quarta-feira, outubro 24, 2007

Soda cáustica nas mamadeiras


É gravíssima a denúncia de que cooperativas estariam “batizando” o leite e por causa da alteração, utilizando substâncias químicas perigosas para garantir sua conservação.

É surpreendente até que ponto a ansiedade do lucro chega às raias da criminalidade. Afinal, “temperar” o leite que vai para mamadeiras de bebês e para a maior parte da população, com soda cáustica, entre outras substâncias, é simplesmente inacreditável pois supera a condição de fraude e atinge a alarmante constatação de atentado à saúde popular.

O que provoca a ingestão de soda cáustica? Em grandes quantidades, mata. Em pequenas doses envenena e provoca lesões que podem evoluir para o câncer.

Cerca de 20 a 25% dos pacientes atendidos no setor de endoscopia do Hospital das Clinicas da Unicamp e da USP tem lesões cáusticas. Crianças saudáveis tornam-se doentes para o resto da vida quando, em um acidente doméstico, ingerem algum produto de limpeza a base de soda cáustica.

Presente no leite, esse risco varia de acordo com a quantidade ingerida do produto. Crianças pequenas são mais suscetíveis e podem ter lesões na boca, na pele, no trato respiratório e sistema digestivo (esôfago e estômago). A cicatrização de uma lesão causada por um produto como a soda cáustica pode evoluir para estenose (fechamento do esôfago) ou ao longo da vida para o câncer.

De uma maneira geral, substâncias tóxicas em pequenas doses diárias causam insônia, irritabilidade, alterações de humor, dificuldade de concentração e mesmo sensação de dormência ou formigamento. Alterações no sistema nervoso em geral se manifestam primeiro e podem provocar mudança de comportamento ou uma tendência maior a acidentes!

quinta-feira, outubro 18, 2007

CPMF vale o quanto pesa







"(...) e vira essa bagunça: quem era a favor ficou contra, quem era contra ficou a favor. Afinal, essa CPMF é mesmo importante, como é que se vivia sem isso? (...)" (Du Gonçalves)






"A CPMF é cobrada há quanto tempo? Quando foi feita?" (Anita.Bol)


"Sou professor, recebo pouco mais de R$ 900,00 por mês e minha agência bancária, o Santander, me cobrou quase 1% de CPMF" (L.B.M)




A CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras) arrecada sim, e bastante: em setembro foram R$ 48,480 bilhões em impostos e contribuições. Quanto melhor a economia, maior a arredação da CPMF, como está acontecendo agora.






É verdade que há contradições na história da CPMF. Antes dela havia o IMF (Imposto sobre Movimentação Financeira) por uma iniciativa do então ministro da saúde Adib Jatene em 1993. Deveria incidir sobre toda movimentação financeira durante apenas um ano com recursos completamente vinculados à saúde. Mas acabou virando contribuição provisória em 1996.






Aprovada pelo Congresso, a CPMF deveria trazer recursos adicionais para a saúde (foram 21 bilhões de reais arrecadados em 2002), mas uma manobra engenhosa do governo de Fernando Henrique Cardoso permitiu que boa parte dos recursos fossem utilizados para outros fins.






A CPMF parece mesmo irresistível. Criticada por setores progressistas não apenas por permitir o desvio de recursos da área da saúde, mas também por ser um imposto injusto, que não é progressivo.

Além disso há acusações de clientes de que as instituições financeiras não são fiscalizadas e muitas vezes o imposto é cobrado acima das especificações, o que engrossaria as reclamações de indébitos bancários.

Mas ainda assim, parece difícil aos governos, desde sua criação, abrir mão dessa arrecadação. A proposta agora é não apenas a manutenção do imposto, como a transformação de seu caráter provisório (previsto para expirar em 2004) para permanente.






O que deixa o Congresso em uma grande saia justa. A oposição (PSDB e DEM - antigo PFL) sente a pressão do futuro, uma vez que têm a intenção de retomar o poder e a existência dos valores da CPMF que não interessam agora, interessariam no futuro (sendo talvez substituído por outro imposto, com outra nome...) e aos aliados do governo pela sua rejeição histórica, ainda que de grande valia para os projetos atuais.

domingo, outubro 07, 2007

Política complicada




"(...) É muito difícil saber quem é quem na política (...) muitas vezes meus alunos me perguntam detalhes do meio político e dos partidos, decisões da justiça e dos nossos legisladores no Congresso Nacional (...) e torna-se extremamente delicada qualquer resposta(...) (Marcia H.M)




Márcia, você tocou em uma questão extremamente importante. O brasileiro não possui qualquer orientação para desenvolver uma capacidade crítica da política. E sem isso, torna-se muito mais sujeito a manipulações (política envolve estratégias de conquista, não é assim?) e aos enganos. Não apenas na hora de votar, mas também de acompanhar e analisar a atuação de seus representantes.

Você sugere que seja inserida disciplina de ciências políticas desde o primeiro grau e que como professora de História acha que a sua área deveria ter uma especialização para essa finalidade.


Bem, provavelmente você tem razão. O que temos hoje nas escolas, quando o assunto é política? A opinião pessoal de professores de diferentes áreas, que colocam em geral opiniões e não permitem, necessariamente, que a informação ampla seja colocada e "digerida", para um resultado mais imparcial.



O que necessitamos não é a imposição de modelos políticos ou de paixões politico-partidárias nas escolas. Em mais de uma ocasião recebemos aqui denúncias de pais que reclamavam de professores- de universidades, mas principalmente de cursinhos pré-vestibulares (que reúne jovens em idade de voto e total desconhecimento dos fatos politicos) que impunham a sua visão política aos alunos, fosse ela ditatorial, facista ou socialista. A importância do professor na formação das idéias é indiscutivel!

Um professor que usa a sala de aula de um cursinho para fazer campanha política comete um erro ético grave.

No entanto, é preciso discutir politica sim. E, concordo com você, Márcia, política se aprende desde muito cedo. Mas uma coisa é aprender o que é ideologia, como acompanhar política, trabalhos do executivo e do legislativo e outra é a imposição de ideologias.


Durante o período de ditadura as escolas brasileiras ministravam disciplina de Educação Moral e Cívica. Uma disciplina com conteúdo considerado doutrinador e que no entanto, em âmbito de discussão de sua orientação, transformava-se em estímulo para o senso crítico. Mas ainda assim a geração educada no período mantém hoje idéias dessa cartilha e guarda uma idéia romântica da ditadura.



Seja como for o resultado dessas décadas desse disciplina cívica e posteriormente do mais absoluto desprezo pela educação política, na fase da abertura política e da instauração da democracia até os nossos dias, não é muito animador. A esmagadora maioria de adultos e jovens não têm argumentos lógicos para suas opções politico-partidárias no momento do voto e elegem os candidatos por falta de opção.


Uma situação que pode interessar a grupos habituados à um sistema sem controle e onde não faltam o tráfico de influência, ação desonesta e abusiva de lobbies, contratos superfaturados de obras públicas e outras formas de corrupção.






Moedas de várias faces



"O presidente Luis Inácio Lula e o PMDB são a síntese da política rasteira do toma lá dá cá, o governo de coalizão levado ao extremo das negociatas para roubar o erário público federal, nunca na história partidária do Brasil, após a redemocratização(...)" (Luiz)


"Eu vi os governos do PSDB bloquearem dezenas de investigações: Compra de votos para emenda da reeleição, favorecimento nas privatizações, milhões gastos ajudando bancos falidos (...)No governo de SP 69 CPIs paradas pelo PSDB/PFL, superfaturamento de obras (...) Todos com provas. Sanguessugas, Corrupção nos correios e todos os escândalos que vemos hoje começaram com o PSDB e poderiam ter sido desbaratados se os governos do PSDB não tivessem por norma impedir investigações" (Marcelo)


Luiz, apesar de seu desabafo ser válido, lamentavelmente não é possivel interpretar o problema político brasileiro como sendo de origem tão evidente, ou do tipo de gestão atual do Estado brasileiro. Se fosse assim tão fácil, o problema estaria resolvido! Bastaria não votar em quem está hoje no poder! Mas sabemos que a situação é bem mais complexa e que o problema da politica brasileira está em um sistema e não em um presidente ou em um partido. Ou seja, se fôssemos realmente peneirar, não sobraria muito trigo, e sim o joio. Assim sendo Luiz, analisando friamente e sem paixões político-partidárias, mas objetivando uma política limpa e transparente, não é possível concordar com esta visão.
Marcelo, enfrentar investigações sempre foi o pavor dos governos, pois o processo interfere na politica administrativa, mesmo que não haja envolvimento do governo com atos de corrupção.

Isso não justifica, mas pelo menos explica - em parte - porque as denúncias não eram rigorosamente apuradas e divulgadas pela mídia. Agora, entretanto, a sociedade brasileira está "tirando o atraso" no levantamento da corrupção. Ainda é muito pouco, mas já é um começo, desde que no futuro esse processo não volte a ser interrompido ou dificultado.

E, Luiz, criticamente podemos observar que hoje, no Congresso Brasileiro e em outras instâncias do Legislativo e no quadro político em geral, nenhum partido, inclusive aqueles que você defende, como o PSDB e ex-PFL ou DEM, PTB, PDT, enfim, demonstra claramente ou pode assegurar de que não há ações corrompidas pelo sistema em suas representações.

Ou seja, ainda é muito cedo para "atirar a primeira pedra" e quem o faz não é necessariamente inocente no processo...

quarta-feira, outubro 03, 2007

Pernas e batatas quentes


O que é que os nossos políticos têm a ver com uma perna guardada em uma churrasqueira? Aparentemente nada! Perna é perna, amputada ou ainda anatomicamente encaixada em sua função. Mas do ponto de vista do absurdo, tem tudo a ver!
Explico: primeiro a respeito da perna. Uma perna amputada depois de um acidente aéreo em 2004 foi guardada em uma churrasqueira pelo proprietário (ex-dono?) do membro, sabe Deus motivado por qual instinto.

Ocorre que a churrasqueira citada foi parar em um leilão e sabe Deus também por qual motivo a perna foi junto. O sujeito que adquiriu a churrasqueira gostou da tal perna, porque ela acabou atraindo curiosos dispostos a pagar para apreciar a dita cuja dentro da churrasqueira.

A ridícula situação da perna está sendo objeto de disputa judicial nos EUA. Aqui no Brasil em lugar da churrasqueira temos o Congresso Nacional que costuma assar batatas e jogá-las ainda ferventes na cabeça do cidadão brasileiro
E muitas e muitas pernas que andam capengando em mais uma disputa estranha (pelo acaso) que cheira a estratégia chamuscada: DEM, PSDB e PPS querem retroagir no tempo e mudar uma batata que assaram juntos, querendo agora que mandatos pertençam aos partidos políticos e não aos parlamentares.

O tribunal vai julgar, nesta quarta-feira, mandados de segurança impetrados pelas três legendas --que tentam garantir a posse dos mandatos de deputados e senadores que deixaram os partidos.
Sabe Deus o que se passa dentro de churrasqueiras nestes tempos de confusão mental e estratégias políticas para garantir as eleições. Aliás, o próprio DEM é uma perna assada do antigo PFL que ficou muito chamuscado na queima de denúncias do mensalão e mudou de nome. Esse negócio de troca-troca e posse de pernas, quer dizer, de siglas e partidos, é coisa antiga! Não parece muito ética uma discussão a esta altura do churrasco, quer dizer, dos mandatos.
Mas afinal, quem tem direito à perna amputada, o sujeito que a amputou ou o sujeito que comprou a churrasqueira com uma perna de brinde?

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