O julgamento do casal Nardoni e a sentenca final tiveram uma importância histórica. Por que? Por que motivo o assassinato da garotinha Isabella teria maior importância em um momento de grande violência contra as criancas e tantos outros assassinatos igualmente terríveis?
Porque este caso em especial tornou-se um símbolo de uma realidade que precisa urgentemente ser modificada. E isso envolve não apenas os abusos contra criancas, mas o disparate de uma série de outros abusos que levaram ao congestionamento do mecanismo de detencão e punicão dos criminosos.
A manutencão da prisão dos assassinos e a sentenca do julgamento do pai e da madrasta de Isabella Nardoni foi mais do que uma representacão de uma acão modelo, tanto dos peritos que surpreenderam com o trabalho de levantamento das provas, como do julgamento em si.
Esse caso representou tudo que o cidadão comum mais ansiava: recursos e acões que culminassem com a Justica, em um caso onde não havia dúvida da autoria do crime. As pessoas estão sufocadas pela impunidade,com a impressão de que o sistema não funciona ou funciona apenas parcialmente.
Saber que o castigo dificilmente acontecerá e que o crime é sem consequências estimula tanto o pedófilo, o assassino, quanto um estelionatário, um politico corrupto ou um ladrão de galinhas!
Talvez isso tenha facilitado a morte de Isabella. Cada vez mais pais, madrastas e padrastos e outros que tem a guarda de menores ultrapassam o limite de poder sobre as criancas dentro de casa, utilizando em alguns casos violência física e psicológica e em outros abusos diversos, inclusive de violência sexual.
São acões criminosas gravíssimas, mas de difícil comprovacão. No entanto quando o abuso ultrapassa os limites, muitas vezes a crianca é assassinada para eliminar acusacões futuras. A punicão é sempre incerta...
Isabella resumiu em seu sorriso todas as criancas que foram assassinadas e tornou-se filha de todas as pessoas que reconhecem o direito inviolável de uma crianca crescer com dignidade. Seus agressores vestiram a pele de todos aqueles que imaginam que poderão evitar qualquer punicão pelo fato de poder pagar a uma equipe de advogados ou por manter qualquer outro tipo de influência ou poder de grupos religiosos ou políticos!
Por tudo isso é possível entender a comemoracão popular quando o casal Nardoni, pai e madrasta de Isabella, foram condenados. Um euforia motivada pela tensão diária de uma sociedade que tem com o principal desafio restituir ao meio comum o senso de ética, de cidadania e de respeito à vida!
MIRNABLOG analisa os acontecimentos e discute as dúvidas com imparcialidade, respeitando a sua inteligência
domingo, março 28, 2010
segunda-feira, março 22, 2010
BULLYING "DAS PRIMAS"
Um novo tipo de gangue parece ameaçar a sociedade hoje: a "gangue das primas". Essa forma inusitada de ação marginal tem como cenário uma escola do ensino fundamental de uma cidade do interior paulista e é composta por meninas que se unem para agredir covardemente uma aluna que esteja desacompanhada, em geral na saída das aulas.
Gangue das primas...a vulgaridade no nome combina com o resultado: agressões cada vez mais sérias, a última delas levando a vítima ao hospital. De acordo com uma das meninas agredidas, a "gangue" forma um círculo em torno da vítima, à semelhança das ações dos grupos nazistas e neo-nazistas.
Os motivos? Indefinidos. Inveja, disputa por atenção ou simplesmente a sensação de poder sobre a vítima, a exemplo do bullying que também multiplicou-se nas escolas nos últimos anos.
Estamos lidando com uma geração doente? Que motivos levariam crianças e jovens a formar um grupo com intenção de atacar alguém indefeso?
A direção da escola "lavou as mãos": dentro do estabelecimento, dizem, não há ação de gangues! Pode ser verdade, já que as agressões costumam acontecer na saída da escola. O que, em hipótese alguma, significa que a responsabilidade não seja da direção, dos educadores em geral e de toda a sociedade!
Isso acontece simultaneamente com o julgamento do casal Nardoni, pai e madrasta que teriam assassinado a garotinha Isabella Nardoni, de cinco anos. Simultaneamente também com uma enxurrada de registros de outros assassinatos e maus tratos de crianças pelos próprios pais.
A mentalidade da "gangue das primas" é a mesma aque envolve os casos de desprezo pelo bem-estar e pela vida das crianças dentro da própria família: a sociedade está sem freios de valores e desacreditada na Justiça, seja ela de nosso sistema judiciário, seja divina!
A família deixa de ser um grupo inter-responsável e passa a ser descartável, servindo apenas aos interesses imediatos!
Quando os filhos viram um "estorvo", são eliminados de alguma maneira. Pais separados e suas famílias, como os avós, recusam-se a assumir a responsabilidade pela prole, que é descartada, como se os seus direitos pudessem ser eliminados dessa forma.
Parece ter sido esse o caso dos Nardoni e da pequena Isabella, que gravitava entre duas casas, a da mãe e a do pai e da madrasta. Ela certamente amava o pai e os meio-irmãos e queria integrar-se à eles. Teria sido o caso Isabella um resultado da mentalidade da "gangue das primas"?
Ou seja, teria sido Isabella "um estorvo"? Infelizmente, talvez a rejeição neste caso seguisse rumos inesperados e absurdos. Mas a origem da ação, certamente, pode ter sido a mesma da eliminação de filhos que são sumariamente afastados do convívio familiar da família do pai que se divorciou da mãe ou com quem teve filhos mesmo sem convivência marital.
Para evitar essa nova mentalidade de "descarte humano" e restabelecer o respeito à vida, é preciso que tanto a Justiça como toda a sociedade rejeite veementemente qualquer ação irresponsável ou violenta e puna rigidamente a agressão e o abandono da criança, em qualquer circunstância, grave ou atenuada.
Os casos devem ser denunciados e exaustivamente expostos, rompendo de vez a "discrição familiar" que serve apenas, nos casos de abandono, abuso ou violência, para esconder o mundo marginal de pessoas que se fazem passar por cidadãos exemplares...
Gangue das primas...a vulgaridade no nome combina com o resultado: agressões cada vez mais sérias, a última delas levando a vítima ao hospital. De acordo com uma das meninas agredidas, a "gangue" forma um círculo em torno da vítima, à semelhança das ações dos grupos nazistas e neo-nazistas.
Os motivos? Indefinidos. Inveja, disputa por atenção ou simplesmente a sensação de poder sobre a vítima, a exemplo do bullying que também multiplicou-se nas escolas nos últimos anos.
Estamos lidando com uma geração doente? Que motivos levariam crianças e jovens a formar um grupo com intenção de atacar alguém indefeso?
A direção da escola "lavou as mãos": dentro do estabelecimento, dizem, não há ação de gangues! Pode ser verdade, já que as agressões costumam acontecer na saída da escola. O que, em hipótese alguma, significa que a responsabilidade não seja da direção, dos educadores em geral e de toda a sociedade!
Isso acontece simultaneamente com o julgamento do casal Nardoni, pai e madrasta que teriam assassinado a garotinha Isabella Nardoni, de cinco anos. Simultaneamente também com uma enxurrada de registros de outros assassinatos e maus tratos de crianças pelos próprios pais.
A mentalidade da "gangue das primas" é a mesma aque envolve os casos de desprezo pelo bem-estar e pela vida das crianças dentro da própria família: a sociedade está sem freios de valores e desacreditada na Justiça, seja ela de nosso sistema judiciário, seja divina!
A família deixa de ser um grupo inter-responsável e passa a ser descartável, servindo apenas aos interesses imediatos!
Quando os filhos viram um "estorvo", são eliminados de alguma maneira. Pais separados e suas famílias, como os avós, recusam-se a assumir a responsabilidade pela prole, que é descartada, como se os seus direitos pudessem ser eliminados dessa forma.
Parece ter sido esse o caso dos Nardoni e da pequena Isabella, que gravitava entre duas casas, a da mãe e a do pai e da madrasta. Ela certamente amava o pai e os meio-irmãos e queria integrar-se à eles. Teria sido o caso Isabella um resultado da mentalidade da "gangue das primas"?
Ou seja, teria sido Isabella "um estorvo"? Infelizmente, talvez a rejeição neste caso seguisse rumos inesperados e absurdos. Mas a origem da ação, certamente, pode ter sido a mesma da eliminação de filhos que são sumariamente afastados do convívio familiar da família do pai que se divorciou da mãe ou com quem teve filhos mesmo sem convivência marital.
Para evitar essa nova mentalidade de "descarte humano" e restabelecer o respeito à vida, é preciso que tanto a Justiça como toda a sociedade rejeite veementemente qualquer ação irresponsável ou violenta e puna rigidamente a agressão e o abandono da criança, em qualquer circunstância, grave ou atenuada.
Os casos devem ser denunciados e exaustivamente expostos, rompendo de vez a "discrição familiar" que serve apenas, nos casos de abandono, abuso ou violência, para esconder o mundo marginal de pessoas que se fazem passar por cidadãos exemplares...
quarta-feira, março 17, 2010
Limites
A cena é a seguinte: em uma avenida de Jundiaí policiais separam mãe e filha, um bebê de um ano e dois meses, após denúncia de que a mulher estaria pedindo esmolas e utilizando a crianca como chamariz.
O momento é traumático, com mãe e bebê aos prantos e berros. Por fim a crianca é arrancada dos bracos da mulher e levada em uma viatura policial para um abrigo.
A questão é complicada. Deixar que uma crianca seja usada para angariar esmolas é inadmissível e absolutamente contrário à lei. No entanto usar desse tipo de violência - arrancar a crianca dos bracos da mãe - também é condenável.
Vivemos uma crise de valores tão grande, que os limites entre o certo e o errado estão ficando confusos. Para evitar danos psicológicos ao bebê a justica acabou cometendo outro ato traumático, que sem dúvida rendeu um transtorno para a crianca. Seria muito mais fácil recolher mãe e filha até o abrigo, acalmar o bebê e então levar a mulher para a delegacia.
Mas não temos tempo nem expediente para evitar os erros que tentam punir outros erros e infracões.
Vivemos a "era do protocolo". Que é isso? É um tipo de comportamento padrão que facilita o atendimento em diferentes setores, mas acaba distorcendo e trazendo muitos prejuizos que tornam o sistema inoperante, ou seja, não resolve muita coisa não...
Protocolos são uma verdadeira praga, pois querem simplificar o que é complicado justamente pela sua diversidade.
Não podemos nivelar a tudo e a todos. Na medicina o protocolo de médicos leva pessoas a ingerir medicamentos desnecessários ao seu caso individual. Se uma crianca chega com a garganta irritada, ela terá receitado os mesmos antibióticos de outra com infeccão mais grave. Mas por que? Porque é esse o "protocolo" do pediatra!
Na dúvida, todos recebem tratam ento padrão. Isso é ruim para quem poderia vencer o problema apenas com boa alimentacão e acompanhamento? É sim! Então por que receitar antibióticos desnecessários? Para garantir ué! Esse é o protocolo!
E por ai vai. Na área de saúde ou na burocracia de reparticões públicas, na educacão, na Justica, em todo canto! É a praga do modelo pré-fabricado que deve caber em todos os manequins! O que ninguém explica é como pode um modelo único de comportamento ou atendimento servir para tamanha diversidade de situacões!
A conclusão que se chega é que nossa sociedade é regida por robôs, programados (e mal programados em muitos casos) e sem a autonomia profissional e o bom senso que permite a necessária adaptacão de regras e leis ao caso em questão! Parece monografia de fim de curso, que segue tão rigidamente as regras a ponto de ser sempre absolutamente igual. Ou seja, não prova capacitacão, mas apenas adaptacão ao padrão!
Conhecimento limitado e enquadrado e acões idênticas para situacões diferenciadas?
Essa nossa crise de criatividade e conhecimento mostra o risco da mediocridade social. Em nada beneficia o controle da violência e os desafios
que ameacam a organizacão social. Pelo contrário, perpetua os erros e aumenta a dor de cabeca do cidadão. Assim vamos mal!
O momento é traumático, com mãe e bebê aos prantos e berros. Por fim a crianca é arrancada dos bracos da mulher e levada em uma viatura policial para um abrigo.
A questão é complicada. Deixar que uma crianca seja usada para angariar esmolas é inadmissível e absolutamente contrário à lei. No entanto usar desse tipo de violência - arrancar a crianca dos bracos da mãe - também é condenável.
Vivemos uma crise de valores tão grande, que os limites entre o certo e o errado estão ficando confusos. Para evitar danos psicológicos ao bebê a justica acabou cometendo outro ato traumático, que sem dúvida rendeu um transtorno para a crianca. Seria muito mais fácil recolher mãe e filha até o abrigo, acalmar o bebê e então levar a mulher para a delegacia.
Mas não temos tempo nem expediente para evitar os erros que tentam punir outros erros e infracões.
Vivemos a "era do protocolo". Que é isso? É um tipo de comportamento padrão que facilita o atendimento em diferentes setores, mas acaba distorcendo e trazendo muitos prejuizos que tornam o sistema inoperante, ou seja, não resolve muita coisa não...
Protocolos são uma verdadeira praga, pois querem simplificar o que é complicado justamente pela sua diversidade.
Não podemos nivelar a tudo e a todos. Na medicina o protocolo de médicos leva pessoas a ingerir medicamentos desnecessários ao seu caso individual. Se uma crianca chega com a garganta irritada, ela terá receitado os mesmos antibióticos de outra com infeccão mais grave. Mas por que? Porque é esse o "protocolo" do pediatra!
Na dúvida, todos recebem tratam ento padrão. Isso é ruim para quem poderia vencer o problema apenas com boa alimentacão e acompanhamento? É sim! Então por que receitar antibióticos desnecessários? Para garantir ué! Esse é o protocolo!
E por ai vai. Na área de saúde ou na burocracia de reparticões públicas, na educacão, na Justica, em todo canto! É a praga do modelo pré-fabricado que deve caber em todos os manequins! O que ninguém explica é como pode um modelo único de comportamento ou atendimento servir para tamanha diversidade de situacões!
A conclusão que se chega é que nossa sociedade é regida por robôs, programados (e mal programados em muitos casos) e sem a autonomia profissional e o bom senso que permite a necessária adaptacão de regras e leis ao caso em questão! Parece monografia de fim de curso, que segue tão rigidamente as regras a ponto de ser sempre absolutamente igual. Ou seja, não prova capacitacão, mas apenas adaptacão ao padrão!
Conhecimento limitado e enquadrado e acões idênticas para situacões diferenciadas?
Essa nossa crise de criatividade e conhecimento mostra o risco da mediocridade social. Em nada beneficia o controle da violência e os desafios
que ameacam a organizacão social. Pelo contrário, perpetua os erros e aumenta a dor de cabeca do cidadão. Assim vamos mal!
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