O depoimento da ex-secretaria da Receita Federal, Lina Vieira, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado sobre possível encontro com a ministra Dilma Rousseff, foi desastroso para a oposição, marcadamente os senadores do PSDB e DEM, que perderam o controle e cometeram "gafes" políticas e legais, atropelando o regimento interno da Casa, entre outras irregularidades.
É incompreensível que senadores se prestem a um papel como o que foi acompanhado na transmissão integral pela TV Senado. Durante todo o tempo em que o embate durou, apenas uma verdade foi incontestável: o possível encontro de Lina com a ministra Dilma, se de fato ocorreu, não foi o palco de qualquer pedido ilegal à Receita Federal.
Conforme a própria Lina Vieira declarou e ratificou diversas vezes, Dilma teria pedido agilização no processo, em comum acordo com Justiça Federal, que requereu a mesma agilização no processo que se arrastava há anos, sem explicação plausível para a demora.
Lamentável o papel dos senadores do PSDB e DEM. Com as mãos trêmulas, gaguejando a maior parte do tempo, os senadores da oposição que tanto haviam insistido para que o depoimento de Lina Vieira acontecesse na Comissão de Constituição e Justiça, mesmo contrariando o Regimento Interno e por determinação irregular do presidente da Mesa, Demóstenes Torres (DEM-GO), eles utilizaram argumentos completamente irrisórios, na tentativa de criar um clima que justificasse o grande circo armado.
No final das contas ficou claro que o jornal Folha de São Paulo incentivou ou recebeu informações errôneas da parte de Lina Vieira, ou a ex-secretária prevaricou ao não informar aos superiores suas dúvidas em relação a agilização do processo na data correta do encontro...que no final das contas ninguém sabe quando aconteceu, nem a própria acusadora.
FALAM NOSSOS CONGRESSISTAS
Alguns deputados do PSDB e do DEM deram verdadeiras lições de como conturbar um depoimento, distorcendo a realidade. E sem argumentos confundiram-se e contrariaram as próprias afirmações, em um exercício verbal prolixo, mas redundante e desconexo.
Alvaro Dias (PSDB), no entanto, merece um destaque. Foi dele a afirmação de que o Regimento Interno não deveria ser levado em conta sempre:
"SE A LEI FOSSE RESPEITADA AO PÉ DA LETRA
A MINORIA DOS DEPUTADOS SEMPRE TERIA
SUAS DECISÕES ANULADAS DURANTE A VOTAÇÃO"...
(SENADOR ALVARO DIAS)
Essa frase foi dita em alto e bom som, durante a discussão que antecedeu o depoimento de Lina Vieira.
Mais infeliz do que esta foi a fúria de outros representantes da oposição, que terminaram com afirmações deste naipe:
"SÃO AS FARCS DA DILMA"...(referência
da oposição aos senadores que reclamavam
do desrespeito ao Regimento Interno)
"EU SOU A TROPA DE CHOQUE CONTRA
AQUELES COM COMPLEXO DE DERROTADOS
E DERROTISTAS"...(da oposição, em
respostas ao bate-boca que afirmava
estar o PSDB e DEM tentando um "golpe"
para tomar o poder a todo custo)
E por aí vai. Os absurdos pronunciados nas horas que antecederam e mostraram o depoimento foram infindáveis e mereceriam ser registrados para consulta popular como mostra da nossa competência política!
Na verdade o depoimento de Lina Vieira deveria durar uns dez minutos, justamente o tempo que ela afirmou ter ficado com Dilma Rousseff para ouvir uma frase simples: "Agilize o processo"...
Isso porque em dez minutos ficou claro que Lina Vieira tem a memória curta. Não lembrava o dia, nem o mês, desse encontro; não tinha registro em sua agenda eletrônica, nem em qualquer outra, nem conhecia ninguém que pudesse ratificar seu encontro ou lembrar detalhes...a não ser que Dilma usava um xale!
Um encontro que ela mesma afirmou ter considerado normal até a data em que foi exonerada de seu cargo, quando - diz ela - foi procurada pela Folha de São Paulo.
pergunta a Lina Vieira - Como foi o contato com a Folha de São Paulo?
resposta - Não sei, eles me procuraram dizendo que estavam investigando o pedido de agilização da ministra.
pergunta - Mas a senhora não disse que apenas duas pessoas sabiam a respeito, a senhora mesma e Dilma Rousseff?
resposta - É, não havia mais ninguém, só nos duas...
pergunta - Mas se Dilma nega o encontro e apenas a senhora diz que ele aconteceu, como é que a Folha de São Paulo ficou sabendo?
resposta - Ah, isso eu não sei, tem de perguntar para a Folha....
Mistérios! Nossa vida é cercada de mistérios que a oposição quer transformar em prato eleitoral. As estratégias ofendem a inteligência popular.
Como os senadores estavam inscritos para grandes celeumas, a pobreza do assunto decepcionou bastante. Ainda assim, quem desprezaria a oportunidade de divagar sobre o assunto, aproveitando um possível arremesso midiático?
Por isso surgiram perguntas escandalosamente puerís:
Pergunta - Quando a ministra falou a você para agilizar o processo, foi em um tom ameno, normal ou impositivo?
Resposta - Era normal
(Deus me perdoe, é de doer...)
Pergunta - Ela chegou a agradecer a sua presença, alguma coisa nesse sentido...
Resposta- não...não lembro... (a memória falha muito)
Pergunta - Mas como foi, a senhora chegou, sentou, levantou? ( a pergunta aqui está resumida para poupar os leitores)
Resposta - Foi uma conversa muito cirúrgica, eu disse vou verificar, fui embora, nunca dei retorno. É bom lembrar que nunca fui cobrada...
Tudo bem! Pelo menos depois da descrição do encontro "cirúrgico" alguns deputados da oposição ficaram calados, imersos em pensamentos, talvez imaginando que tipo de sutura poderia ser feita no rasgo da dignidade da oposição depois de tanto "oba-oba" em cima de um encontro que não tem sequer uma data para ter acontecido!
Mas a frase mais engraçada fica por conta de Lina Vieira mesmo, ao responder à pergunta sobre a naturalidade do possível encontro, onde nada aconteceu:
-Sim nada aconteceu de errado, por isso eu nunca consegui entender o porque da negativa da reunião...
Se não houver freio nos desvarios pré-eleitorais, que será de nossa dignidade politica?
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