sábado, janeiro 16, 2016

TRAGÉDIA EM CARTUNS

Mais uma vez o Charlie Hebdo, um semanário publicado na França, volta a movimentar a opinião pública mundial, desta vez causando revolta e críticas ferrenhas. De maneira incompreensível e absurda, pretendeu satirizar a leva de imigração causada principalmente pelos conflitos na Siria.
O que chocou o mundo não foi um simples posicionamento contra a imigração, mas o enorme preconceito e a ausência do senso ético e moral, ao usar como exemplo o pequeno Aylan ou Alan, o garotinho que morreu afogado quando a familia tentava chegar à Turquia, fugindo da Siria.
A charge, publicada exatamente um ano depois do atentado sofrido pelo semanário, em janeiro de 2015, evidencia a questão migratória, relacionando o pequenino Alan à questão: se a criança não tivesse se afogado e crescesse na França, seria um agressor de mulheres?
Nesse momento, é preciso perguntar qual é realmente o papel desse semanário, que pretende ser crítico, mas que na verdade está desempenhando um papel que representa a mentalidade de extremistas de direita, que tem sua atuação ampliada na Europa nas últimas décadas.
No entanto esse Charlie Hebdo pretende ser o oposto. Pelo menos era essa a intenção aparente, ao ser fundado em 1970, como arauto da preocupação social.
Charlie Hebdo parece atirar para todos os lados, embora sua maior carga crítica e evidentemente abusiva, seja mirada no mundo árabe. Em 2011 a redação já havia sofrido um atentado, quando uma bomba explodiu, felizmente sem deixar vítimas. Uma situação precursora do grave atentado de 2015.
Ofender a muçulmanos, desacatando Maomé, parece não ter impressionado o mundo como a evidente crueldade com que os imigrantes são tratados nesse semanário, usando a tragédia do garoto afogado, que tornou-se um símbolo da perda de vidas, em mais uma guerra sem sentido, para repudiar a abertura migratória.
Essa charge absurda foi publicada em sequência aos ataques feitos à mulheres em Colônia, na Alemanha, no Ano Novo. onde há suspeita de que foram ataques planejados, com objetivo ainda não esclarecido, mas que podem estar ligados à uma espécie de resposta à abertura da Alemanha aos imigrantes sírios.
Temos portanto uma situação de rejeição à imigração, onde recursos violentos e ofensas parecem ser a pauta do dia.
Açôes humanitárias de paises europeus, que a exemplo de muitos outros paises abriram suas portas para as familias sírias que tentam sobreviver à tragédia da violência em seu país, estão em atrito com a mentalidade de extrema direita, que relembra os tempos de crescimento das ditaduras e do nazismo, onde o argumento era o de fortalecer a economia com a restrição de estrangeiros.
E o maior problema é que situações de crise podem levar ao engano, supondo-se que a imigração pode causar o impacto da disputa por vagas de emprego. Um pensamento bastante rudimentar, uma vez que a imigração sempre foi, em todos os paises, uma fonte de novos recursos e iniciativas que favoreceram o crescimento econômico.

Leia também materia publicada na ocasião do atentado ao Charlie Hebdo

http://leiamirna.blogspot.com.br/2015/01/humor-ou-tragedia-em-cartuns.html



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