentar renovar o seu mandato na Câmara Federal. Tiririca devia saber disso, mas essa realidade tem que ser experienciada pessoalmente. Não há como transmiti-la por outro modo ! Afinal, quem acreditaria que, eleito para a Câmara Federal com mais de 1,0 milhão de votos pouco ou nada poderia fazer para por em prática suas idéias a favor da Sociedade ? De qualquer forma, concordo que a decepção do Dep Francisco Everardo serve a Nação como um grito de alerta, uma denúncia de que há algo de podre no Reino da Dinamarca, cheirando muito mal, acrescento, por conta própria, ao dito popular. Só vejo uma maneira de por fim a essa anômala e indesejada situação: o povo assumir as rédeas e, através da iniciativa popular, apresentar PL e PECs para moldar O Regimento Interno da Câmara aos legítimos anseios da Sociedade ! A primeira a ser proposta seria no sentido de diminuir o número de Parlamentares, já que a Câmara não precisa, a meu sentir ,de ter mais de quinhentos Deputados para cumprir sua função institucional !

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  2. Pleno acordo com as palavras acima e também com o artigo excelente. Contudo é preciso acrescer que o brasileiro está ainda engatinhando em politização e cidadania.Devemos crer que trata-se de um processo educativo que depende de abordagens como esta para propagar a necessidade de obter trabalho de parlamentares críveis e dignos.

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  3. Decepção sim, que não impediu esse palhaço de votar a favor do impeachment, provando que o Congresso Nacional é um covil de lobos que convence seus carneirinhos a praticar o mal e derrubar democracias

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