É impressionante o número de pessoas que disputam o cargo de vereador no próximo pleito. São 449 mil candidatos em todo país, a maioria sem qualquer experiência para a função. Muitos candidatos! Naturalmente isso interessa aos partidos já que o sistema proporcional determina o preenchimento de vagas de acordo com a votação obtida pelo partido ou coligação.
Mas impressiona. E faz pensar: o que significa para todas essas pessoas, extremamente diversificadas, com expectativas e discursos tão indefinidos, conseguir uma cadeira no Legislativo?
A nossa Constituição garante o acesso à candidaturas políticas, no caso do vereador a partir dos 18 anos. Não existe exigência de formação. Teoricamente, todo cidadão que vota pode ser votado. Espera-se naturalmente que aquele que se candidata tenha domínio do conhecimento para poder exercer o cargo caso seja eleito.
Aí é que ocorre o conflito. Se de um lado todos os direitos são iguais e um cidadão comum pode perfeitamente entender de política tanto quanto um doutorado (ou até melhor), de outro é preciso reconhecer que nem todos que concorrem a um cargo político sabem o que isso significa na prática. O candidato a vereador vai legislar, analisar, sugerir ou vetar projetos e outras ações que interferem diretamente na vida da comunidade.
Mas não é só isso: vai enfrentar uma burocracia até abusiva, regulamentos pouco claros, estratégias de bancadas e pressão de lobistas. Dificilmente uma pessoa que não tem conhecimento mínimo e acompanhamento dessa realidade escapará da malícia e manipulação política.
Ou não? Para grande parte do eleitorado, imaginar um cidadão iniciante em política parece significar renovação ou uma maneira de neutralizar antigos vícios. Talvez se todas as cadeiras de uma Câmara Municipal fossem substituídas por personalidade inéditas em política...mas aparentemente ocorre o contrário e qualquer noviço que tente modificar a ação legislativa é neutralizado pelo sistema e burocracia existentes. Para aqueles que são convidados pelos partidos ou estimulados a uma candidatura, mais do que a certeza de atuar de maneira eficiente está a sedução de uma atividade bem remunerada, que acena com as vantagens do poder!
É um desafio escolher entre tantos candidatos o seu vereador. Não há tempo para conhece-lo, eles surgem em flashes nos horários gratuitos e congelados, mudos, na propaganda escrita e na poluição dos santinhos. São os "puxadores de voto", ainda assim esperançosos em atingir a meta.
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