quarta-feira, julho 13, 2011

O MÉDICO QUE SACOU A ARMA

O pai de uma paciente pede atendimento imediato para a filha e o médico, irritado, saca uma arma e ameaça a pessoa que está em desespero. Parece cena de ficção, como aqueles filmes em que alguma catástrofe ameaça a humanidade e torna todos dementes e sem auto-crítica. No entanto aconteceu em Belo Horizonte.
Tempos catastróficos...Há sempre argumentos para todos os absurdos. Dizem que a culpa é "do fim do mundo", ou responsabilidade das manchas solares e das ondas magnéticas  que afetam o cérebro e alteram respostas psico-emocionais. Há argumentos para tudo, quando o problema atinge as raias do absurdo. Mas independente de causas, o óbvio é a ausência de controle social, que aumenta a falta de critério e auto-critica. A impressão de impunidade vem afetando setores essenciais da sociedade.
É possível entender o pai de uma adolescente, preocupado com a suspeita de fratura no pé, que se exaspera ao receber uma negativa no atendimento. Estamos cheios de exemplos de mau atendimento em hospítais públicos e particulares, estes por realizarem uma espécie de "peneira" nos pacientes dos planos de saúde. Medicina deixou de ser uma profissão de vocação e responsabilidade, onde os médicos se formam com o objetivo de atender pessoas que sofrem males fisicos ou correm risco de vida. Medicina hoje é sinônimo de profissionais despreparados, de exploração dos planos de saúde e de irritação de médicos que vêem os paciente como um incômodo!
Pobre Hipócrates, que deixou como herança o juramento que melhor definia a atividade do médico, há menos de 400 AC, para vivenciar no começo deste milênio a decadência da honra da medicina. Nada de exercer a arte de curar, mostrando-se sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência.
Quando chegamos a este abuso - o de um médico ameaçar ferir alguém que pede por socorro, em um momento de enxurradas de denúncias de erro médico, omissão profissional e outros abusos, somos obrigados a reconhecer que o problema é de toda a sociedade, não simplesmente de médicos, dos governos, do Conselho de Medicina e da mercantilização da medicina. Situação inaceitável que exige uma ação de todos os setores, de maneira rígida e definitiva.
Quem tomará a iniciativa? Quem sabe os principais responsáveis, o Conselho Federal de Medicina e o nosso Congresso, para que haja um controle maior da responsabilidade na atividade médica e leis funcionais o suficiente para isolar o exercício da medicina de qualquer outra atividade mercantilista. Porque vidas humanas não podem ser negociadas

Um comentário:

  1. Creio que a responsabilidade pelo estado das coisas é da propria sociedade que nâo exige rigorosidade na qualificaçâo profissional de setores tão importantes como a medicina

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