segunda-feira, janeiro 25, 2016

FÚRIA SOLAR

Certo, já ouvimos antes esse terror: e se a comunicação pela internet de repente pifar? Bem, se a rede cair, vai ser um problema, mas parece algo menos apocaliptico do que outra previsão mais ampla, que seria o aumento da atividade solar a ponto de interferir nos sistemas de comunicação e na distribuição de energia elétrica. Em 1989, uma tempestade solar causou problemas sérios na rede elétrica, no Canadá!
No ano passado a atividade solar aumentou em alguns períodos, afetando transmissões da TV a Cabo. A interferência solar pode acontecer com o sistema de TV, rádio, celular e ir adiante, embora falhas em radares e aparelhos usados por aviões estejam mais protegidos contra essa ação.
Imagine uma tormenta magnética, quanto estrago! Voltaríamos à idade da Pedra, ou quase isso, sem condições de comunicação, sem telefone, sem qualquer fonte de energia. Quanto tempo o sistema mundial poderia aguentar sem o funcionamento de máquinas, de transporte, de comunicação? (Mirna Monteiro)


quinta-feira, janeiro 21, 2016

A SAÚDE, OS MÉDICOS E O SISTEMA


Uma modalidade dos dedos de silicone, que permitem
gravar as digitais  dos médicos e outros funcionários que
fraudam a presença no trabalho
A cena impressionou todos que estavam presentes na sala de espera: o filho de um senhor, que passava mal enquanto aguardava por mais de 30 minutos o atendimento, levantou-se nervoso, abriu a porta do consultório pedindo atenção e quando recebeu a resposta de deveria "esperar ou ir embora", ele simplesmente deu um murro no médico.
Na confusão que se seguiu, o que mais se  ouvia, entre os que aguardavam, eram palavras de apoio ao agressor. "Tem médico que abusa mesmo".
Por que os médicos andam em risco, cada vez maior, de levar sopapos?
Mais graver ainda: o que leva um profissional da saúde, treinado para atender pessoas em situação de fragilidade fisica ou mental, a atitudes grosseiras e intimidadoras com pacientes?
A figura amiga, afável e preocupada do médico de família do século passado, não existe mais, reclamam as pessoas. Boa parte de profissionais credenciadas para o atendimento médico, estariam agindo como se não tivessem o domínio necessário para essa função, que, em resumo,exige confiança do paciente para ser bem sucedida.
As reclamações contra o novo "estilo de atendimento" de boa parte dos médicos não se resumem ao atendimento público ou a especialidades. Acontecem em hospitais e clinicas particulares, em clinicas de exames e laboratórios e envolvem também pessoal de suporte, como auxiliares de enfermagem e atendentes.
Em tempos de crise, parece que os profissionais da área da saúde não vão nada bem. A mercantilização da medicina, a partir do comercio das universidades, é fator de peso nessa decadência da qualidade no atendimento.
Entre as denúncias e reclamações, que nem sempre são formalizadas, estão a irritação dos profissionais no atendimento, o desleixo com diagnóstico e preparo para traduzir ao paciente o que pode estar acontecendo com seu organismo, a pressa no contato com o paciente, total ausência de empatia e até mesmo irritação e desprezo nesse contato.
Ao mesmo tempo, essa nova caracteristica de atendimento acaba tornando a procura muito maior, lotando ainda mais as salas de atendimento: os pacientes negligenciados ou dispensados sem diagnóstico ou tratamento adequados, acabam retornando, geralmente com piora dio quadro clinico.
Nos velhos tempos, culpava-se o sistema. Hoje a acusação de péssimo atendimento é contra o pessoal que trabalha, sem qualidade profissional.
No YouTube, cenas gravadas por pacientes e acompanhantes mostram cenas inacreditáveis, onde até ações criminosas, como desleixo e negligência, erro de medicação e até espancamento de pacientes, ficam comprovados.
Nos vídeos situaçoes bizarras, inacreditáveis, são exibidas: um médico espanca um paciente na UTI, que acaba falecendo. Em outro uma médica berra pelos corredores, ameaçando pacientes que reclamam da demora. Outra gravação mostra os pais desesperados, pedindo que uma pediatra atenda uma criança. A profissional recusa-se, irritada, aos berros.
Um dos vídeos mais bizarros mostra pessoas tentando desesperadamente transportar uma senhora que  parece desmaiada, após longa espera, no próprio  banco coletivo onde se encontra, tentando encaixa-lo dentro do consultório, onde o médico sequer levanta da cadeira.
É, as cenas são aterrorizantes.
As pessoas filmam as salas cada vez mais lotada, com pacientes em estado crítico aguardando há muito tempo, enquanto 4 médicos dormem na salinha de descanso.
Dormir, aliás, é um dos problemas, principalmente no atendimento público. Por que? A justificativa, não oficial, é claro, é a de que os médicos trabalham em jornadas seguidas. Por isso dormem em serviço!
Profissionais cansados, esgotados, constituem-se em risco para o cidadão que precisa de atendimento medico adequado. Os motivos não importam: esta profissão exige responsabilidade e ética, uma vez que lida com vidas humanas. Um erro pode ser fatal!
Mas a ética e a responsabilidade parecem coisa do passado também: dedos de silicone, com as digitais dos profissionais que deveriam estar presentes, são um artifício mais comum dos que a sociedade gostaria de admitir.
O problema dos "médicos fantasmas", aqueles que teoricamente estão trabalhando, mas na prática não estão fazendo atendimento, é um dos maiores desafios do Sistema Único de Saúde, o Sus, variando de gravidade conforme o Estado. Em São Paulo, as denúncias são muitas.
"O Sus é ruim porque os medicos desafiam a lei da física. Apesar de terem um único corpo, muitos médicos  ficam em dois, três ou quatro lugares ao mesmo tempo. Eles ganham do Sus, mas trabalham em clinicas e hospitais particulares" , ironiza o "Carta Campinas".
"A saúde no Brasil, em geral, é alvo de muitas queixas. Até mesmo para reclamar do atendimento, muitas vezes é difícil" , diz matéria publica por "O Globo", para justificar a tendência do "atendimento express", empresas que oferecem raio X ou check-up completo a baixo custo, em espaços montados em shoppings.
A categoria médica está perdendo a confiança da população e esse fato é um duro golpe para a medicina brasileira, que mostra grande evolução em pesquisas e procedimentos. Parte da responsabilidade, ou a maior responsabilidade, pertence ao próprio Conselho Federal  de Medicina e à leis maleáveis e pouco realístas, mantidas por nossos legisladores.
Enquanto isso, a alternativa encontrada pelo cidadão é a voz de prisão aos profissionais de medicina que rejeitam a ética e a responsabilidade. Profissionais que fecham as portas do atendimento de emergência à ambulâncias, ao Samu ou a unidade dos bombeiros, mandando "procurar outro hospital", que dormem em serviço apesar da fila de pacientes ou que simplesmente fazem "passo de tartaruga" no atendimento, recusam consultas ou que não mostram capacidade para diagnosticar e orientar pacientes.
Aliás, não é mais incomum a prisão de médicos que recusaram atendimento. Entre os casos está a de uma parturiente, recusada por uma médica e que acabou tendo um parto difícil na unidade móvel que a transportava, com a perda da vida do bebê, e outro caso, no Distrito Federal, onde o paciente que havia caido de um viaduto também morreu, depois de ter atendimento negado pelo médico.

sábado, janeiro 16, 2016

TRAGÉDIA EM CARTUNS

Mais uma vez o Charlie Hebdo, um semanário publicado na França, volta a movimentar a opinião pública mundial, desta vez causando revolta e críticas ferrenhas. De maneira incompreensível e absurda, pretendeu satirizar a leva de imigração causada principalmente pelos conflitos na Siria.
O que chocou o mundo não foi um simples posicionamento contra a imigração, mas o enorme preconceito e a ausência do senso ético e moral, ao usar como exemplo o pequeno Aylan ou Alan, o garotinho que morreu afogado quando a familia tentava chegar à Turquia, fugindo da Siria.
A charge, publicada exatamente um ano depois do atentado sofrido pelo semanário, em janeiro de 2015, evidencia a questão migratória, relacionando o pequenino Alan à questão: se a criança não tivesse se afogado e crescesse na França, seria um agressor de mulheres?
Nesse momento, é preciso perguntar qual é realmente o papel desse semanário, que pretende ser crítico, mas que na verdade está desempenhando um papel que representa a mentalidade de extremistas de direita, que tem sua atuação ampliada na Europa nas últimas décadas.
No entanto esse Charlie Hebdo pretende ser o oposto. Pelo menos era essa a intenção aparente, ao ser fundado em 1970, como arauto da preocupação social.
Charlie Hebdo parece atirar para todos os lados, embora sua maior carga crítica e evidentemente abusiva, seja mirada no mundo árabe. Em 2011 a redação já havia sofrido um atentado, quando uma bomba explodiu, felizmente sem deixar vítimas. Uma situação precursora do grave atentado de 2015.
Ofender a muçulmanos, desacatando Maomé, parece não ter impressionado o mundo como a evidente crueldade com que os imigrantes são tratados nesse semanário, usando a tragédia do garoto afogado, que tornou-se um símbolo da perda de vidas, em mais uma guerra sem sentido, para repudiar a abertura migratória.
Essa charge absurda foi publicada em sequência aos ataques feitos à mulheres em Colônia, na Alemanha, no Ano Novo. onde há suspeita de que foram ataques planejados, com objetivo ainda não esclarecido, mas que podem estar ligados à uma espécie de resposta à abertura da Alemanha aos imigrantes sírios.
Temos portanto uma situação de rejeição à imigração, onde recursos violentos e ofensas parecem ser a pauta do dia.
Açôes humanitárias de paises europeus, que a exemplo de muitos outros paises abriram suas portas para as familias sírias que tentam sobreviver à tragédia da violência em seu país, estão em atrito com a mentalidade de extrema direita, que relembra os tempos de crescimento das ditaduras e do nazismo, onde o argumento era o de fortalecer a economia com a restrição de estrangeiros.
E o maior problema é que situações de crise podem levar ao engano, supondo-se que a imigração pode causar o impacto da disputa por vagas de emprego. Um pensamento bastante rudimentar, uma vez que a imigração sempre foi, em todos os paises, uma fonte de novos recursos e iniciativas que favoreceram o crescimento econômico.

Leia também materia publicada na ocasião do atentado ao Charlie Hebdo

http://leiamirna.blogspot.com.br/2015/01/humor-ou-tragedia-em-cartuns.html



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