terça-feira, agosto 01, 2006

PERGUNTAS E PERGUNTAS...


"Não entendo essa guerra. Afinal, o que quer Israel?(...) (Silmara/Priscila)
"Por que Israel foi fundada depois da 2ª guerra, alguém pode me responder?" (Paulo.H)
"Eu não entendo como é que um país pode ir invadindo o outro e o resto do mundo não faz nada? Todo mundo devia invadir Israel?"(...) (Flavinha/J.B/Alex)

Vamos começar pela última pergunta, que aliás foi feita por várias pessoas: dizer que o "mundo não faz nada" não é correto. Os países estão se manifestando, individualmente e também através de representações na ONU, posicionando-se contra a destruição do Líbano e ao "estímulo" de mais um confronto violento.
Mas a opinião internacional é de respeito à autonomia dos países. Invadir Israel ou qualquer outro país não seria uma atitude diplomática, pelo contrário, seria uma atitude impositiva e violenta, ainda que fosse em nome da Paz.
As intervenções são delicadas e apenas podem ser feitas quando todos os argumentos forem esgotados. Ou seja, caso Israel seja considerada, pelo mundo, um perigo para a paz mundial. Pode haver, no entanto, forças internacionais de paz no país agredido, o Líbano.
Israel não foi "fundada" depois da guerra. O território palestino já vinha sendo ocupado por imigrantes judeus desde o final do século IXX.
Mas é correto dizer que após a segunda guerra mundial, a criação da ONU- Organização das Nações Unidas, ajudou Israel a legalizar perante o mundo a posse dessa terra, com a ajuda dos EUA, no clima de partilha e reestruturação do pós-guerra. Foi criado o Estado de Israel.
Entender a guerra é mesmo difícil. Ninguém entende, a não ser que a história seja pesquisada e analisada. A causa primária é sempre a mesma: a necessidade de poder, de domínio. A predação sempre aconteceu, da mesma forma que a defesa. O que muda em relação ao passado é o fato de que hoje não há isolamente. Há grande comunicação e o mundo é interdependente economicamente.
Também os estragos da guerra não são isolados, espalham-se perigosamente, comprometendo a todos fora da área dos conflitos.
A pergunta que mais se ouve é a seguinte: até que ponto Israel pode justificar a sua ânsia de predação do espaço e recursos no Oriente Médio? Até que ponto os EUA podem chegar ao apoiar suas ações, sem colocar o mundo em risco?

Há cinco perguntas que ajudam a resumir a história recente dos conflitos no Oriente Médio.

Qual é a origem do conflito?

O Oriente Médio tem cultura antiguíssima e é considerado uma área estratégica do ponto de vista econômico, principalmente por causa do petróleo. Além disso é também um importante cenário geopolítico e militar, porque serve de passagem entre a Europa e a Ásia. Por esses motivos o Oriente Médio é visado e tornou-se um dos centros nevrálgicos da Guerra Fria.
Quando foi criado o Estado de Israel, ocupando parte da Palestina, em decisão unilateral de alguns países após a 2ª Guerra, em 1948, criou-se um impasse e os conflitos se sucederam. No pano de fundo sempre houve o interesse das superpotências. Mas a situação agravou-se em 1979, com a revolução xiita do aiatolá Khomeini. Washington e Moscou sentiram-se desafiados.

Como surgiu o Estado de Israel?

Por causa do chamado movimento Sionista. Os judeus dispersaram-se pela Europa quando foram expulsos da Palestina pelos romanos, por volta do ano 70 dC . Aqueles que adotaram os hábitos e costumes dos novos paises foram bem aceitos. Mas alguns grupos, marcadamente os que se estabeleceram na Rússia, mantiveram seus costumes rigidamente e tiveram dificuldade de adaptação. Criaram um movimento chamado “Os amantes de Sion”.
A maior força desse movimento provinha da linhagem dos Rothschild. O nome, na verdade, era Mayer, que conseguiu uma força financeira incrível, principalmente após ficar com os bens do príncipe Wilhelm de Hanau que teve que se refugiar na Dinamarca, após a batalha de Iena em 1806. Mayer Amschel Bauer já havia mudado seu nome para Rothschild, adicionado ao título de barão.
Essa fortuna espalhou-se e multiplicou-se pela Europa e Estados Unidos, através das gerações, marcadamente na área financeira e comercial. E foi a principal influência política e econômica na tomada de terra da Palestina para a efetivação do Estado de Israel, com a aprovação das Nações Unidas, em meio ao clima do holocausto. Mas também havia muitos interesses geopolíticos em jogo. Tudo muito conveniente.

Os palestinos aceitaram a divisão da terra para o Estado de Israel?

Os palestinos e os Estados árabes não aceitaram a criação do novo país. Foi por esse motivo que eclodiu a primeira guerra árabe-israelense. Israel, com o poder bélico de países como o Estados Unidos, venceu o conflito em 1949. O Estado árabe-palestino desapareceu, dividido entre Israel, Jordânia (que ficou com a Cisjordânia) e o Egito (que ficou com a Faixa de Gaza)

Quais as conseqüências para os palestinos e árabes?

A criação de Israel teve efeitos dramáticos sobre a população palestina. E, pior ainda; serviu de instrumento político para ditaduras militares, na Síria, Líbia e Iraque, e para regimes feudais, como na Arábia Saudita e Kuwait. Além disso aconteceu um fenômeno político e cultural: a diáspora palestina: dezenas de milhares de palestinos dispersaram-se pelo Oriente Médio e pelo mundo, vivendo muitas vezes em condições subumanas em campos de refugiados. Transformaram-se em povo errante, assim como os judeus há mais de dois mil anos.
Foi assim que surgiu a Al-Fatah , que tinha o objetivo de criar um estado palestino soberano e independente. Yasser Arafat, um jovem engenheiro palestino, estava entre os fundadores. Mais tarde surgiu a OLP – Organização para Libertação da Palestina, entre vários outros grupos radicais surgidos na região, além de grupos que utilizam atps extremos, como o terrorismo, como resposta e retaliações.

O que significa Intifada?

Foi um movimento espontâneo de protesto, em dezembro de 1987, nos territórios palestinos de Gaza e Cisjordânia. Depois do atropelamento de quatro civis palestinos por um caminhão do exercito de Israel, um grupo de crianças e jovens armou-se com paus e pedras e atacaram soldados israelenses. Os militares israelenses responderam com extrema brutalidade e durante muitos meses perseguiram as famílias, derrubando suas casas.
O trágico episódio chamou a atenção do mundo, que tomou conhecimento das condições de miséria vividas pelos palestinos. Arafat ganhou força em sua proposta de pacificação da região em troca dos territórios ocupados. Yasser Arafat sofreu mais de 50 atentados, saindo ileso de todos eles, embora tenha acontecido especulações de que teria sido envenenado afinal, ao morrer em novembro de 2004, após passar três anos enclausurado em Mukata, ou sede do governo, em Ramala. Seu “compound”, um prédio semidestruído por mísseis de Sharon, feito de quartel-general, tornou-se sua prisão domiciliar, sem luz nem água, vigiado por militares israelenses.
Israel já havia invadido o Líbano em 1982, sob alegação de destruir as bases da OLP -Organização para Libertação da Palestina. O Líbano conseguiu reerguer-se a duras penas, após conseguir estabilizar-se com a ajuda da Siria, que retirou-se no ano passado. Agora o argumento é destruir o Hezbollah, ou Partido de Deus, criado para defender-se de Israel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A sua opinião é importante: comente, critique, coloque suas dúvidas ou indique assuntos que gostaria de ver comentados ou articulados em crônicas!Clique duas vezes na postagem para garantir o envio de seu comentário.

Arquivo do blog