sexta-feira, outubro 08, 2010

Alunos sem controle



"Tenho oitavas séries que me sugam a alma!"...lamentou a professora Márcia Junqueira, durante uma discussão sobre a dificuldade crescente de manter a ordem nas salas de aulas, principalmente nos anos finais do ensino fundamental.
O que está acontecendo? É correto afirmar que o comportamento de crianças e adolescentes na escola resumem a condição enfrentada pelo meio. Pais mais ocupados e ausentes impõe às novas gerações um tipo de "livre escolha" comportamental , que afeta não apenas a maneira de se comunicar com o mundo e os limites éticos na relação comunitária, como provoca uma incapacidade em lidar com os próprios sentimentos e potencial de aprendizado.
Os pais por outro lado recusam-se a assumir sua responsabilidade nesse processo, exigindo das escolas uma atuação mais ampla do que seria conveniente. Ensino privado, hoje, oferece horários integrais e atividades variadas, para pais que possam pagar o preço.  Os pais, por sua vez, sentem-se aliviados: precisam trabalhar ainda mais para pagar um alto preço para, além da educação, poder usufruir de serviços de uma "escola babá"! Consolam-se com o fato de haver atividades diversas, impedindo que a criança fique diante da televisão ou do computador, ou em atividades de maior risco, quando estão ausentes! 
Mas será que a escola, mesmo quando programada para ocupar o aluno além do currículo de aprendizado, pode substituir os valores que deveriam ser assimilados no contato familiar? 
Em gerações passadas a escola era um espaço
extremamente controlado


A gravidade da situação varia conforme a área de localização da escola e dos alunos. Em contato com uma realidade diária cada vez mais difícil, os professores tentam cumprir com as aulas antecipando a limitação de sua ação. 
"Eu ali, com paciência, tentando ensinar a turma um conteúdo, e aqueles alunos terriveis, de costas, gargalhando no fundo da sala. Os alunos da frente estavam interessados, mas não conseguiam ouvir, por conta do barulho que faziam. Joguei o livro sobre a mesa, e dei um berro com eles, eles se calaram, ficaram olhando pra mim."...O relato mostra que o aprendizado torna-se difícil pela própria heterogeneidade das salas. E que "falta freio" na maioria dos jovens que encaram a sala de aula de maneira displicente.
"Já gritei muito! Hoje fico olhando para tudo aquilo meio que angustiado" confessou outro professor. 
'" É preciso pressionar os pais dos alunos com o próprio ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)  pois nele existe um artigo que deixa bem claro que é responsabilidade dos pais ou responsáveis a conduta da criança ou do jovem e do seu rendimento escolar enquanto estes não alcançam sua maioridade", diz outra professora.
Lidar com essa realidade hoje exige dos professores maior preparo emocional e boa dose de psicologia para tornar adolescentes mais interessados no aprendizado. Caso contrário, vem a desistência. "Percebi que não vou aguentar por muitos anos. Há dias em que saio da escola com os nervos à flor da pele"...
"Eu leciono há 15 anos e percebo claramente que as classes vão se tornando mais difíceis a medida em que os pais são mais ausentes. Essas crianças estão habituadas a enfrentar em casa ou a indiferença ou a extrema violência. É preciso preparar os professores para essa realidade e criar mais contato com os pais", opina Márcia

3 comentários:

  1. Tenho uma colocação: Os meios de comunicação audiovisual não raras vezes retratam acontecimentos violentos protagonizados pelos alunos nas escolas. De fato, "inverteram-se os papéis e os métodos violentos de alguns professores eram tradicionalmente mais frequentes no mundo escolar: castigo físico, humilhações verbais. Atualmente, os professores não podem exercer qualquer tipo de castigo aos alunos sob pena de sofrerem sanções disciplinares, mas e os alunos? Que perfil apresentam os adolescentes que se envolvem em violência nas escolas?
    Aracy Puga

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  2. Sem uma profunda reforma o Ensino não tem futuro

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  3. Ineida Franco3/30/2011 11:21 AM

    A educação não pode ser organizada e atingir objetivos sem que o conjunto social também seja trabalhado.É muito comodismo querer que um professor assuma a educação de uma criança ou jovem que depende de vários fatores,como os pais,ambiente domestico,ambiente social.Consideremos ainda o fato de muitos professores jovens serem despreparados pelo mesmo motivo.Eu lecionei por 35 anos e posso dizer que não adianta investir só na escola.

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