No Guarujá, uma mulher é confundida com um "retrato falado" de uma possível sequestradora de crianças para rituais de magia negra, publicado na internet. Cercada por um grupo de pessoas, foi amarrada e espancada. Morreu em seguida.
Era inocente.
Essa cena de horror lembra o estímulo de parte da imprensa, principalmente de uma âncora de uma emissora de TV, para que o cidadão fizesse justiça com as próprias mãos, diante da crescente marginalidade. Ou seja, para combater a violência, violência em altas doses e altos riscos.
Ainda que haja a tentativa de transferir a responsabilidade do ocorrido para as redes sociais, o erro neste caso é mesmo de quem incentivou o linchamento na TV. Ao criticar a falta de policiamento e defender espancamento e pessoas amarradas em postes, a pessoa que falava em nome da "defesa do cidadão", acabou por cometer um crime, o de liberar a agressividade que já está latente no meio social, tentando justifica-la e conduzi-la.
É claro que a repercussão dos discursos inflamados pró-violência provocou duras críticas e processos. Mas infelizmente o mal estava feito. A violência não precisa de muito incentivo para se propagar e tornar dificil a distinção entre quem é cidadão e quem é marginal.
As pessoas que sorriam enquanto a vítima do linchamento, uma moça de 33 anos que tinha dois filhos, morria, são o que? São marginais? Ora, a partir do momento que um grupo agride uma pessoa indefesa e inocente, esse grupo é marginal. Não há pureza de intenções em vários braços e pernas socando e chutando uma mulher.
E agora? Vamos assistir cenas de marginais ocasionais - ou cidadãos violentos - matando possíveis culpados de algum crime? Justiceiros nem sempre buscam a justiça ou podem assumir o seu papel.
Isso traz à tona uma discussão que sempre é afundada pela grande mídia: a responsabilidade da imprensa, que está assumindo um papel confuso, totalmente fora de seu objetivo.
Acusada de publicar manchetes sem comprovação ou provas que justifiquem a acusação, seja o tema politico, como difamações para minar a confiança do eleitor, ou sensacionalismo em busca de audiência, usando meros depoimentos sem acessar as fontes críveis, parte da imprensa atual ganha contornos de mero propagandismo.
Como fica a responsabilidade da imprensa, seja em uma revista ou jornal político, seja na televisão e rádios? Como é possível aceitar passivamente tamanho atentado à verdade dos fatos ou essa tendência de debochar e colocar a lei como um apêndice desnecessário ou flutuante nos ventos de campanhas eleitorais?
É um momento para exigir que as leis de responsabilidade na imprensa sejam rigorosamente cumpridas.
MIRNABLOG analisa os acontecimentos e discute as dúvidas com imparcialidade, respeitando a sua inteligência
Mas não existe já leis que punem a ma fe nas publicações? Quem regula isso???
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