segunda-feira, março 22, 2010

BULLYING "DAS PRIMAS"

Um novo tipo de gangue parece ameaçar a sociedade hoje: a "gangue das primas". Essa forma inusitada de ação marginal tem como cenário uma escola do ensino fundamental de uma cidade do interior paulista e é composta por meninas que se unem para agredir covardemente uma aluna que esteja desacompanhada, em geral na saída das aulas.

Gangue das primas...a vulgaridade no nome combina com o resultado: agressões cada vez mais sérias, a última delas levando a vítima ao hospital. De acordo com uma das meninas agredidas, a "gangue" forma um círculo em torno da vítima, à semelhança das ações dos grupos nazistas e neo-nazistas.

Os motivos? Indefinidos. Inveja, disputa por atenção ou simplesmente a sensação de poder sobre a vítima, a exemplo do bullying que também multiplicou-se nas escolas nos últimos anos.

Estamos lidando com uma geração doente? Que motivos levariam crianças e jovens a formar um grupo com intenção de atacar alguém indefeso?



A direção da escola "lavou as mãos": dentro do estabelecimento, dizem, não há ação de gangues! Pode ser verdade, já que as agressões costumam acontecer na saída da escola. O que, em hipótese alguma, significa que a responsabilidade não seja da direção, dos educadores em geral e de toda a sociedade!

Isso acontece simultaneamente com o julgamento do casal Nardoni, pai e madrasta que teriam assassinado a garotinha Isabella Nardoni, de cinco anos. Simultaneamente também com uma enxurrada de registros de outros assassinatos e maus tratos de crianças pelos próprios pais.

A mentalidade da "gangue das primas" é a mesma aque envolve os casos de desprezo pelo bem-estar e pela vida das crianças dentro da própria família: a sociedade está sem freios de valores e desacreditada na Justiça, seja ela de nosso sistema judiciário, seja divina!

A família deixa de ser um grupo inter-responsável e passa a ser descartável, servindo apenas aos interesses imediatos!

Quando os filhos viram um "estorvo", são eliminados de alguma maneira. Pais separados e suas famílias, como os avós, recusam-se a assumir a responsabilidade pela prole, que é descartada, como se os seus direitos pudessem ser eliminados dessa forma.

Parece ter sido esse o caso dos Nardoni e da pequena Isabella, que gravitava entre duas casas, a da mãe e a do pai e da madrasta. Ela certamente amava o pai e os meio-irmãos e queria integrar-se à eles. Teria sido o caso Isabella um resultado da mentalidade da "gangue das primas"?

Ou seja, teria sido Isabella "um estorvo"? Infelizmente, talvez a rejeição neste caso seguisse rumos inesperados e absurdos. Mas a origem da ação, certamente, pode ter sido a mesma da eliminação de filhos que são sumariamente afastados do convívio familiar da família do pai que se divorciou da mãe ou com quem teve filhos mesmo sem convivência marital.

Para evitar essa nova mentalidade de "descarte humano" e restabelecer o respeito à vida, é preciso que tanto a Justiça como toda a sociedade rejeite veementemente qualquer ação irresponsável ou violenta e puna rigidamente a agressão e o abandono da criança, em qualquer circunstância, grave ou atenuada.

Os casos devem ser denunciados e exaustivamente expostos, rompendo de vez a "discrição familiar" que serve apenas, nos casos de abandono, abuso ou violência, para esconder o mundo marginal de pessoas que se fazem passar por cidadãos exemplares...

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