sábado, janeiro 28, 2012

CRISE NO JUDICIÁRIO E MENSALÃO

A desconfiança de que o chamado "mensalão" possa ser um pano de fundo para desestabilizar o judiciário, apontada por magistrados reunidos em Teresina, parece tão descabida quanto a própria confusão em torno de esquemas de propinas políticos. Principalmente por dois motivos: o citado " mensalão" que envolveria alguns gatos pingados culpados ou maliciosamente apontados como culpados, não é novo e qualquer intenção de honesta de punir corruptos envolvidos em política - seja em administrações, seja no legislativo - obrigaria a uma imensa operação para apuração de centenas de denúncias. Ou seja, o mensalão, na verdade, não representa um baluarte da luta contra a corrupção, mas simplesmente um caso entre inúmeros outros repleto de interesses partidários que estão sem processo e julgamento.
Em segundo vem a questão mais importante: como poderia  um simples julgamento desestabilizar a Justiça em um país? Ou de que maneira denúncias que estariam acompanhadas de provas denunciando abusos no Judiciário conseguiriam a proeza de prejudicar o sistema, se a função da própria Justiça é justamente essa, a de evitar a continuidade de abusos e corrupção?
A unica maneira de desacreditar e desestabilizar a Justiça no país é permitir que os abusos continuem. Não há mérito em preservar a força da magistratura quando há décadas o país se ressente de um sistema judiciário transparente, firme e justo, permanentemente vigiado para impedir que juízes tenham a sua idoneidade e capacidade em dúvida por causa de alguns membros da categoria que usam seus cargos para enriquecer ou praticar tráfico de influências, abusos de ganhos salariais, esquemas de sentenças pré-estabelecidas, entre outras acusações.
O sistema judiciário enfrenta há muito tempo uma situação constrangedora. Processos acumulados, sentenças absurdas, tudo isso há muito tempo é discutido longe da mídia, mas na "boca do povo". Ou seja, o fato da grande mídia nunca ter veiculado criticas e acusações a magistrados em décadas passadas, não significa que elas não corriam "de boca em boca".
O que está acontecendo agora é simplesmente uma discussão mais ampla, onde a imprensa cumpre um papel  que antes não cumpria, o de veicular acontecimentos. Naturalmente a internet e a amplificação da discussão sobre o sistema judiciário e suas falhas nunca corrigidas obrigou a mídia em geral a enfrentar a divulgação dos fatos.
Não é mensalão, nem mensalões antigos e presentes, que poderiam afetar a credibilidade no judiciário, mas sim a própria categoria dos magistrados, que evita manifestar-se abertamente sobre as falhas e extirpar os membros que funcionam na contra-mão da Justiça, e que mancham e denigrem uma função de extrema importância para o cidadão, o país e o mundo.

2 comentários:

  1. Precisamos entender que Justiça imparcial fortalece nosso judiciário! Bons argumentos nesta abordagem!

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  2. Cuidemos para que essa movimentação extrema com a ministra da Corregedoria Nacional não se transforme em uso indevido com denúncias improcedentes

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