quarta-feira, agosto 10, 2011

SEQUESTROS, CONFRONTO E AÇÃO POLICIAL

A imagem que marcou a tragédia do " 174":  a
morte do assaltante não compensa a perda
da vida da refém, em desfecho que
poderia ter sido evitado
Impressionante a incidência de assaltos a onibus cheios de usuários, tanto na área urbana quanto nas estradas mas o que surpreende é o despreparo da polícia para lidar com esse tipo de criminalidade, principalmente quando a tentativa de assalto acaba se transformando em sequestro e ameaça de morte aos passageiros.
É o que se pôde observar mais uma vez na ocorrência de ontem, quando quatro bandidos invadiram um coletivo no Rio de Janeiro. Apesar da policia ter cercado a área para evitar maiores tragédias, como ocorreu com sequestro do onibus 174, no ano passado, que terminou com a morte absurda de uma professora, a ação foi semelhante no risco às vítimas, que afirmaram que o tiroteio partiu da própria polícia que deveria controlar a violência.
O fato coloca em discussão a estratégia pretendida pelos orgãos de segurança e repressão ao crime quando cidadãos são feitos reféns. Existe uma tendência, observada inclusive a partir dos casos de sequestros políticos, como no caso do terrorismo, a não ceder as negociações, como forma de inibir a prática. 
Será que o risco de morte dos sequestrados realmente compensa o risco do desafio?
Nos casos observados de reféns do crime comum, como em assaltos aos coletivos, a precipitação da polícia em agir de forma violenta - talvez tentando surpreender os bandidos - não funcionou. Pessoas acuadas, que usam as vítimas como escudo, estão definitivamente em estado de tensão absoluto. Não tem nada a perder. A partir do momento em que são confrontadas, por mais rápida que seja a ação policial, os estragos estão feitos. Foi o que aconteceu com o 174. Resolveu-se o sequestro, mas a vítima foi atingida inclusive pelos próprios policiais.
Nâo há desestímulo ao uso de reféns com a morte dos próprios reféns. Ou se há, a longo prazo, o desperdício de vidas de forma alguma compensaria esse tipo de mentalidade prática. Atirar para aterrorizar os marginais  quando existem pessoas inocentes por perto que podem ser atingidas também é temerário e tão cruel quanto a ação marginal. Ainda que não se pretenda de forma alguma facilitar sequestros e uso de reféns em assaltos, o fato é que a vida do cidadão sob custódia do bandido é tão importante quanto a necessidade de controlar a criminalidade. A estratégia para acabar com essa prática deve considerar acima de tudo a segurança da população.

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