A violenta reintegração de posse no bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos, demonstra exemplarmente como nosso mecanismo de Justiça é falho e conflitante. A decisão da Justiça Estadual conflitou com a Justiça Federal, o que deveria ter levado no mínimo a um maior prazo antes do despejo das milhares de pessoas moradoras no enorme terreno que pertence a uma massa falida.
Além, disso a decisão da reintegração foi motivo de pedidos diretos ao governador Geraldo Alckmin para que a situação fosse melhor avaliada antes de qualquer ação, inclusive do ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo. Mas nada impediu que um contingente de 2 mil policiais entrasse em confronto com os moradores do lugar, que foram surpreendidos na madrugada deste domingo.
Por que essa voracidade no despejo de tantas famílias? O caso do Pinheirinho não é o de uma ocupação comum. O local conta com benfeitorias públicas, asfalto, energia elétrica, serviços de infra-estrutura em geral, inclusive comércio estabelecido e linhas de ônibus.
É esse fator que torna a questão mais dramática. Tudo isso deveria ser melhor avaliado e responsabilidades sobre essa situação assumidas. Mas que se assistiu foi uma "marcha" furiosa contra uma área que envolve interesses óbvios, mas que mesmo sendo fruto de ocupação irregular envolve circunstâncias que não podem ser equiparadas a outras. Dois mil PMs, obrigados a cumprir com a ordem de desocupação, em meio a um clima de guerra civil, de agressões, de feridos e uma morte.
Nem mesmo a ocupação da favela da Rocinha na luta contra os traficantes no Rio de Janeiro contou com tamanho contingente policial.
É um bom momento para avaliar nossa Justiça e a maneira como ela se processa. A responsabilidade das decisões é muito grande para que uma decisão a nível estadual se considere soberana e acima de qualquer avaliação de outra instância judiciária. Pelo menos se assim fosse as dúvidas sobre a injustiça dessa desocupação seriam satisfeitas e mesmo que ao final ela ainda persistisse como medida justa, o governo de São Paulo não se tornaria alvo de críticas nacional como está ocorrendo. Não existe uma justiça municipal, outra estadual, outra federal quando a discussão envolve uma justa causa.
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Acusar o Judiciário é fácil. Mas ninguém se lembra q a Constituição Federal reconhece e proteje o direito de propriedade, do qual a posse é um atributo. Também não se fala sobre a responsabilidade do advogado do proprietãrio da área. Afinal, foi êle quem requereu a reintegração de posse, já q é de trivial sabença que o Juiz não age "ex ofício". O advogado deve provocá-lo. Pior ainda se tiver havido acôrdo nos autos, pois, se houve, o advogado do autor não o respeitou. Por fim, se a área era "invadida", pq o Estado de São Paulo colocou equipamentos urbanos à disposição dos "invasores" ? Afinal, praticar esbulho possessório é crime previsto no Código Penal !
ResponderExcluirDeduzo que enfrentamos uma questão politica, não rigorosamente judicial. Temos neste entrevero claros posionamentos do governo do Estado!
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