Até alguns anos atrás quem se atrevesse a observar que os erros acumulados pelo sistema iriam transformar sociedades organizadas em caos seria considerado dramático e pueril. Para muitas pessoas condições de ordem natural ou social estariam garantidas pelo simples fato de existirem, provavelmente submetidas a um processo de eterna auto-recuperação forçada pela sobrevivência.
Um engano perigoso. As desgraças e o caos não estão apenas em paises subdesenvolvidos economicamente, onde há óbvia desestruturação política e cultural, nem estão restritos a populações marginais.
Existem de maneira potencial em qualquer lugar do mundo, bastando uma faísca para deflagrar a histeria coletiva. É o caso dos últimos acontecimentos em Londres, que começaram com uma manifestação que pretendia ser pacífica, em protesto conta a violência que matou no sábado um rapaz de 29 anos, mas que ampliou-se de maneira supreendente, levando a explosão de bombas caseiras, incêndios em prédios, onibus e depredação e furto de lojas. Dezenas de pessoas foram presas e outras tantas ficaram feridas, entre policiais e civis.
O reconhecimento de que a sociedade está perdendo o freio reside no fato de que esses acontecimentos que envolvem crescente histeria da massa não podem mais ser considerados fatos isolados ou comuns a determinados ambientes. Podem ocorrer a qualquer momento, em qualquer lugar, inclusive nos paises europeus, onde o ambiente público sempre foi controlado por regras perfeitamente encaixadas no cotidiano de suas cidades.
É preciso muito pouco para iniciar protestos que se transformam em batalhas urbanas. Há exemplos de sobra. O mundo se transforma em um barril de pólvora, mas as faíscas que podem acender o pavio têm origem semelhante em qualquer lugar do planeta: a ausência de valores claros e a consciência civilidade necessária para a sobrevivência comunitária, substituídos por uma carga de informação farta, mas também parcialmente ( e fortemente) manipulada por interesses que não pretendem equilibrar o meio, mas manter um tipo de sustentação econômica criada no século passado e que no entanto não funciona mais!
Essa ausência de clareza na política mundial para a organização social é a demonstração da burrice que permeia as estruturas de poder, que insistem em manter antigas fórmulas para problemas inusitados e com consequências ainda não avaliadas no futuro. Ou perigosamente subestimadas, já que o processo de mudança afeta principalmente a economia dos paises habituados á fartura de recursos em detrimento da miséria de outros.
Ao contrário do que se previa, o momento atual e futuro parece equilibrar-se em uma corda-bamba esticada dentro do próprio território. A perda de controle acontece dentro de casa, com o aumento da violência, da corrupção, da mentalidade racista e anti-social, da fragilidade da Justiça e portanto do risco do descontrole da massa, seja em casos como o de Londres, que envolve indignação popular, seja por motivos fúteis como rixa entre torcedores de futebol, como assistimos não só no Brasil, em muitos países do mundo. (Mirna Monteiro)
MIRNABLOG analisa os acontecimentos e discute as dúvidas com imparcialidade, respeitando a sua inteligência
A mentalidade precisa mudar,somos dinâmicos,a vida é dinâmica,o mundo tem bilhões de pessoas com vida e problemas comuns em si e os governantes querem manter tudo como era quando o mundo tinha apenas milhões????Só pode explodir mesmo,tá todo mundo em ponto de bala.
ResponderExcluirEsses acontecimentos em Londres me lembra muito aquele documentário "Surplus".
ResponderExcluirE uma tirinha antiga que havia em meu livro de história que mostrava uma burguesinha branca , dos anos 50 , que dizia :
"Parem com esse tumulto , eu quero fazer compras".
Parece que Londres se deu conta que existem negros , emigrantes e pobres no Jardim do Éden da Grã-Bretanha.
O fenômenos de multidões descontroladas e irracionais não é novidade. É uma aspecto irracional do ser humano que vai continuar existindo. Somos o que somos e esse tipo de problema á algo que sempre precisaremos administrar. O problema da política é outro, pois a política é um teatro, no qual é quase impossível classificar os personagens e os atores...
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