Quando foi chamado de assassino pelas pessoas que se aglomeravam nas proximidades do prédio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde foi prestar depoimento na última terça-feira, Mizael Bispo de Souza sorriu!
Impressionante como um sorriso pode ter tamanha força de desdém pela tragédia humana. O policial militar aposentado Mizael ainda não foi julgado pela morte da advogada Mércia Nakashima. Mas quem sorri diante do protesto popular de mais um assassinato?
Já o goleiro Bruno também sorriu bastante nas entrevistas e nos treinos que aconteceram logo após a denúncia de que Elisa Samúdio havia sido assassinada na ocasião em que visitava o sítio do ex-amante a convite dele mesmo. Agora mantém-se mudo e estático, depois de desastradas declarações ä imprensa durante o vôo entre o Rio e Belo Horizonte, onde admitia que seu amigo de infância e fiel servidor poderia de fato estar envolvido no assassinato de Elisa.
São apenas dois casos, entre muitos. A vida das mulheres anda "por um fio", em um momento em que acredita-se que é muito fácil matar e conseguir safar-se da Justiça.
Todos os cidadãos, culpados ou inocentes, tem direito à defesa, enquanto não houver definição de sua responsabilidade no crime praticado. No entanto a questão ética esbarra no princípio da ponderabilidade: em um crime onde há provas técnicas e testemunhos, além de amplo histórico que corrobora a ação criminosa, como fica a defesa? Teria ela direito de exagerar os fatos, querendo fazer crer por exemplo que um empurrão dentro de uma delegacia foi um grave espancamento? Ou forçar artificialmente outras situações, como depoimentos e entrevistas, para tentar "virar o jogo"? Ou a defesa, diante de provas incontestáveis, deve assumir a defesa de seu cliente no sentido de minimizar a pena?
Questões éticas da Justiça interessam cada vez mais ao leigo cidadão, que afinal não quer impunidade porque ela ameaça sua segurança futura. (A.Corradi)
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