Uma empresa tem o direito de colocar câmeras em banheiros, argumentando necessidade de segurança? Obviamente não. Principalmente quando a câmera está direcionada para o vaso sanitário ou de forma a invadir a intimidade do usuário. Pois isso acontece com maior frequência do que seria possível admitir, ainda que de forma ilegal, não apenas em sanitários de diferentes lugares - inclusive em residências particulares - e provadores de lojas.
Tentar justificar a existência de câmeras em locais de privacidade, como banheiros, é absurdo. A invasão de privacidade nos provadores de lojas em geral é feita com a mais absoluta discrição, escondida nos espelhos e em permamente vigilância com o intuito de evitar furtos de peças de roupas...o que também não é justificável, pois as peças levadas para prova do consumidor podem ser controladas de maneira legal. Recentemente a C&A foi condenada em processo movido por uma ex-funcionária que descobriu que havia câmeras em locais privativos.
Esse tipo de filmagem, portanto, é comprovadamente má fé e demonstra a intenção "voyerista" da empresa ou residência. É difícil descobrir se isso está acontecendo e as denúncias são raras. A maioria das pessoas não fica sabendo que foi vítima desse crime.
Não foi o caso da funcionária de uma empresa que soube, por acaso e de maneira extremamente constrangedora, que havia uma câmera no banheiro feminino: talvez por algum descuido, a câmera distribuiu imagens para todos os monitores, inclusive aqueles com acesso de clientes.
Segundo a administradora da empresa, a câmera seria acionada apenas durante a noite, por medida de segurança, por causa de "uma janela" no banheiro. Mas o lugar é fechado, sem janelas e o direcionamento da câmera instalada no sistema do lugar fica exatamente sobre o vaso sanitário, em óbvio objetivo de filmar quem vai utiliza-lo.
Há casos registrados de câmeras colocadas em banheiros em locais de grande acesso publico. Isso aconteceu em um shopping-center da Barra do Tijuca em um banheiro masculino, descoberto por alguém que estranhou um aparato anti-incêndio no teto. A câmera que armazenava as imagens ficava escondida por um detector de fumaça. Há relatos de filmagens em banheiros em diversos locais, inclusive farmácia. Nem sempre a instalação é feita pela empresa, mas por funcionários.
MIRNABLOG analisa os acontecimentos e discute as dúvidas com imparcialidade, respeitando a sua inteligência
quinta-feira, junho 30, 2011
segunda-feira, junho 27, 2011
COMO ESTÁ DIFÍCIL EDUCAR
Antigamente as regras eram claras, objetivas, resumidas. Resultado: exercer a função de pai e mãe aparentemente era tarefa mais fácil. Mas hoje......
Depois de uma reunião com pais de alunos, uma orientadora pedagógica, meio constrangida, acabou confessando, em “off”, que educar com eficiência era uma missão quase impossível. “Com pais tão confusos, como lidar com os filhos?”
É preciso coragem para admitir que exercer a função de educar e orientar os filhos nos dias de hoje não é tarefa fácil. A maioria dos pais se fecha em uma concha, com sentimentos que vão desde a sensação de impotência à derrota definitiva. A sensação de tranqüilidade em relação ao domínio da função da maternidade ou da paternidade começa a tremular nos anos de crescimento da criança e chega ao impacto profundo na fase da adolescência.
A sala de aula e todo o ambiente escolar é um retrato resumido da confusão enfrentada pelos pais no trato com os filhos. Em qualquer classe social, em graus diferentes, isso vem ocorrendo sem grandes exceções.
O resultado é um afastamento cada vez maior na relação entre pais e filhos, que repassam para a escola a esperança de “conserto” no mecanismo aparentemente defeituoso da relação familiar e social.
“Eu realmente não sei a medida certa entre a repressão e a liberdade que devo dar aos meus filhos”, lamentou um pai de aluno.
"Repressão" não indica exatamente a capacidade de controlar o meio familiar.
"Repressão" não indica exatamente a capacidade de controlar o meio familiar.
Reprimir, hoje, equivale a criar um ambiente de guerra. Os pais sentem-se acuados diante da reação dos filhos, que utilizam argumentos baseados no próprio caos social para impor a vontade.
Mas é inegável a necessidade de limites para a criança, de maneira clara e lógica. Confundir limites com repressão pode realmente originar um grande problema.
Mas é inegável a necessidade de limites para a criança, de maneira clara e lógica. Confundir limites com repressão pode realmente originar um grande problema.
“As crianças, quando chegam na adolescência enfrentam um turbilhão de sentimentos, sensações e pensamentos”, analisa a psicóloga clínica Maria Luiza Dada, “Ela sente que tudo está muito diferente de antes e acaba por não entender o que está acontecendo. Não sabe como trabalhar tudo isso”.
Nem os pais. O conselho principal estaria em um conjunto equilibrado de ações dos adultos no trato com os filhos. Juntar na relação amor, compreensão, respeito, limite e apoio.
Para quem vive essa relação cotidiana entretanto, é preciso mais do que a simples teoria. Adolescentes do novo milênio são mais agressivos, exigentes, tem dificuldade em lidar com limites e ouvir um “não”.
Estão habituados à violência na ficção e confundem os limites da realidade.
Estão habituados à violência na ficção e confundem os limites da realidade.
Autoritária nos velhos tempos, excessivamente tolerante nos anos 80, a relação entre pais e filhos precisa ser reformulada. É preciso dialogar muito. As regras são importantes e devem ser discutidas com clareza e objetividade, para que crianças e adolescentes entendam a importância delas.
Depois é preciso reconhecer que as relações humanas em geral estão complicadas e isso se reflete nas relações familiares, que dificilmente conseguem isolar-se das influência do meio mesmo no momento em que se procura isolar o ambiente caseiro da confusão e das ameaças externas.
Depois é preciso reconhecer que as relações humanas em geral estão complicadas e isso se reflete nas relações familiares, que dificilmente conseguem isolar-se das influência do meio mesmo no momento em que se procura isolar o ambiente caseiro da confusão e das ameaças externas.
Os limites existem para permitir a convivência.
Os pais são obrigados a assumir novas responsabilidades e tem menos tempo para ficar com os filhos. Para cumprir com o papel de educar a escola de hoje precisa também evitar a baixa auto-estima do aluno, que necessita de confiança para o aprendizado. Aliás, não só do aluno, mas também do professor e outros funcionários.
Os pais são obrigados a assumir novas responsabilidades e tem menos tempo para ficar com os filhos. Para cumprir com o papel de educar a escola de hoje precisa também evitar a baixa auto-estima do aluno, que necessita de confiança para o aprendizado. Aliás, não só do aluno, mas também do professor e outros funcionários.
A ampliação da ação da escola na educação e assessoria emocional não diminui a necessidade dos pais de sentir acertos na relação com os filhos. As relações familiares estão em grande mutação e a proposta da escola deve ser a de uma co-educação junto aos pais, no sentido de ajuda-los a compreender as mudanças e promover uma adaptação às novas situações.
“Não” ou “Sim”? A questão do limite para a criança, desde que começa a andar e ter contato com o ambiente. Esse problema é acentuado na adolescência, momento em que a moda dita o comportamento, inclusive alguns perniciosos, como o uso de bebidas alcóolicas, cigarro e outras drogas, além da vida social e horários noturnos.
Conforto ou Realidade? Se a situação financeira permite, é saudável realizar todas as vontades da criança no que se refere ao consumo? Da mesma forma, satisfazer as vontades da criança e adolescente, no que se refere à ociosidade em casa, inclusive em pequenas tarefas domésticas, é pernicioso?
Dureza ou Tolerância? A medida entre a firmeza e a tolerância à deslizes é outro fator de dúvida e culpa dos pais, que também são influenciados pelo meio em relação à permissividade ou repressão.
Principais reclamações dos filhos
"Não sou mais criança" - Adolescentes reagem diante das determinações dos pais, mesmo que não sejam em tom repressor
"Meus pais não me entendem" - Os filhos, em geral, reclamam do distanciamento dos pais e da falta de um “idioma” que permita o diálogo.
"Meus amigos podem" - Podem fazer determinada coisa ou possuem determinado bem de consumo. Principalmente o adolescente media o seu papel e imagem através de grupos da mesma faixa etária e reage com comparações. Um argumento que em geral confunde os pais.
quarta-feira, junho 22, 2011
REMÉDIOS QUE MATAM
Parece contraditório e dramatico, mas verdadeiro: remédios podem causar problemas que podem matar. Isso acontece porque existe um equívoco na interpretação popular das drogas farmacêuticas, supondo-se que são substâncias que curam, o que nem sempre é verdade. A maioria dos medicamentos disponíveis apenas consegue controlar sintomas das doenças, enquanto a cura é processada por outros meios, como mudanças radicais de hábitos alimentares e comportamento.
A auto-medicação é considerada maior ameaça do que a própria doença ou desequilibrio orgânico. Esse problema tem raízes no passado, quando não existia facilidade de procurar diagnósticos e tratamentos por pessoas habilitadas. As receitas populares eram a única alternativa. E de fato funcionavam, utilizando plantas que possuem princípios ativos poderosos.
No entanto o uso era muito mais racional, apesar de ser primitivo. Hoje no entanto, com 11 mil medicamentos que envolvem 18 mil princípios ativos de produtos químicos despejados no mercado pela indústrias farmacêutica, atrever-se a auto-medicação é um risco poderoso.
Tanto isso é verdade que até mesmo as medicações receitadas por médicos deve ser discutida e estudada, não de forma isolada, mas na variedade de drogas que são receitadas para os vários sintomas ou o controle deles.
É o risco da interação medicamentosa, que pode matar. São substâncias variadas demais e a maioria dos médicos encontra dificuldades para avaliar com precisão se um determinado medicamento vai interagir com outro de forma a criar reações potenciais no organismo.
Para conhecer todos os milhares de princípios ativos utilizados em uma enorme gama de medicações é preciso ser um especialista no assunto ou pelo menos estudar muito as interações medicamentosas. A maioria dos médicos não faz isso, ou por falta de tempo ou de interesse. Preferem restringir-se à confiar na informação da indústria farmacêutica.
A industria farmacêutica, por outro lado, por mais que tenha interesse em garantir a confiabilidade de seus produtos, é uma indústria. Como qualquer empresa depende da disputa no mercado e de lucros. Alguns laboratórios farmacêuticos mantém atendimento ao público com o objetivo de informar a respeito de efeitos colaterais ou mesmo interação medicamentosa, mas esse é um serviço acessado por uma parcela mínima dos usuários das medicações.
Outro problema são as pesquisas de novas drogas. Médicos são frequentemente assediados por representantres de laboratórios, que esquentam cadeira nos consultórios e comparecem nos Congressos com o objetivo de divulgar essas drogas, em geral financiadas por laboratórios estrangeiros que têm limitações legais mais severas para testar novas drogas que já passaram por fases iniciais de testes.
Nestes casos o convencimento se faz por discursos acalorados sobre as vantagens do produto. O marketing funciona. Quando o médico bombardeado pelos discursos da indústria farmacêutica sente que determinadas medicações não funcionam com seu paciente, "arriscam " a novidade, prescrevendo as novas drogas que ainda não tem eficácia ou tolerância completamente estabelecidas.
Há laboratórios que fornecem grandes descontos aos pacientes que tomam regularmente a droga em questão, claro que em troca de um cadastro que permita o controle dos efeitos de sua ingestão ao longo do tempo. O que quer dizer que podemos servir de cobaias sem que tenhamos consciência desse fato...
Organismos humanos não funcionam de maneira uniforme. Cada paciente reage de uma maneira a determinadas substâncias. Há medicamentos que permanecem com alto consumo no mercado durante anos, até que seja estabelecida enfim a relação entre seu uso e omaparecimento de doenças letais.
Na confusão das interações medicamentosas ou no uso de novas drogas as maiores vítimas são crianças e idosos, estes pelo fato de receberem uma variedade de medicamentos cada vez maior, muitas vezes para eliminar efeitos colaterais de outro.
Medicamentos inadequados, mistura de substâncias que provocam danos ao organismo, aliados a complexidade de suas fórmulas e a consultas de médicos apressados, que consideram-se mal pagos pelos convênios ou pelo Estado e trocam a qualidade pela quantidade de atendimento. Essa é uma realidade que precisa ser urgentemente analisada e corrigida. Um bom começo seria a população conscientizar o fato de que o melhor remédio é aquele que é receitado com absoluto controle de sua ação no organismo do indivíduo!(MM)
LEIA TAMBÉM
http://leiamirna.blogspot.com/2010/10/medicos-raramente-esclarecem-sobre.html
A auto-medicação é considerada maior ameaça do que a própria doença ou desequilibrio orgânico. Esse problema tem raízes no passado, quando não existia facilidade de procurar diagnósticos e tratamentos por pessoas habilitadas. As receitas populares eram a única alternativa. E de fato funcionavam, utilizando plantas que possuem princípios ativos poderosos.
No entanto o uso era muito mais racional, apesar de ser primitivo. Hoje no entanto, com 11 mil medicamentos que envolvem 18 mil princípios ativos de produtos químicos despejados no mercado pela indústrias farmacêutica, atrever-se a auto-medicação é um risco poderoso.
Tanto isso é verdade que até mesmo as medicações receitadas por médicos deve ser discutida e estudada, não de forma isolada, mas na variedade de drogas que são receitadas para os vários sintomas ou o controle deles.
É o risco da interação medicamentosa, que pode matar. São substâncias variadas demais e a maioria dos médicos encontra dificuldades para avaliar com precisão se um determinado medicamento vai interagir com outro de forma a criar reações potenciais no organismo.
Para conhecer todos os milhares de princípios ativos utilizados em uma enorme gama de medicações é preciso ser um especialista no assunto ou pelo menos estudar muito as interações medicamentosas. A maioria dos médicos não faz isso, ou por falta de tempo ou de interesse. Preferem restringir-se à confiar na informação da indústria farmacêutica.
A industria farmacêutica, por outro lado, por mais que tenha interesse em garantir a confiabilidade de seus produtos, é uma indústria. Como qualquer empresa depende da disputa no mercado e de lucros. Alguns laboratórios farmacêuticos mantém atendimento ao público com o objetivo de informar a respeito de efeitos colaterais ou mesmo interação medicamentosa, mas esse é um serviço acessado por uma parcela mínima dos usuários das medicações.
Outro problema são as pesquisas de novas drogas. Médicos são frequentemente assediados por representantres de laboratórios, que esquentam cadeira nos consultórios e comparecem nos Congressos com o objetivo de divulgar essas drogas, em geral financiadas por laboratórios estrangeiros que têm limitações legais mais severas para testar novas drogas que já passaram por fases iniciais de testes.
Nestes casos o convencimento se faz por discursos acalorados sobre as vantagens do produto. O marketing funciona. Quando o médico bombardeado pelos discursos da indústria farmacêutica sente que determinadas medicações não funcionam com seu paciente, "arriscam " a novidade, prescrevendo as novas drogas que ainda não tem eficácia ou tolerância completamente estabelecidas.
Há laboratórios que fornecem grandes descontos aos pacientes que tomam regularmente a droga em questão, claro que em troca de um cadastro que permita o controle dos efeitos de sua ingestão ao longo do tempo. O que quer dizer que podemos servir de cobaias sem que tenhamos consciência desse fato...
Organismos humanos não funcionam de maneira uniforme. Cada paciente reage de uma maneira a determinadas substâncias. Há medicamentos que permanecem com alto consumo no mercado durante anos, até que seja estabelecida enfim a relação entre seu uso e omaparecimento de doenças letais.
Na confusão das interações medicamentosas ou no uso de novas drogas as maiores vítimas são crianças e idosos, estes pelo fato de receberem uma variedade de medicamentos cada vez maior, muitas vezes para eliminar efeitos colaterais de outro.
Medicamentos inadequados, mistura de substâncias que provocam danos ao organismo, aliados a complexidade de suas fórmulas e a consultas de médicos apressados, que consideram-se mal pagos pelos convênios ou pelo Estado e trocam a qualidade pela quantidade de atendimento. Essa é uma realidade que precisa ser urgentemente analisada e corrigida. Um bom começo seria a população conscientizar o fato de que o melhor remédio é aquele que é receitado com absoluto controle de sua ação no organismo do indivíduo!(MM)
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quarta-feira, junho 15, 2011
SIGILOS ETERNOS OU PROVISÓRIOS
A discussão do momento é a manutenção ou não de documentos oficiais do país em sigilo eterno. Aliás essa referência a "sigilo" e "eternidade" soa estranha quando adicionada a documentação histórica, já que existe um convencimento dos países civilizados de que a história é o registro de fatos, comprovadamente ocorridos e que tiveram absoluta interferência nos destinos políticos e econômicos dos povos em todas as épocas. No entanto a especulação é de que tudo que se sabe não passa disso mesmo...um convencimento.
No ano passado os Estados Unidos e países como a França foram sacudidos por um site chamado WikiLeaks, que se atreveu a romper sigilos de alguns documentos oficiais.
Na época o ministro de Finanças, Indústria e Energia da França, Eric Besson, pediu que o país deixasse de hospedar o site, que publicava documentos diplomáticos secretos dos EUA, argumentando que a violação de segredos colocava em perigo pessoas protegidas pelo sigilo diplomático; o WikiLeaks cometia portanto "atentados contra os direitos fundamentais" ao tornar públicos documentos confidenciais vazados por fontes anônimas.
No ano passado os Estados Unidos e países como a França foram sacudidos por um site chamado WikiLeaks, que se atreveu a romper sigilos de alguns documentos oficiais.
Na época o ministro de Finanças, Indústria e Energia da França, Eric Besson, pediu que o país deixasse de hospedar o site, que publicava documentos diplomáticos secretos dos EUA, argumentando que a violação de segredos colocava em perigo pessoas protegidas pelo sigilo diplomático; o WikiLeaks cometia portanto "atentados contra os direitos fundamentais" ao tornar públicos documentos confidenciais vazados por fontes anônimas.
Segredos de Estado, para o bem ou o mal da humanidade. É esse o problema, certamente. Ao longo da existência humana a história sempre foi alterada pelos sigilos dos governos. O imperador Constantino tornou-se cristão por força da necessidade política e não perdeu tempo em subtrair e acrescentar detalhes do interesse de Roma nos registros da Bíblia. O que havia antes disso perdeu-se em sigilos parcamente recuperados, em documentos caindo aos pedaços, escritos que são arduamente coletados pela arqueologia e pesquisados por historiadores.
Divulgação de documentos secretos por vezes soa tão estranho que suspeita-se da criação de novas alterações históricas. Como no caso dos "Papéis do Pentágono" - ou Pentagon Papers. Esses arquivos secretos do governo sobre a guerra no Vietnã, tiveram 40 anos depois de seu vazamento parcial pelo jornal "New York Times", em 13 de junho de 1971, o sigilo oficial quebrado. O documento foi liberado, dizem que em sua integralidade, exceto pela censura a 11 palavras...sete mil páginas abertas e 11 palavras sigilosas!
Mistérios da abertura de documentação secreta....acaba-se com o sigilo, mas mantém-se os segredos. "Informação é poder" e sempre há quem se aproprie dela para eventuais futuras intimidações, disse Estela de Carlotto, presidente da entidade de defesa dos direitos humanos Avós da Praça de Maio, quando a presidente Cristina Kirchner mandou publicar decreto no diário oficial argentino confirmando a liberação dos documentos secretos das forças armadas argentinas, referentes à ditadura militar que causou a morte de 30 mil pessoas entre 1976 e 1983.
Como afirmou Daniel Ellsberg em artigo no "Guardian", apesar do atraso de quatro décadas dos "Papéis do Pentágono", eles afinal não estavam desatualizados, já que os EUA estavam novamente atolados em guerras, como a do Afeganistão. Que surgissem os Papéis do Pentágono do Iraque, do Afeganistão, Paquistão, Iêmen e Líbia! Mas isso não aconteceu, claro, porque as documentações secretas não podem ser conjugadas no presente ou futuro, apenas no passado.
O que não significa informação descartável, muito pelo contrário. "Memórias reveladas para que não se esqueça e nunca mais aconteça" é bandeira da ex-ministra alemã Marianne Birthler, para quem a sociedade evoluída é aquela que conhece sua história.
A reunificação garantiu ao povo alemão o acesso irrestrito aos arquivos secretos da República Democrática Alemã (RDA), a antiga Alemanha Oriental e aos bastidores das operações da Stasi, a temida polícia secreta que espionava, prendia e torturava cidadãos. Mais de quatro décadas depois foram reveladas as violações em 1,3 milhões de fotos e cinco mil filmes e vídeos, 164 mil cassetes e 20 mil disquetes e fitas de áudio.
Parece uma boa fase para revelações, mas em termos. Em 2006 até o Vaticano aderiu à verdade histórica e abriu os seus arquivos secretos aos investigadores. A documentação sobre a Guerra Civil Espanhola e o papel da Igreja Católica no conflito pode finalmente ser estudada.
É um avanço interessante....flagrantes de atividades em sigilo, como outro caso recente, de 2007, do chefão da máfia italiana Daniele Emanuello, que engoliu notas secretas com nomes e números de telefones antes de ser morto. Sabe-se que todo esse sigilo ficou alojado no seu esôfago, mas se houve ou não "quebra" desses segredos é um mistério!
Não é só o passado remoto ou o presente criminoso que abdica de segredos. A França foi o primeiro país a abrir totalmente seus arquivos sobre Ovnis - Objetos Voadores não Identificados, para o público, seguido pelo governo inglês. Isso deve criar ambiente para novas liberações de segredos extra-terrestres em outros paises. Pelo menos fica-se sabendo que ETs podem não ser fantasia, pois integram documentação sigilosa!
Por enquanto, ficamos aqui sem saber se o problema do sigilo dos documentos secretos do governo brasileiro seguirão a mesma linha das grandes potências.
Neste caso deverão ser respeitados os limites impostos no projeto inicial, feito pelo então presidente Lula, texto que acabou descaracterizado pela Câmara dos Deputados, que misturou tudo em um pacote só e criou um pepino diplomático, além de comprometer informações que só dizem respeito à segurança interna do país.
Como se vê, abrir documentação sigilosa não é apenas escancarar verdades históricas e bastidores da política, manipulações, erros ou acertos dos poderes do passado e relatos de Ovnis, mas também cuidar para que não haja risco à integridade do país. Portanto discursos políticos e partidários apenas atrapalham a história de qualquer tempo, inclusive do futuro. (MM)
segunda-feira, junho 13, 2011
AÇÃO DA CEF EM DESISTIR DE RECURSOS É EXEMPLAR
O fato da Caixa Econômica Federal desistir de 500 recursos que tramitavam no Supremo Tribunal Federal é um acontecimento importante, em um país que "peca" pela ausência ética na insistência em utilizar todos os recursos possíveis, superlotando os tribunais em todas as instâncias, mesmo quando o processo envolve decisões óbvias já na primeira sentença judicial.
Por outro lado a idéia de limitar as instâncias de julgamento para evitar acúmulo de processos no STF é absurda e pode incorrer em prejuízo nos casos em que a avaliação do resultado é importante.
A ineficiência da máquina judiciária não pode servir de argumento para limitar o direito do cidadão. Boa parte dos processos que seguem até a última instância possuem base e têm sua sentença reformulada. Dizer que basta uma segunda instância para dissipar dúvidas em relação ao julgamento de um processo não representa uma verdade.
O que fazer para evitar que haja abuso dos recursos? Mudar a mentalidade de quem opera o sistema. Não falamos apenas da área penal, mas cívil. Vamos a um exemplo: processos que envolvem grandes corporações, como no sistema financeiro, são mantidos por verdadeiros "batalhões" jurídicos, cuja função principal é usar o máximo de recursos, até que o processo caduque ou a outra parte desista.
A Caixa Federal está entre as maiores litigantes da Justiça brasileira. Uma delas, respondendo por 8,54% de todos os processos que tramitam no país
Não seria exagerado dizer que as instituições bancárias são um problema para o acúmulo de processos na Justiça, asssim como todo conglomerado de grande potencial financeiro, com seus "batalhões" jurídicos a serviço da prorrogação dos processos, que ao ser canalizados obstruem os tribunais.
São causas de baixo custo, se forem observadas de maneira isolada e diante do patrimônio de quem recorre interminavelmente. Mas para essas empresas e instituições financeiras a diversidade compensa, assim como o fato de querer evitar, a todo custo, que haja precedentes que envolvam novos processos.
Por esse motivo a Caixa Econômica deu um exemplo de realismo, tomando a atitude de romper com um hábito absolutamente contrário aos objetivos da Justiça, que é o abuso dos recursos proveniente da má fé e da tentativa de manipulação.
Usar de poderio financeiro para estagnar a máquina judiciária é uma maneira de jogar contra o próprio cidadão. O poder judiciário não pode admitir o uso indevido de um direito legítimo, que é o de recorrer, em um país onde ainda encontramos grande tráfico de influência e de interesses difusos principalmente em municípios e estados, onde existe uma linha muito tênue dividindo interesses políticos e financeiros, que podem invadir a estrutura da Justiça.
Para isso é preciso responsabilizar a ação do magistrado. Julgamentos mal formulados ou sem expressividade ou com alguma característica que denuncie má interpretação da lei também precisam ser separados e receber o crivo crítico, sendo encaminhados, se preciso for, à Corregedoria da Justiça. (AC)
Por outro lado a idéia de limitar as instâncias de julgamento para evitar acúmulo de processos no STF é absurda e pode incorrer em prejuízo nos casos em que a avaliação do resultado é importante.
A ineficiência da máquina judiciária não pode servir de argumento para limitar o direito do cidadão. Boa parte dos processos que seguem até a última instância possuem base e têm sua sentença reformulada. Dizer que basta uma segunda instância para dissipar dúvidas em relação ao julgamento de um processo não representa uma verdade.
O que fazer para evitar que haja abuso dos recursos? Mudar a mentalidade de quem opera o sistema. Não falamos apenas da área penal, mas cívil. Vamos a um exemplo: processos que envolvem grandes corporações, como no sistema financeiro, são mantidos por verdadeiros "batalhões" jurídicos, cuja função principal é usar o máximo de recursos, até que o processo caduque ou a outra parte desista.
A Caixa Federal está entre as maiores litigantes da Justiça brasileira. Uma delas, respondendo por 8,54% de todos os processos que tramitam no país
Não seria exagerado dizer que as instituições bancárias são um problema para o acúmulo de processos na Justiça, asssim como todo conglomerado de grande potencial financeiro, com seus "batalhões" jurídicos a serviço da prorrogação dos processos, que ao ser canalizados obstruem os tribunais.
São causas de baixo custo, se forem observadas de maneira isolada e diante do patrimônio de quem recorre interminavelmente. Mas para essas empresas e instituições financeiras a diversidade compensa, assim como o fato de querer evitar, a todo custo, que haja precedentes que envolvam novos processos.
Por esse motivo a Caixa Econômica deu um exemplo de realismo, tomando a atitude de romper com um hábito absolutamente contrário aos objetivos da Justiça, que é o abuso dos recursos proveniente da má fé e da tentativa de manipulação.
Usar de poderio financeiro para estagnar a máquina judiciária é uma maneira de jogar contra o próprio cidadão. O poder judiciário não pode admitir o uso indevido de um direito legítimo, que é o de recorrer, em um país onde ainda encontramos grande tráfico de influência e de interesses difusos principalmente em municípios e estados, onde existe uma linha muito tênue dividindo interesses políticos e financeiros, que podem invadir a estrutura da Justiça.
Para isso é preciso responsabilizar a ação do magistrado. Julgamentos mal formulados ou sem expressividade ou com alguma característica que denuncie má interpretação da lei também precisam ser separados e receber o crivo crítico, sendo encaminhados, se preciso for, à Corregedoria da Justiça. (AC)
sexta-feira, junho 10, 2011
PROTOCOLOS E CIRURGIAS PLÁSTICAS
O brasileiro cultua o corpo perfeito e está determinado a combater os sinais do tempo. O problema é o aumento de cirurgias plásticas que não obtém o resultado esperado pelos pacientes, que não recebem informação suficiente sobre as limitações desse tipo de intervenção.
O Brasil é o segundo país onde mais se realiza cirurgia plástica, perdendo apenas para os Estados Unidos, onde podem ser encontrados verdadeiros ciborgs da reparação física.
Nada a criticar. É bom saber que existem técnicas que podem transformar os erros da natureza em acertos ou os desgastes do tempo em fabulosos reparos que excluem peles que sobram e incluem volumes que se esvaziaram. O problema é outro, justamente a idéia de que isso pode ser realmente tão eficiente.
Estamos próximos de um milhão de cirurgias plásticas realizadas por ano em todo o país. Mais ou menos 80% são realizadas por mulheres. Parte delas são realmente necessárias, corrigindo orelhas de abano, nariz avantajado, reduzindo seios tão pesados que arcam a coluna e outros problemas semelhantes. A maior parte tem a finalidade não exatamente de corrigir, mas transformar. Quem tem seios pequenos, quer grandes próteses, quem não tem bunda quer volume, quem está reto quer lipoesculturar o corpo e ganhar contornos que a natureza negou.
A lista dos tipos de cirurgias realizados é extensa. Os problemas também: a maior parte das pessoas que recorrem à cirurgia plástica não fica satisfeita com o resultado. Acaba realizando outra e outra. Há pessoas que retornam ao cirurgião plástico várias vezes na busca de novos "reparos".
Agora discute-se a questão da informação ao paciente. Um conjunto de normas discutido e aprovado pelo Conselho Federal de medicina em Brasília, em maio passado, procura incentivar principalmente a troca de informações entre médico e paciente, não apenas para que haja perfeito conhecimento das condições físicas e orgânicas de quem vai se submeter à cirurgia, como também o esclarecimento dos limites dessa intervenção, que na cabeça do leigo assume transformações que na prática jamais poderiam ser obtidas.
A medida - que poderá levar a cirurgias plásticas mais realistas e com menor risco (o risco é o mesmo de qualquer cirurgia, ou seja, há risco e o paciente precisa ser monitorado), deverá reduzir as denúncias de erros médicos nessa especialidade. Isso porque além de esclarecer a respeito dos limites da intervenção, o protocolo obrigará a anotação de informações que podem reduzir intervenções feitas por quem não é cirurgião plástico, o que é comum. O protocolo de segurança não substituirá o prontuário médico e deverá ser preenchido e assinado em suas vias, uma delas para o médico e a outra para o paciente.
O Brasil é o segundo país onde mais se realiza cirurgia plástica, perdendo apenas para os Estados Unidos, onde podem ser encontrados verdadeiros ciborgs da reparação física.
Nada a criticar. É bom saber que existem técnicas que podem transformar os erros da natureza em acertos ou os desgastes do tempo em fabulosos reparos que excluem peles que sobram e incluem volumes que se esvaziaram. O problema é outro, justamente a idéia de que isso pode ser realmente tão eficiente.
Estamos próximos de um milhão de cirurgias plásticas realizadas por ano em todo o país. Mais ou menos 80% são realizadas por mulheres. Parte delas são realmente necessárias, corrigindo orelhas de abano, nariz avantajado, reduzindo seios tão pesados que arcam a coluna e outros problemas semelhantes. A maior parte tem a finalidade não exatamente de corrigir, mas transformar. Quem tem seios pequenos, quer grandes próteses, quem não tem bunda quer volume, quem está reto quer lipoesculturar o corpo e ganhar contornos que a natureza negou.
A lista dos tipos de cirurgias realizados é extensa. Os problemas também: a maior parte das pessoas que recorrem à cirurgia plástica não fica satisfeita com o resultado. Acaba realizando outra e outra. Há pessoas que retornam ao cirurgião plástico várias vezes na busca de novos "reparos".
Agora discute-se a questão da informação ao paciente. Um conjunto de normas discutido e aprovado pelo Conselho Federal de medicina em Brasília, em maio passado, procura incentivar principalmente a troca de informações entre médico e paciente, não apenas para que haja perfeito conhecimento das condições físicas e orgânicas de quem vai se submeter à cirurgia, como também o esclarecimento dos limites dessa intervenção, que na cabeça do leigo assume transformações que na prática jamais poderiam ser obtidas.
A medida - que poderá levar a cirurgias plásticas mais realistas e com menor risco (o risco é o mesmo de qualquer cirurgia, ou seja, há risco e o paciente precisa ser monitorado), deverá reduzir as denúncias de erros médicos nessa especialidade. Isso porque além de esclarecer a respeito dos limites da intervenção, o protocolo obrigará a anotação de informações que podem reduzir intervenções feitas por quem não é cirurgião plástico, o que é comum. O protocolo de segurança não substituirá o prontuário médico e deverá ser preenchido e assinado em suas vias, uma delas para o médico e a outra para o paciente.
quarta-feira, junho 08, 2011
EDUCAÇÃO É MOEDA DE DUAS FACES
É impossível organizar a sociedade investindo em soluções parciais. Há setores em que a situação torna-se cada vez mais crítica graças a essa mentalidade, a de tapar buracos ao invés de criar um planejamento eficiente que resolva em definitivo a questão - ou ofereça o menor ônus futuro. Insiste-se em medidas paliativas.
É o caso da Educação, que atinge um estado de farto desequilíbrio. Alunos trangressores e professores justificando baixos salários para a má qualidade de ensino confrontam-se com a realidade de uma maioria de crianças e jovens que desejam apenas estudar e professores sem qualquer vocação ou talento para ministrar aulas ou educar quem quer seja.
Desesperada com essa face da moeda - a de péssimos profissionais da Educação - uma mãe resolveu gravar a conversa com a diretora de uma escola da rede estadual de ensino de São Paulo. A diretora resumiu em poucas palavras a filosofia que adota no estabelecimento que administra, agindo como se a escola pública fosse "um favor" ao aluno e que seria impossível encontrar qualidade dentro dela. Que a mãe ficasse "a vontade" para transferir o filho para alguma escola particular...
Letargia, conformismo, irritação, desprezo. São sentimentos e ações que formam as cenas do cotidiano que se chocam todos os dias em nossas escolas. O discurso emocionado de uma professora em audiência pública na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte, enfatizando a base salarial muito baixa da categoria, entra em confronto direto com o outro lado da moeda, a de professores que não valem um tostão furado.
A responsabilidade, em ambos os casos, é de uma política educacional que vagueia pelos extremos sociais, sem encontrar uma saída eficiente e generalizada para dramas simultâneos.
É preciso reconhecer que criticar é extremamente fácil, ao contrário de criar mecanismos que permitam ao ensino público atingir seus objetivos sem intercorrências que estragam o grande e frequente investimento necessário à educação, como a própria remuneração de professores.
No entanto uma necessidade é muito clara e óbvia: valorizar a remuneração, mas simultaneamente também exigir a qualificação. Uma coisa não funciona sem a outra!
A qualidade do ensino é dependente da qualidade do professor. A capacidade ( não se fala apenas em qualificações, já que títulos de universidades também podem encobrir ausência de conhecimento para ministrar aulas e trabalhar a educação) daqueles que vão ministrar aulas no ensino público deve ser observada com maior rigor. Não adianta inflar os quadros com profissionais incompetentes, que receberão baixos salários enquanto profissionais qualificados ficam espremidos entre a realidade da má qualidade do ensino público e a impossibilidade de atuar na transformação da Educação. Porque uma escola onde os próprios profissionais agem com irresponsabilidade é uma instituição condenada à ineficiência.
É o caso da Educação, que atinge um estado de farto desequilíbrio. Alunos trangressores e professores justificando baixos salários para a má qualidade de ensino confrontam-se com a realidade de uma maioria de crianças e jovens que desejam apenas estudar e professores sem qualquer vocação ou talento para ministrar aulas ou educar quem quer seja.
Desesperada com essa face da moeda - a de péssimos profissionais da Educação - uma mãe resolveu gravar a conversa com a diretora de uma escola da rede estadual de ensino de São Paulo. A diretora resumiu em poucas palavras a filosofia que adota no estabelecimento que administra, agindo como se a escola pública fosse "um favor" ao aluno e que seria impossível encontrar qualidade dentro dela. Que a mãe ficasse "a vontade" para transferir o filho para alguma escola particular...
Letargia, conformismo, irritação, desprezo. São sentimentos e ações que formam as cenas do cotidiano que se chocam todos os dias em nossas escolas. O discurso emocionado de uma professora em audiência pública na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte, enfatizando a base salarial muito baixa da categoria, entra em confronto direto com o outro lado da moeda, a de professores que não valem um tostão furado.
A responsabilidade, em ambos os casos, é de uma política educacional que vagueia pelos extremos sociais, sem encontrar uma saída eficiente e generalizada para dramas simultâneos.
É preciso reconhecer que criticar é extremamente fácil, ao contrário de criar mecanismos que permitam ao ensino público atingir seus objetivos sem intercorrências que estragam o grande e frequente investimento necessário à educação, como a própria remuneração de professores.
No entanto uma necessidade é muito clara e óbvia: valorizar a remuneração, mas simultaneamente também exigir a qualificação. Uma coisa não funciona sem a outra!
A qualidade do ensino é dependente da qualidade do professor. A capacidade ( não se fala apenas em qualificações, já que títulos de universidades também podem encobrir ausência de conhecimento para ministrar aulas e trabalhar a educação) daqueles que vão ministrar aulas no ensino público deve ser observada com maior rigor. Não adianta inflar os quadros com profissionais incompetentes, que receberão baixos salários enquanto profissionais qualificados ficam espremidos entre a realidade da má qualidade do ensino público e a impossibilidade de atuar na transformação da Educação. Porque uma escola onde os próprios profissionais agem com irresponsabilidade é uma instituição condenada à ineficiência.
segunda-feira, junho 06, 2011
BOMBEIROS EM APUROS
Bombeiros do Rio de Janeiro criaram um impasse na tentativa de reivindicar melhorias salariais, ao utilizar um recurso civil, o da paralisação de suas atividades, em meio militar, já que integram Polícia Militar. Além disso invadiram neste domingo o quartel central da Coorporação e impediram viaturas de prestar socorro.
Perto de duas mil pessoas participaram do movimento (além dos bombeiros havia presença de familiares e simpatizantes das reivindicações) que aconteceu neste domingo e 439 bombeiros foram detidos e levados à Corregedoria da Polícia Militar.
Com o aumento do custo de vida, todas as categorias profissionais que são regidas por variações do salário-mínimo sofrem com a defasagem salarial e a redução drástica do poder de compra, evidente após um período de maior estabilidade nos últimos anos. Bombeiros não são exceção. No entanto o maior problema nesta ocorrência não é o reconhecimento da óbvia realidade de baixa remuneração, mas a ausência de senso crítico de trabalhadores de setores que são considerados essenciais à sociedade, neste caso específico a segurança e integridade da comunidade.
O bombeiro é um militar, exerce serviço público de grande importância e responsabilidade óbvia. Não pode se furtar a um atendimento, a um socorro, a uma ação de defesa em qualquer caso inerente à sua função. Por mais que seja uma instituição admirada e até reverenciada pela população, atuando em salvamentos e tantas vezes arriscando a própria pele para cumprir com sua finalidade, a partir do momento em que assume essa responsabilidade não desempenha apenas uma ação para interesses particulares, mas de ordem pública, onde qualquer omissão é considerada crime.
Não há como confundir essa interpretação. A instituição militar depende de disciplina, pois sem ela perde a sua finalidade. Não se inventou ainda uma maneira de manter a defesa da soberania de um país e a segurança do cidadão que funcione sem regras claras.
A remuneração dos bombeiros, assim como outros militares e também da polícia civil, é realmente muito baixa diante da responsabilidade de sua atuação. Caberia ao nosso Congresso colaborar no sentido de estabelecer regras mais realístas para remuneração desse tipo de trabalho. O Brasil peca pelos extremos - dinheiro demais para uns, remuneração absurdamente baixa para outros.
Lidar com essa realidade é uma grande complicação política. Por esse motivo nossos deputados e senadores não asssumem legislar sobre problemas cruciais ou definir uma posição clara em questões que atingem de frente a sociedade brasileira, preferindo conturbar o Congresso e o país com denúncias de inimigos políticos - que deveriam ser denunciadas à Polícia Federal e não servir de oba-oba de politica partidária - e projetos absurdos como as mudanças no Código Florestal, que agridem o próprio código!
O país acaba perdendo o senso critico das próprias instituições. Bombeiros, portanto, esquecem que não podem conturbar a ordem, mesmo em movimento pacífico, e muito menos impedir que sua função, fundamental para a vida, seja interrompida por reivindicações particulares ou pessoais.
O resultado disso é que mesmo sendo respeitados pela população e tendo reconhecida a realidade salarial absurda, os bombeiros detidos nesta madrugada devem responder pelo Código Penal Militar por motim, dano e impedimento ao socorro. Mesmo porque a sociedade não pode abrir mão da lisura de uma instituição extremamente importante para a vida da comunidade. (AC)
quinta-feira, junho 02, 2011
DIREITO DA GREVE CONFLITA COM DIREITO DO TRABALHADOR
Quem tem direito a greve? Teóricamente todas as categorias profissionais teriam o direito de se utilizar desta forma de pressão - considerada legítima - sobre o empregador que abusa do poder sobre o empregado. O objetivo é justo. Quando esse direito confronta o direito de outros trabalhadores, prejudicando a sociedade de maneira indireta, ele perde a razão, integrando algum espaço entre a lei e a desordem, boiando em um limbo constitucional.
É o caso da greve dos transportes em São Paulo, que transtornou a vida de 2,5 milhões de pessoas nos dois últimos dias, suspendendo a maior parte do serviço de onibus e trens. Para fazer valer reajustes que julgam justo, os trabalhadores desses setores prejudicam uma série de outros setores de produção que não possuem relação com sua reivindicação, além de abrir conflito direto com outras categorias profissionais, "arrastadas" para a sua causa sem que tenham permitido ou aderido a essa ação.
É quando o direito da greve se torna inconstitucional! É o caso das greves de servidores públicos, que paralisavam serviços essenciais à vida, como na saúde e na previdência social, penalizando a sociedade em uma briga que está circunscrita a um setor.
O Supremo Tribunal Federal reconheceu há alguns anos e já tardiamente, que a greve de servidores públicos necessitava de limites, mantendo pelo menos 30 por cento das atividades em funcionamento. É pouco! Servidores públicos não deveriam ter direito a greve com uma paralisação de 70% de serviços que já estão acumulados e são deficientes! Quantos processos acumulam-se no INSS, campeão das greves e paralisações, em todo Brasil?
Em uma sociedade cada vez mais complexa e acumulada de problemas, uma greve como a que assistimos hoje em Sao Paulo pode ser considerada altamente perigosa e desleal, pois se utiliza de um instrumento extremamente importante - o transporte de massa - criando circunstâncias que afetam o país. A pressão não acontece simplesmente sobre os empregadores, mas sobre as costas de outros trabalhadores e as custas de prejuízos difusos. Não é possível aceitar uma situação tão grave, que não representa um direito legítimo do trabalhador, pois não se limita aos seus empregadores e utiliza toda uma sociedade como pressão.
É o caso da greve dos transportes em São Paulo, que transtornou a vida de 2,5 milhões de pessoas nos dois últimos dias, suspendendo a maior parte do serviço de onibus e trens. Para fazer valer reajustes que julgam justo, os trabalhadores desses setores prejudicam uma série de outros setores de produção que não possuem relação com sua reivindicação, além de abrir conflito direto com outras categorias profissionais, "arrastadas" para a sua causa sem que tenham permitido ou aderido a essa ação.
É quando o direito da greve se torna inconstitucional! É o caso das greves de servidores públicos, que paralisavam serviços essenciais à vida, como na saúde e na previdência social, penalizando a sociedade em uma briga que está circunscrita a um setor.
O Supremo Tribunal Federal reconheceu há alguns anos e já tardiamente, que a greve de servidores públicos necessitava de limites, mantendo pelo menos 30 por cento das atividades em funcionamento. É pouco! Servidores públicos não deveriam ter direito a greve com uma paralisação de 70% de serviços que já estão acumulados e são deficientes! Quantos processos acumulam-se no INSS, campeão das greves e paralisações, em todo Brasil?
Em uma sociedade cada vez mais complexa e acumulada de problemas, uma greve como a que assistimos hoje em Sao Paulo pode ser considerada altamente perigosa e desleal, pois se utiliza de um instrumento extremamente importante - o transporte de massa - criando circunstâncias que afetam o país. A pressão não acontece simplesmente sobre os empregadores, mas sobre as costas de outros trabalhadores e as custas de prejuízos difusos. Não é possível aceitar uma situação tão grave, que não representa um direito legítimo do trabalhador, pois não se limita aos seus empregadores e utiliza toda uma sociedade como pressão.
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