quarta-feira, junho 27, 2007

Dramas da nossa política


Parece coisa de folhetim, quem diria! O senador Jefferson Peres declarou em entrevista (aliás, no Terra Magazine) que o Senado "vai mal"! Como se, em algum momento histórico, ele tivesse ido bem!

Mas é mesmo um exemplo da dramaticidade de nossos políticos, que ao invés de enfrentar a realidade e mudar a mentalidade do Congresso Nacional simplesmente retiram-se "de fininho", deixando elementos indecifráveis pairando no ar...

- Podem pensar o que quiserem, que é fuga, mas eu não quero voltar para o Senado Federal. Não quero. Encerro aqui. Posso até ser vereador em Manaus, mas senador eu não quero mais.


Jefferson sentencia: - O Senado está no chão.

Mas que declaração mais incrível!

Quando é que o Senado esteve no céu?

Críticas à parte, uma coisa é certa: nossos deputados e senadores terão de se esforçar para trabalhar e "limpar" o Congresso de hábitos nocivos e antigos tiques.

Isso, certamente, deverá mudar o cenário e os políticos profissionais, que lá atuam por décadas, devem reciclar-se ou permitir mudanças, deixando seus cargos para novos congressistas!

O que não funciona, precisa mudar!

terça-feira, junho 26, 2007

O dia seguinte e a pilula


Pílula do dia seguinte não é a mesma coisa que aborto?(...) (Gislene F.)

Gostaria de saber a sua opinião sobre a pílula do dia seguinte (...) a matéria publicada aqui sobre o aborto é interessante (...) (Eliazário)


A pílula do dia seguinte já é distribuída pelo Ministério da Saúde desde de 2004, mas é extremamente popular entre adolescentes e jovens, que conseguem comprar facilmente o produto sem receita médica nas farmácias.

Provavelmente se fosse feita uma pesquisa séria, chegaríamos à conclusão de que o recorde de consumo desse produto pertence mesmo à faixa etária média dos 18 anos.

O problema é que a pílula do dia seguinte não pode ser interpretada como um "quebra-galho" rotineiro para garantir a interrupção de uma possível gravidez. É um contraceptivo de emergência usado para prevenir uma gravidez indesejada, dentro de 72 horas após uma relação sexual desprotegida.


A droga age evitando ou retardando a liberação de um óvulo do ovário, impossibilitando a fecundação ou impedindo a fixação do óvulo fecundado no interior do útero.


Como em toda medicação, há riscos para a mulher. Desde que foi inventada na França, nos anos 80, essa pílula, (RU-486), já foi usada por um milhão de mulheres no mundo.

O problema é que ela pode causar infecções graves e hemorragias. Naturalmente se for utilizada em uma situação emergencial, os riscos são poucos.


Mas o que torna o uso dessa pilula preocupante é a mania das pessoas de menosprezar os riscos, desleixando com os cuidados para evitar uma gravidez e, no final, utilizar repetidamente uma expediente que deveria ser uma exceção.

Consumo repetido dessa droga, de fato, é perigoso, segundo atestam as pesquisas. Como qualquer droga, deve ser usada com cuidado!

Controladores e aeroportos

"(...)Quem está com a razão, os controladores ou quem?" (Ronaldo E.)



"Tive oportunidade de assistir a uma manifestação de apoio a greve dos controladores de vôo, mas não gostei nada disso (...) na semana passada fiquei cinco horas no aeroporto (...) (Salvio)



"(...) Só brasileiro mesmo pra fazer bagunça com coisa séria(...) (Marquezan)


Sou obrigada a concordar com você, Marquezan: existe uma tendência no Brasil de extrapolar os direitos de manifestação e greve, de maneira a acabar prejudicando o país.

















As pessoas devem conscientizar o seguinte: greves e reivindicações de direitos são ações legítimas...desde que não provoquem mortes e conturbe a vida de outros nas filas de hospitais, previdência social ou, como no caso discutido aqui, aeroportos.

É esse limite - entre o direito de um e o direito do outro, seja entre trabalhador e empresa pública ou privada ou ainda o Estado, que está sendo ignorado pelos nossos controladores de tráfego aéreo.

A atitude da FAB e o posicionamento da Aeronáutica em coibir abusos, tentando restabelecer a normalidade nos aeroportos é aprovada pela maioria da população - principalmente pelas pessoas que dependem dos vôos e da segurança no transporte aéreo.

Portanto, Ronaldo, quem está com a razão? A razão está em restabelecer o mais urgentemente possível a normalidade nos aeroportos e segurança no espaço aéreo, que em qualquer país do mundo não pode sofrer interferência de ações de grevista na dimensão que sofremos há meses, não apenas por interferir em na vida e na economia do país, mas em sua própria soberania.

sexta-feira, junho 22, 2007

Lobistas, congressistas e corrupção


"Queria saber a sua opinião sobre o caso Renan Calheiros" (Ricardo)

É uma boa pergunta, Ricardo, mas acredito que este caso não seja uma questão de opinião...mas de absoluta imparcialidade em sua interpretação.

O que temos no caso Renan? O senador é acusado de ter gastos pessoais pagos por lobistas. A situação está gerando balburdia no Congresso pelo fato de que haveria dúvidas sobre a veracidade de documentos apresentados pela defesa.
Esse seria o motivo pelo qual o Conselho de Ética do Senado teria recusado votar pelo arquivamento do processo contra Renan.
Muito bem, temos uma denúncia e uma defesa pouco convincente.
O que mais temos neste caso Renan?

Um enorme abacaxi!...Para nossos congressistas é claro!

Veja bem, Ricardo, seja qual for o desfecho deste caso, uma coisa a sociedade brasileira terá de admitir: não é uma situação isolada!
O deputado, senador, vereador, seja lá o legislador que for, em seus diferentes níveis de atuação, é bombardeado por lobbies há décadas e décadas.
Se ficar provada a culpa de Renan Calheiros, certamente teremos uma sucessão de casos a ser apurados, iguais ou semelhantes a este.

É este o problema das tentativas de limpar a corrupção em nosso congresso: há mais políticos comprometidos do que poderia admitir a nossa ingenuidade popular!

Não estamos portanto falando de um crime isolado. Falamos de uma ação que se tornou rotineira no mundo inteiro, em todos os países democráticos que lidam com os famosos lobbies! Como os EUA, o país que mais é "copiado" em seus defeitos pela política brasileira desde os tempos da ditadura.

O que é lobby? Ora, lobby é um grupo de pessoas ou organização que têm como atividade profissional buscar influenciar, aberta ou veladamente, decisões do poder público, especialmente do poder legislativo, em favor de determinados interesses privados.
Aí, Ricardo, você me pergunta: mas como? Se todos sabemos que lobby envolve ações que desembocam perigosamente na corrupção (nem só de argumentos vivem nossos grupos privados...) como ele é permitido?

Pois é! Boa pergunta também! Aliás, estamos todos cheios de boas perguntas, em geral seguidas de péssimas respostas! Ou de resposta nenhuma!

Afinal, nosso Congresso é desonesto? Não, não é desonesto!
Mas a ação de lobistas não interferem em nossas leis? Sim, interferem em nossas leis.
Nesse caso, estamos nos contradizendo. Pois é, isso é verdade! Pois leva à pergunta: como eliminar o risco da corrupção de nossos legisladores, quando a ação dos lobista acontece de forma histórica, prejudicando frontalmente a sociedade?
Como vê, Ricardo, a questão não é provar se Renan Calheiros é culpado ou não da propinagem milionária, mas impedir que muitos políticos que se utilizam desse "benefício" históricamente continuem com a corrupção!
Não interessa à população brasileira a imolação de um ou dois. O que se quer é o fim da corrupção!

Exageros na USP



Nenhuma reivindicação democrática pode ser extrema a ponto de ferir a outra ponta da sociedade e transformar-se em movimento impositivo e ditatorial.

É o que está acontecendo com o grupo de estudantes que invadiu a reitoria da USP.

De acordo com os estudantes, a ocupação é "uma resposta necessária aos decretos autoritários do governador do estado de São Paulo, José Serra, que interferem diretamente na autonomia e na democracia universitária."
Até aí, a reação dos estudantes pode ser legítima.
O problema é o abuso dela. Assistimos a uma cena extremamente chocante: jovens universitários expulsaram a polícia da área do campus, de forma grotesca.

Vamos entender essa contradição e a linha sutil que separa heróis de vilões: em comunicados oficiais, universitários da USP e e de outras universidades que manifestaram apoio à ação, alardearam o desprezo a qualquer tipo de repressão, seja ela policial, jurídica ou política ao movimento estudantil ou a qualquer movimento social.

Ora, a ação da polícia não é contraditória. A não ser que os policiais chegassem com violência, brandindo cassetetes e realizando prisões de pacíficos manifestantes, jamais poderia ser rechaçada.

O organismo policial existe para a defesa da sociedade e não para reprimir manifestações contrárias a ações políticas ou administrativas. Mas isso não quer dizer que não deva estar presente!

Os estudantes, portanto, deram uma demonstração do avêsso da democracia, onde de manifestantes com causa transformaram-se mem agressores da cidadania!

Todos defendemos a liberdade de manifestação política que é fundamental para a consolidação da democracia. Mas todos também repudiamos a violência feita em nome de um ato democrático!

O organismo policial deve ser respeitado e mantido dentro de seu objetivo. Jamais deve ser distorcido ou achincalhado! Ou não haverá democracia, mas o caos! Não é possível exigir respeito, desrespeitando a própria sociedade!

terça-feira, junho 19, 2007

Como combater o abuso infantil?



A Prefeitura de São Caetano do Sul acionou um projeto nas escolas que visava levantar casos e orientar crianças vitimas de abuso sexual, mas foi obrigada a suspende-lo de imediato.

Motivo: os pais dos alunos, crianças entre 6 e 10 anos, se assustaram com as perguntas do questionário, que demorou um ano e meio para ser elaborado pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Caetano.

Segundo o Conselho a idéia é colher informações sobre violência sexual. A sociedade em geral sabe que ignorar o problema apenas aumenta o risco de assédio à crianças

O fato da criança tomar conhecimento de que existe a sexualidade e que isso também significa a possibilidade de desvios sexuais, do qual ela pode ser vítima, é ruim, segundo pensam alguns pais.

Mas e a possibilidade da criança ser vítima? A vulnerabilidade da criança e mesmo do adolescente diante de investidas sexuais é proporcional à sua ingenuidade, ou desconhecimento desse processo.

Mantendo a criança longe da informação, não se preserva, portanto, a sua sanidade fisica e mental, uma vez que o abuso sexual é uma marca indelével no emocional, que persegue a pessoa por toda a sua vida adulta.

Pesando os prós e os contras, é preciso que a sociedade defina uma postura firme de combate à pedofilia. E isso só será possível alertando as crianças quanto aos abusos.

Resta a questão, no questionário apresentado pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Caetano., o levantamento dos casos, que também é importante.
A reação contrária de alguns pais pode condenar crianças que se encontram em situação de abuso à perpetuação do erro.

Parece que a preservação da infância - incluindo a ingenuidade necessária para o desenvolvimento lúdico da criança e seu amadurecimento gradual - precisa ser urgentemente repensada. Há informações, distorções e riscos em demasia na nova sociedade!

domingo, junho 03, 2007

O aborto, crime e legalização


Abortar ou não abortar...será mesmo que temos o direito de colocar tal dúvida?

Há perguntas mais complexas ainda: se a mulher é o ser que gera a vida, cabe a ela a decisão de matar ou deixar viver uma nova criatura? Ou a própria natureza deixa em aberto tal opção, ao eximir-se de dimensionar o instinto maternal a partir da concepção ou em seus primeiros momentos?

Perguntas difíceis de responder. A questão do aborto é mesmo complicada e causa celeuma. Estamos falando de vida e da interrupção dessa vida, o que provoca sentimentos e reações diferentes, dependendo do ângulo de visão!

O que não muda em absoluto as estatísticas que comprovam a impossibilidade de se evitar o aborto através da criminalização. Estados Unidos, Brasil e China tem percentuais semelhantes de abortos; Holanda é um dos países onde essa prática é raríssima, enquanto que Rússia e Romênia mostram índices triplicados de ocorrências em comparação com a média mundial.
Na Romênia o aborto é legalizado! Os radicais dirão que é este o motivo do grande número de abortos! Mas acontece que na Holanda, onde é raro, o aborto também é permitido!
Qual a diferença? Educação e orientação para evitá-lo?
A mulher que engravida e rejeita o fato geralmente o faz por questões de sobrevivência imediata ou futura. Ela sabe a responsabilidade que um filho acarreta e não a aceita, ou por ainda ser imatura (em casos de gravidez na adolescência) ou por questões profissionais e, em menor percentual, por não querer simplesmente assumir o papel de mãe.
É esse direito – o da rejeição – que se discute quando o assunto é aborto!
E o direito do feto?
Por mais que haja a tentativa de se interpretar um feto como algo ainda “inacabado” ou sem vida, isso não é possível! A vida começa a partir da fecundação.
O que pode ser discutido é se essa vida poderá ou não prosseguir.
É uma questão a “pesar na balança”. Para pesquisadores do Hospital Chelsea, em Londres, fetos pouco desenvolvidos podem sentir dor sim, e o sistema nervoso pode ser formado antes do que se supõe. Por isso os médicos britânicos estão estudando a possibilidade de anestesiar o feto durante intervenções para interrupção da gravidez!
Má formação fetal, doenças genéticas graves, estupro, são algumas situações onde o aborto é tolerado. Mas será que o desejo de não prosseguir a gestação pode ter raízes na própria natureza humana?
No mundo animal existe uma regra básica de sobrevivência: o equilíbrio! Por esse motivo até nossos gatos domesticados acabam matando filhotes recém-nascidos, não necessariamente para comer, mas também para regular a população...onde tem muitos, pode haver escassez de alimento!

Na natureza em geral um bicho come o outro, promovendo o equilibrio entre as espécies e as condições naturais de sobrevivência.

Há quem resista à idéia do ser humano ser influenciado pelo ambiente ou situações anormais que levaram à concepção. Somos racionais e emotivos, não seguimos as regras primárias de sobrevivência por força de nosso ambiente social.

No entanto número de abortos parece indicar que a questão não é simplesmente de decisão individual, desvinculada da comunidade. É uma decisão influenciada pelo meio, por dificuldades de sobrevivência e futuro.

Parece evidente e bastante claro que o desejo do aborto está intrinsecamente ligado a condições criadas pelo próprio ambiente.

Por mais que mulheres reivindiquem direito de decisão ("este é o meu corpo", por exemplo) sem dúvida a questão extrapola a condição individual e envereda como fato de sobrevivência coletiva.

Sob esse ângulo, a informação é imprescindível, talvez o único meio de suavizar questões éticas. Sem isso, não há controle do aborto. Ele simplesmente continua acontecendo, de maneira muitas vezes cruel e absurda.

A informação científica a respeito do aborto, seus riscos, sua prevenção e, afinal, as formas de evitar tragédias maiores a partir dele e não são, como alguns afirmam, uma maneira de incentivar a prática. Uma prática que já existe, por mais proibida que seja! (Mirna Monteiro)

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