Para entender essa controvérsia entre o que seria justiça, é preciso avaliar todo o conjunto da problemática brasileira, envolvida em corrupção acentuada a partir da ditadura militar. Nos anos que se seguiram à abertura política, entre o repasse de poder aos militares, as eleições indiretas e por fim a abertura democrática com o retorno do voto popular.
A democracia do voto, porém, não conseguiu eliminar a corrupção enfronhada no sistema. Tampouco conseguiu evitar os vícios do poder, onde lobbies no Congresso mantinham as necessidades nacionais atreladas a interesses de grupos econômicos ou interesses corporativos.
Além disso, as ações da corrupção ampliaram-se na forma de superfaturamento de obras e serviços, desviando bilhões dos cofres publicos ao longo das décadas de 80 e 90.
As denúncias de corrupção eram engavetadas e esquecidas.
A relação com a corrupção, um vespeiro que governante algum teve coragem de enfrentar, tornou-se exageradamente "uma fatalidade" a ser tolerada pela população brasileira, que recebeu a ironia que merecia, na mentalidade do "rouba, mas faz" , em alusão ao superfaturamento das grandes obras.
Ao assumir a presidência da República, em janeiro de 2003, Lula tornou-se uma pedra no sapato da politica brasileira, quando começou a tomar medidas de combate a corrupção.
Mexeu no tal "vespeiro".
A primeira reação à esta busca de combate a corrupção, com o governo Lula fortalecendo a autonomia da Polícia Federal, foi uma reação da oposição com a criação do chamado "mensalâo do PT", A intenção era bastante óbvia: pretendia atribuir ao partido do presidente da República, que aparelhava o combate à corrupção, a condição de "corrupto", com a manipulação do próprio sistema de propinas, que já existia há décadas.
A estratégia consistiu em "sacrificar" corruptos reais, como Roberto Jefferson, na época do PTB, que assumiu a denúncia, afirmando indiretamente que começava a "era da corrupção", justamente no primeiro governo disposto a combate-la.
A estratégia, bastante óbvia para o brasileiro, não funcionou. Lula seria reeleito no pleito seguinte, continuando a fortalecer as investigações. E reelegeu em seguida Dilma Rousseff, que também foi vitoriosa nas eleições de 2014, continuando a politica de combate à corrupção.
Mas Dilma Rousseff foi surpreendida por outra estratégia política: um impeachment, que foi baseado em "conjunto da obra", por um Congresso onde a maioria dos parlamentares tem denúncias sérias de corrupção, originadas há décadas.
O embate (assim está sendo chamado até pela própria imprensa) entre Lula e Moro é acusado pela população de ser parte da estratégia politica e não de real combate à corrupção. Não há provas de qualquer corrupção contra o ex-presidente. Moro baseou suas acusações em delações premiadas, que foram contraditórias.
Também há grande contradição nas acusações da equipe da Lava Jato do Paraná e do procurador Deltan Dallagnol, que foi publicamente criticado pelo ministro do Supremo Teori Zavascki, morto em um acidente alguns meses depois.
Teori foi claro, ao alertar a ação de Dallagnol e sua equipe, considerando-a voltada para a "espetacularização", na busca da grande midia para relatos sem provas, baseadas em "achismos". As acusações são feitas em suposições e sem a seriedade exigida em denúncia tão grave.
Moro recebe apoio amplo da grande mídia, como as organizações Globo, que é uma das empresas denunciadas por grande sonegação de impostos.
EMBATE POLITICO
Aparentemente, o que deveria ser um depoimento comum, se baseado unicamente em razões legais, transformou-se em um grande embate politico.
Moro recusou a transmissão ao vivo do depoimento, mesmo em meio à denúncias de que o depoimento de Lula seria editado, para ser divulgado pela mídia, também acusada de comprometimento,, como a Globo.
Moro também antecipou um "ambiente de conturbação", acusando populares de ter a "intenção de depredar" as imediações. Assim proibiu qualquer cidadão de permanecer nas proximidades.
Ao agir assim, o juiz Sergio Moro reforçou a denúncia de parcialidade da Lava Jato de Curitiba, colocando em evidência a possibilidade do julgamento ser exclusivamente politico e reforçando a denúncia de "perseguição a Lula", conforme a opinião das redes.
TÁTICA PARA DESVIAR A ATENÇAO
Outra acusaçâo da população nas redes é o fato do depoimento de LuLa a Sergio Moro ser estrategicamente marcado em data compatível com a tramitação final de um dos projetos mais polêmicos do atual governo, assumido pelo vice do governo Dilma Rousseff, Michel Temer; a votação da reforma na Previdência, completamente repudiada pela população.
Marcar o depoimento de Lula na mesma data esvaziaria manifestações contra a reforma pretendida por Temer. E vice- versa!
A ideia seria "diluir" os protestos, mostrando que a inconformação popular é real e incômoda para o governo, assim como é para a lava jato de Moro.
leia também https://theintercept.com/2017/05/09/a-degradacao-do-estado-de-direito-por-tras-do-embate-moro-x-lula/
Esta ficando claro que ha uma jogada por tras de tudo. Canalhas!!
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