quarta-feira, novembro 10, 2010

A AMEAÇA DA TRANSGENIA

"(...)e acho confuso esse negócio de transgênico, fiquei com receio porque soube que estamos consumindo alimentos transgênicos (...)ninguém sabe o que é isso.É verdade que podemos prejudicar a saúde com esses alimentos?(...)Como saber se estamos comendo um alimento natural ou de laboratório?(...)" (Helena L - Ribeirão Preto)

 A questão da transgenia, assim como a clonagem, é extremamente delicada, porque realmente possui "duas pontas", o bem ou o mal e tanto pode beneficiar a humanidade como acabar com ela! Por isso Helena, há tanta polêmica em torno disso tudo.

 Basicamente transgênicos são organismos que tem a sua genética modificada em laboratório. não apenas as plantas, mas todos os organismos, incluindo animais. A transgenia permite transpor a característica de uma espécie para outra, introduzindo o gene de uma no DNA da outra .

Muda transgênica:  igual na aparência, mas potencialmente diferente no teor
Para entender melhor, é bom lembrar que a muda de uma planta, obtida por ramos ou folhas de um vegetal, são resultado de uma clonagem, claro que de uma mesma espécie e de maneira natural. Já a modificação feita pela transgenia mistura espécies, através dos genes.

Qual o objetivo disso? Nas últimas três décadas os países estão investindo muito nessa pesquisa. O argumento é "do bem", tentando melhorar o organismo, tornando uma planta mais resistente à uma praga ou um alimento mais nutritivo. Digamos que a laranja pode ser cultivada com teor mais elevado de vitamina C!

Até aí, tudo bem. Mas a mesma técnica que permite que um cultivo seja resistente a determinadas doenças e pragas, evitando o uso de agrotóxico, tão perigoso para a saúde humana, também pode ser usada para o oposto, tornando a planta resistente ao agrotóxico e fazendo com que esse veneno seja usado cada vez em maior quantidade!

Custa crer, mas é verdade. Apenas para se ter uma idéia do interesse no uso da transgenia - assim como da clonagem- para ganhar dinheiro, basta examinar as estatísticas dos grandes investimentos nesse tipo de pesquisa nos últimos trinta anos! Vamos verificar que pertencem a empresas privadas, inclusive grandes multinacionais da indústria farmacêutica ou que fabricam agrotóxicos ou defensivos agrícolas. Qual o interesse dessas grandes empresas que exploram o capital, em pesquisas genéticas?

Assim temos denúncias de alimentos transgênicos resistentes a agrotóxicos, quando deveria acontecer o contrário! Ou seja, ao invés de investir na saúde, estaríamos investindo na doença, em nome do lucro e da rotatividade!

O uso indevido da manipulação genética pode causar danos gravíssimos ao meio ambiente e ao ser humano, como no caso de plantas modificadas que recebem um gene resistente a antibióticos! Ou a ingestão de alimentos modificados poderia levar as bactérias do intestino humano a ganhar essa resistência aos antibióticos, enquanto diminuiria a capacidade imune do organismo.

Esse processo também é acusado de criar reação nas plantas , que acabam por provocar alergia no ser humano - e coincidentemente, de fato, a população humana sofre cada vez mais desse mal, tornando-se intolerante a uma quantidade cada vez maior de alimentos.

As espécies de salmão existentes - de rios e do mar - em comparação
com o salmão transgênico: até três vezes maior. A FDA americana garante
que  não há riscos em seu consumo, pois a modificação seria apenas no
ciclo hormonal do peixe, embora haja receio de que caso entre em contato
com o meio ambiente essa nova espécie possa favorecer a extinção das
demais, que já podem ser consideradas ameaçadas

É preciso pensar - e muito - sobre os danos no ambiente e no futuro de todas as espécies naturais com  a aplicação dessa modificação por interesses pessoais ou sem o devido planejamento: a biodiversidade pode ser afetada. Em áreas de cultivo selvagem ( onde não há necessidade de manejo para a terra produzir a planta, como no caso de milharais, por exemplo)o pólen de um transgênico poderia contaminar a área, fecundando espécies nativas. E sem biodiversidade, as consequências poderão ser desastrosas para produções futuras.

Como você pode ver, a questão não é simplesmente ser contra ou a favor dos transgênicos, mas saber de que maneira e sob que controle eles estão sendo aplicados. Transgenia e clonagem podem construir um mundo melhor se houver controle de sua utilização, com expressa proibição de seu uso com finalidade particular ou empresarial, mantendo-se uma fiscalização rigorosa e punindo severamente os casos irregulares ou atividades ilegais no uso de pesquisas.

Afinal ninguém quer viver em um mundo onde os alimentos matam quem os ingere e os porcos ganham dois lombos para dobrar a indústria de carnes. Já sofremos as consequências do uso de hormônios nas aves - frangos levam um terço do tempo para ganhar o tamanho adulto - e de anabolizantes, como bensonato de estradiol,  na carne bovina. Uma situação desse porte interessa apenas a quem quer um grande lucro a curto prazo e à indústria da saúde, como a farmacêutica e os que exploram  atendimento médico com o aumento da fragilidade física humana. Mas apenas por enquanto, porque nem mesmo a esses setores haverá futuro se a situação não for controlada!

Sabemos todos que o mundo está cada vez mais populoso e que a fome ainda é uma realidade em grande parte dele. Mas querer resolver um problema criando outro - que pode colocar toda a humanidade em uma grande saia justa de estragos futuros - não pode ser uma alternativa!

É preciso buscar novas políticas que permitam que haja sustentabilidade e para isso é preciso mudar a mentalidade de que o capital está indelevelmente ligado à destruição do meio e à exploração do homem.Uma mudança que deve acontecer em todos os níveis, a partir do meio familiar e educacional. Essa ampliação da visão  para uma sociedade que gere capital sem alto custo social  é um desafio comum para população e dirigentes do mundo todo, que já promovem encontros para discussão de novas políticas, como a ambiental, ainda que o consenso esbarre na crença de que economia seja sinônimo de depredação e exaustão do planeta! (Mirna Monteiro)



6 comentários:

  1. É POSSIVEL SABER QUAL ALIMENTO É TRANSGÊNICO? QUAL A RELAÇÃO COM O ALIMENTO ORGÂNICO?

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  2. infelizmente, para saber até que ponto a transgenia faz mal, é necessário o teste na prática; a realidade é que somos todos cobaias, e realmente a superpopulação não deixa outra alternativa

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  3. Celma, infelizmente não há como saber se determinado alimento é ou não transgênico ou se foi processado com algum grão ou qualquer outro componente que tenha sofrido manipulação genética.
    Naturalmente o consumidor precisaria ser avisado sobre o uso do transgênico, direta ou indiretamente no produto. Mas como isso ainda causa muita discussão e polêmico, não há indicação nas embalagens a respeito.
    É bem provavel que estejamos consumindo produtos trangênicos diferentes, sem saber.
    Daí a polêmica a respeito das pesquisas.

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  4. minhas dúvidas foram tiradas depois que li sua matéria...eu sou totalmente contra esses processos de transgênia...parabéns pela postagem

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  5. Antes de se produzir um organismo geneticamente modificado (Transgênico), são realizados estudos.
    Por exemplo: a introdução de uma proteína de defesa contra insetos em uma espécie sem resistência. A Proteína em questão é avaliada quanto ao efeito da sua utilização na alimentação humana antes de ser introduzida no novo organismo. Mesmo quando toxica para humanos uma proteína sofre no processo de cozimento a desnaturação, o que lhe inativa.
    No caso do feijão por exemplo (Phaseolus vulgaris), existe uma proteína a PHA que é toxica para insetos e humanos no entanto, ela é inativada por altas temperaturas...

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  6. O Governo francês pediu outra vez à Comissão Europeia para suspender a autorização do cultivo de milho transgénico MON810 da empresa Monsanto. O pedido foi baseado em novos estudos científicos, disse nesta sexta-feira o Ministério do Ambiente francês.

    Uma moratória inicial ao cultivo de culturas transgénicas, lançada pela França em Fevereiro de 2008, foi invalidada pelo Tribunal de Justiça Europeu no Luxemburgo e pelo Conselho de Estado.

    O Governo anunciou a 28 de Novembro a oposição ao cultivo do MON810, e a ministra do Ambiente, Nathalie Kosciusko-Morizet, fez recentemente o pedido para bani-lo de novo antes do fim de Fevereiro.

    Este pedido, disse o Ministério num comunicado “é baseado em estudos científicos recentes”. E inclui uma revisão da Agência Europeia para a Segurança Alimentar, publicada a 8 de Dezembro, que “mostra que o cultivo de milho representa riscos significativos para o ambiente”.

    A opinião dada pela a agência alimentar é sobre o milho transgénico Bt11, mas “defende-se que muitas das questões levantadas pelo B11 podem ser transpostas para [a variedade] da Monsanto”, disse a ministra à AFP.

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