segunda-feira, maio 29, 2017

A CORRUPÇÃO É VELHA, MAS A MENTALIDADE É NOVA


Não se fala em outra coisa em todos os cantos do país: corrupção! Uma realidade que traz revolta e confusão para a maioria.
Os próprios juristas conflitam opiniões a respeito da corrupção, na avaliação do peso da responsabilidade de quem corrompe, de quem é corrompido, ou daqueles que se aproveitam indiretamente da corrupção, omitindo-se à denúncia.
Genericamente, o cidadão resolve fácil essa questão, quando o assunto é corrupção política: "tira esse bando de safados do poder", ou "Sinto dor de barriga quando vejo o quanto um puto desses (sic) custa aos cofres públicos" .
Há ainda aqueles que escrevem nas redes sociais o desabafo de decepções da vida. "São esses caras que acabam com o trabalhador" ou anunciam um futuro sem corruptos: "Vamos acabar com  festa desses caras!"
Em tantas manifestações indignadas ou revoltadas, há um fato incontestável: as pessoas estão direcionando todas as decepções com o sistema, para a corrupção, porque no meio politico e administrativo de um país, esse tipo de crime rebate duras consequências para a sociedade.
Por esse motivo, o desabafo atinge todos os setores  que comandam a vida do cidadão. Todos são corruptos na politica, nos governos municipais, estaduais, na esfera federal, no Congresso Nacional, no sistema Judiciário, nas redes de televisão e grandes jornais e revistas que vendem a distorção da realidade por muito mais do que 40 moedas!
A situação é tão grave que até mesmo operações criadas para combater a corrupção estão sendo acusadas de distorção e de ações corruptas, ao proteger politicamente os mais influentes e os interesses de corporações.
Mas por que isso está acontecendo hoje?
A pergunta se refere à reação popular. Porque a corrupção sempre aconteceu!
Nos velhos tempos, no início da República brasileira, começo do século XX, o país viveu o coronelismo, que no final das contas dominava a politica e a economia de acordo com os seus interesses.
Isso nunca foi segredo. Tanto é que a população falava a rodo no tal "voto de cabresto" que permitia aos grandes latifundiários dominar a politica a partir da área rural, onde a população estava concentrada.
Havia fraudes, barganha, violência e compra de votos.
O problema é que isso continuou décadas e décadas adiante, até os dias de hoje.
Veio a política do "Café com Leite", onde São Paulo e Minas Gerais eram soberanos na eleição de todos os presidente da República, até 1930.
Depois disso houve uma mudança...mas nem tanto.
Com o golpe de 1964 e a ditadura aberta (antes era fechada...), o sistema manteve alta a corrupção, que foi exercida sem freios.
A população sabia que isso acontecia. Mas as denúncias de corrupção eram encaradas com a benevolência da mídia, sustentada por esse esquema.
O "rouba, mas faz ", tornou-se popular, diante das denúncias de superfaturamento de obras generalizado, em municípios, estados e na esfera federal, mas ganhou uma "face", a do governador Paulo Salim Maluf.
A ironia e o sarcasmo dos "eleitos" na época tinha base da certeza da impunidade.
Quem iria mexer no vespeiro da corrupção politica?
Quem iria conseguir apoio e força para aparelhar investigações sérias, quando governos seguidos enfraqueceram a Polícia Federal e fortaleceram as relações comprometidas de um Congresso que perdeu  a principal função de representação de interesse popular, para curvar-se a interêsses privados, através de lobbies poderosos?
O que estamos enfrentando hoje não é maior corrupção política. Muito pelo contrário, é um início de combate à corrupção descarada e enraizada.
Pela primeira vez na história do Brasil, a corrupção está sendo discutida, ao invés de ficar em algum espaço perdido na consciência popular
I

Independente de qualquer ação que o sistema corrompido faça, no sentido de reduzir a caça aos corrompidos ou corruptores, criando inclusive falsas denúncias para encobrir a verdadeira corrupção ou ridicularizando a ação da Policia Federal, uma nova mentalidade popular começou a vencer a antiga inércia sobre crimes políticos.

Estamos evoluindo, afinal!


Veja também: http://leiamirna.blogspot.com.br/2011/03/cerebros-corruptos.html



quarta-feira, maio 10, 2017

APOIO A LULA TERIA BASE NA PARCIALIDADE DE MORO

As redes sociais fervilham, acusando Sergio Moro de ser parcial por razões
políticas, o que explicaria a ausência de provas concretas nas acusações ao
ex-presidente Lula, que foi o único presidente da República que aparelhou
a Policia Federal para combater a corrupção. O ministro Teori Zavascki, do
Supremo Tribunal Federal, morto em 19 de janeiro último, criticou
duramente a maneira de Moro conduzir a investigação contra Lula.
Há duas realidades que se evidenciam no embate do juiz Sergio Moro, de Curitiba, e o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, Lula. A primeira delas é a incansável perseguição da Lava Jato curitibana em busca de provas que o tornem réu; a outra, em oposto, é o surpreendente apoio popular ao ex-presidente, que teria como base principal a inconformação com o que está sendo chamado de "perseguição política".
Para entender essa controvérsia entre o que seria justiça, é preciso avaliar todo o conjunto da problemática brasileira, envolvida em corrupção acentuada a partir da ditadura militar. Nos anos que se seguiram à abertura política, entre o repasse de poder aos militares, as eleições indiretas e por fim a abertura democrática com o retorno do voto popular. 
A democracia do voto, porém, não conseguiu eliminar a corrupção enfronhada no sistema. Tampouco conseguiu evitar os vícios do poder, onde lobbies no Congresso mantinham as necessidades nacionais atreladas a interesses de grupos econômicos ou interesses corporativos.
Além disso, as ações da corrupção ampliaram-se na forma de superfaturamento de obras e serviços, desviando bilhões dos cofres publicos ao longo das décadas de 80 e 90.
As denúncias de corrupção eram engavetadas e esquecidas. 
A relação com a corrupção, um vespeiro que governante algum teve coragem de enfrentar, tornou-se exageradamente "uma fatalidade" a ser tolerada pela população brasileira, que recebeu a ironia que merecia, na mentalidade do "rouba, mas faz" , em alusão ao superfaturamento das grandes obras.
Ao assumir a presidência da República, em janeiro de 2003, Lula tornou-se uma pedra no sapato da politica brasileira, quando começou a tomar medidas de combate a corrupção.
Mexeu no tal "vespeiro".
A primeira reação à esta busca de combate a corrupção, com o governo Lula fortalecendo a autonomia da Polícia Federal, foi uma reação da oposição  com a criação do chamado "mensalâo do PT", A intenção era bastante óbvia:  pretendia atribuir ao partido do presidente da República, que aparelhava o combate à corrupção, a condição de "corrupto", com a manipulação do próprio sistema de propinas, que já existia há décadas.
A estratégia consistiu em "sacrificar"  corruptos reais, como Roberto Jefferson, na época do PTB, que assumiu a denúncia, afirmando indiretamente que começava a "era da corrupção", justamente no primeiro governo disposto a combate-la.
A estratégia, bastante óbvia para o brasileiro, não funcionou. Lula seria reeleito no pleito seguinte, continuando a fortalecer as investigações. E reelegeu em seguida Dilma Rousseff, que também foi vitoriosa nas eleições de 2014, continuando a politica de combate à corrupção.
Mas Dilma Rousseff foi surpreendida por outra estratégia política: um impeachment, que foi baseado em "conjunto da obra", por um Congresso onde a maioria dos parlamentares tem denúncias sérias de corrupção, originadas há décadas.
O embate (assim está sendo chamado até pela própria imprensa) entre Lula e Moro é acusado pela população de ser parte da estratégia politica e não de real combate à corrupção. Não há provas de qualquer corrupção contra o ex-presidente. Moro baseou suas acusações em delações premiadas, que foram contraditórias. 
Também há grande contradição nas acusações da equipe da Lava Jato do Paraná e do procurador  Deltan Dallagnol, que foi publicamente criticado pelo ministro do Supremo Teori Zavascki, morto em um acidente alguns meses depois. 
Teori foi claro, ao alertar a ação de Dallagnol e sua equipe, considerando-a voltada para a "espetacularização", na busca da grande midia para relatos sem provas, baseadas em "achismos". As acusações são feitas em suposições e sem a seriedade exigida em denúncia tão grave.
Moro recebe apoio amplo da grande mídia, como as organizações Globo, que é uma das empresas denunciadas por grande sonegação de impostos.

                                                        EMBATE POLITICO

Aparentemente, o que deveria ser um depoimento comum, se baseado unicamente em razões legais, transformou-se em um grande embate politico. 
Moro recusou a transmissão ao vivo do depoimento, mesmo em meio à denúncias de que o depoimento de Lula seria editado, para ser divulgado pela mídia, também acusada de comprometimento,, como a Globo. 
Moro também antecipou um "ambiente de conturbação", acusando populares de ter a "intenção de depredar" as imediações. Assim proibiu qualquer cidadão de permanecer nas proximidades.
Ao agir assim, o juiz Sergio Moro reforçou a denúncia de parcialidade da Lava Jato de Curitiba, colocando em evidência a possibilidade do julgamento ser exclusivamente politico e reforçando a denúncia de "perseguição a Lula", conforme a opinião das redes.



                                       TÁTICA PARA DESVIAR A ATENÇAO

Outra acusaçâo da população nas redes é o fato do depoimento de LuLa a Sergio Moro ser estrategicamente marcado em data compatível com a tramitação final de um dos projetos mais polêmicos do atual governo, assumido pelo vice do governo Dilma Rousseff, Michel Temer; a votação da reforma na Previdência, completamente repudiada pela população.
Marcar o depoimento de Lula na mesma data esvaziaria manifestações contra a reforma pretendida por Temer. E vice- versa!
A ideia seria "diluir" os protestos, mostrando que a inconformação popular é real e incômoda para o governo, assim como é para a lava jato de Moro.




leia também    https://theintercept.com/2017/05/09/a-degradacao-do-estado-de-direito-por-tras-do-embate-moro-x-lula/



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