quarta-feira, dezembro 13, 2017

RISCOS PRIMITIVOS DA INTERNET

Um ex-funcionário do Facebook, em entrevistas publicadas na internet, afirmou que "o comportamento das pessoas está sendo programado sem que elas percebam". Ou seja, apesar de ser uma realidade óbvia, que leva internautas a reclamações constantes do sistema das redes sociais, esse tipo de comunicação causaria, em resumo, uma "alienação involuntária".  O sistema reconheceria as pessoas como absolutamente fragilizadas, facilmente manipuláveis e absolutamente acríticas!


A realidade não é bem essa. As redes sociais em geral, sem exceção, são de fato um risco potencial para influenciar comportamentos e ideias. Não surgiram com esse objetivo, mas como todo e qualquer recurso existente na sociedade humana, não poderiam passar incólumes à interferência de interesses.
Aliás, toda a internet, que representa um espelho do mundo em versão virtual, não é um espaço preservado e seguro. Está sujeito aos mesmos riscos e perigos da vida não virtual.
A diferença é que a sensação de preservação no mundo virtual é menos realista.

As redes sociais são um perigo? Tanto quanto qualquer atividade humana, em qualquer espaço existente Quem não tem computador também corre riscos perigosos o tempo todo, com a televisão, por exemplo. Com rádios, jornais e revistas, que também surgiram com bons objetivos, mas são alvo de manipulação óbvia.

O que quer dizer isso? Que não importa onde haja interação, haverá sempre a interferência para manipular as pessoas. Verdade e mentira andam lado a lado porque todos os fatos ou realidade sofrerão a invasão dos interesses, sejam eles nobres ou criminosos.

"As redes sociais são um perigo? 
Tanto quanto qualquer atividade 
humana, em qualquer espaço existente"

Nesse ponto surge a pergunta: a internet é um perigo? A resposta obviamente é, sim, é tão perigosa quanto qualquer lugar. Até mesmo o seu quintal! Mas enquanto for livre é menos ameaçadora do que a televisão, por exemplo, que é dominada por grupos de interesses econômicos e politicos que de fato ditam comportamentos e ideias. A televisão deixou de ser entretenimento e cultura, para transformar-se em uma imensa armadilha ideológica, onde até os cultos das igrejas evangélicas enlatadas assumem um poder de influência definitivo, assim como qualquer marketing veiculado nesse sistema. Programas e jornalismo são deformados para servir a política dos grandes grupos. E não existe a contestação a essas imposições midiáticas, porque é um sistema fechado.

E a internet? Seria esse tipo de comunicação mais poderoso do que a televisão, rádio, cinema e as toneladas de mensagens subliminares, nos riscos de tornar a sociedade escravizada e doente?

A internet não é um risco. Mas sofre o risco de ser tornar-se também manipulada e perigosa. Enquanto o espaço for livre, não há maior risco do que na vida rotineira fora dela: verdade e mentira, crimes e castigos, o vazio e o cheio, tudo isso, fica exposto para avaliação de quem navega pelos seus espaços, ciente de que é preciso separar o joio do trigo.
Uma das criticas a sistemas como o WhatsApp é a facilidade com que falsas notícias são veiculadas. Também nos sites de relacionamento "fatos" ou comentários cheios de malícia levariam à um estado de "balbúrdia mental", interferindo no comportamento.
Mas isso não aconteceu sempre? Antes da internet? Antes da revolução industrial?  Nos tempos primitivos onde a ignorância curvava-se a crenças  construídas para dominar a massa?

A internet, pelo contrário, abriu um espaço inédito de comunicação, onde é possível contestar possíveis fatos ou verdades, em igualdade de condições entre o bom senso e a má intenção. Algo assim como reunir deus e o diabo no mesmo palco, onde existe um espaço livre.

"A internet réune deus e o diabo 
no mesmo palco. Isso irrita a
ditadura da grande mídia" 
                                

Espaço livre significa livre expressão, seja ela do herói ou do bandido, respeitadas as regras para limites de abusos óbvios.
Na livre expressão encontra-se o fundamento do pensamento e da capacidade crítica. E é isso que enfurece os grandes grupos habituados a ditar comportamentos da massa.
Mas se houver limitação em seu uso ou qualquer interferência que desequilibre as forças da informação, a internet poderá de fato tornar-se um espaço de absoluta escravidão.

Sites de relacionamento são sites de relacionamento. Podem ter sido criados para favorecer encontros das pessoas que vivem isoladas na vida urbana e sufocante das grandes cidades do planeta, mas acabam por criar uma interação mais ampla por força da própria necessidade humana. A troca de ideias pode ser um namoro, uma receita culinária, um chá contra gases, um desabafo emocional, mas também vai enveredar por discussões profissionais, debates filosóficos que permitam aprimorar o senso crítico e por fim, políticos, assim como pode servir a individuos criminosos, porque a vida cotidiana possui toda essa realidade. E não há como existir interação humana, sem este universo de preocupação.

A internet não é o risco. Mas o sistema humano é cercado de perigos, em tempos primitivos ou cibernéticos. O que torna qualquer campo de atividade humana ou qualquer espaço de comunicação um risco potencial!



quarta-feira, outubro 11, 2017

A ARTE, A NUDEZ E A HIPOCRISIA


A grande discussão nas redes sociais que teve como ponto de partida o oportunismo político de um grupo denominado MBL (Movimento Brasil Livre) que defende ideias de direita e extrema direita, colocou em evidência dois importantes desafios da atualidade: o conceito de arte e sua limitação e a falta de maturidade e bom senso da sociedade em lidar com uma grave agressão à criança: a pedofilia.
O que museus e exposições de arte tem a ver com pedofilia? Nada obviamente!
A arte também funciona como crítica do meio. Não tem poder de deflagrar comportamentos criminosos.
O objeto da balbúrdia foi uma performance da obra "Bichos", apresentada em uma única sessão no MAM, Museu de Arte Moderna de São Paulo, onde um artista apresentava-se despido. A nudez, em ambiente separado e onde apenas entrava e compartilhava da apresentação pessoas que sabiam de seu conteúdo, não tinha qualquer objetivo erótico. Muito pelo contrário. Como a interação era permitida, justamente como forma de derrubar preconceitos contra o corpo, sem conotação sexual, algumas crianças que estavam acompanhadas de seus pais, interagiram com o artista.
Foi o suficiente para que políticos evangélicos e esse grupo MBL atacassem furiosamente o museu, esbravejando a "imoralidade" e o "estímulo à pedofilia" na apresentação de um corpo nú masculino.
Esse tipo de reação é preocupante, porque não ajuda em nada as distorções, muito pelo contrário. O que é que combatemos? A anatomia humana ou a doença e a criminalidade sexual?
O direito das crianças está entre quatro paredes, onde a sua inocência fica confusa diante da brutalidade da pedofiia, que acontece em mansões ou casebres de papelão, e da exploração sexual quando vivem em ambientes miseráveis e são jogadas à rua para prostituição.
Outros museus, principalmente europeus, estão sendo pressionados por essa nova mentalidade reacionária, que estimula o uso de armas e violência, mas condena a crítica aos costumes e a liberdade de conhecer e debater tabus.
Obras de arte, seja em murais ou telas da antiguidade, sempre retrataram a nudez, natural em todos os animais e em muitas culturas.
O nú na arte sempre teve uma conotação de expandir a liberdade individual, em meio a culturas extremamente hipócritas, onde o corpo coberto estimula imaginação sexual e não impede estupros e abusos.
A ignorância dos riscos que uma criança sofre com artifícios de criminosos pedófilos, que raramente são descobertos, é um agravante para alimentar o crime. Imaginar que uma criança que não é alertada sobre esses riscos, entendendo a diferença entre a mera nudez e o perigo do abuso sexual, esteja "preservada", é algo irreal e perigoso!
O apelo à sexualidade hoje é impossível de ser controlado. Está em todos os lugares. Não é a nudez, mas o apelo sexual e a sensualidades excessiva que acabam sendo interpretados da pior forma possível pelas crianças mantidas na ignorância das funções do corpo.
O risco não está em museus. Está nas novelas de tv, nos bailes funk e nas musicas de baixa qualidade e alto consumo e até nos desenhos infantis, de maneira subliminar ou nem tanto.
Centrar a "cruzada purificadora" em museus não resolve nada. Muito pelo contrário, perpetua a exploração da criança sem testemunhas.
De maneira hipócrita e escondida. Faz de conta que o corpo não existe e que os crimes contra a criança são ficção!
Assim desejam aqueles que cometem o crime de pedofilia ou exploram sexualmente crianças: que toda a sociedade finja que isso não existe!

sábado, junho 03, 2017

ESQUERDA É O QUE?

"(...) Acho confuso esse negócio de esquerda (...) parece mão esquerda que não faz nada direito (...) (Patrícia V.A) 

"Eu não gosto nem de esquerda, nem de direita, cambada de aproveitadores (...) " (Guilherme C)



No palanque improvisado sobre um caminhão, a pessoa, em meio ao grupo que se espremia na carroceria, de microfone em punho, berrava aflito que "as elites não iriam impedir a classe trabalhadora de revolucionar este país" e abertamente reforçava o discurso de "elite x povo".
Esquerda é isso?
É essa a confusão do brasileiro (e de cidadãos do mundo todo) quando se fala em política e resume-se à questão dos conflitos em duas metades: direita e esquerda!
Será assim tão simples?
"Esquerda e direita" ajudou a definir a luta da população na Revolução francesa, no finzinho do século 18, quando a situação ficava à direita e os insatisfeitos à esquerda do presidente no parlamento. Ou seja, foi casual, mas marcou a referência: aqueles que desejavam manter uma política basicamente voltada para o capital, pragmática e seletiva e aqueles que não aceitavam essa condição rebaixamento social, reivindicando maior justiça social, equiparando as condições de sobrevivência de todos os cidadãos.
O que aconteceu ao longo do tempo?
A simplificação da política não foi bem sucedida. Houve subdivisões da ideia "direita, esquerda" e surgiram na Europa as variações que buscavam uma realidade prática da política.
A esquerda, assim como a direita, tem seus extremos e portanto houve necessidade de nominar as caracteristicas dos movimentos políticos. Extrema esquerda entre os mais radicais, que defendiam o comunismo e o trotskismo  (nivelamento da sociedade).
Centro-esquerda os grupos que defendiam o socialismo-democrático, progressistas e social-democratas (e ambientalistas, humanistas). Nesse caso não há rejeição ao capital e aos recursos econômicos, mas também não se exclui os direitos humanos básicos.
Já a direita também pode ser dividida entre radicais (com politicas que chegam ao fascismo ou nacional socialismo), conservadores que privilegiam o pragmatismo e o capital em detrimento das condições da massa, se assim for preciso, ou democratas cristãos, que são conservadores em assuntos sociais. Em outras palavras, não consideram as necessidades sociais uma prioridade, se elas vierem a modificar a prática do capital.

A interpretação de que "esquerda" é comunismo é um equívoco alimentado pela "direita", que explorou o receio da massa em perder bens e liberdade com "essa ameaça". O comunismo é apenas uma ideologia de esquerda, baseado na teoria da igualdade, que dificilmente conseguiu ser aplicada.
A predominância da esquerda  é a democracia baseada na redução da pobreza e na abertura  de condições de sobrevivência dignas, com acesso à educação e saúde. Não pretende nivelar a sociedade, mas evitar desajustes que levem ao desequilíbrio nocivo do meio.

Por esse motivo aa pessoas ficam confusas e interpretam a esquerda como "comunismo" ou anti-democracia, o que não tem fundamento algum. A esquerda radical acaba prejudicando os movimentos de esquerda que tentam reabilitar a democracia e preservar os direitos. São ferozes em suas críticas aos acordos com conservadores em governos democráticos, considerando a necessidade de  "acabar" com os moldes das politicas econômicas, ao invés de encontrar novos parâmetros de convivência entre as necessidades do capital e a dignidade humana.

E assim como os radicais de direita, os radicais  de esquerda tem um ponto comum: reforçam a ideia de luta de classes e a existência de uma "raça superior" traduzida na palavra "elite".

Elite, na verdade, ´traduz o que é mais valorizado. Ora, usar esse termo em um momento de confusão da informação, como este que vivemos, acaba reforçando também a ideia de fragilidade popular, diante de "semideuses" valorizados. Quem apoia fracassados? Ora, as classes que tentam subir economicamente acabam aderindo à essa falsa ideia de "superioridade" social e acabam apoiando ideias de radicais de direita ou direita conservadora, por mera ilusão, voltando-se contra a "esquerda" que seria "dos pobres".

O termo "elite e plebe" portanto, é uma arma contra a democracia de fato, usada pelos extremistas de direita e de esquerda. Prejudica a esquerda que busca o equilibrio através da democracia, discutindo a miséria e as políticas econômicas de maneira mais realista e produtiva para todos, ricos, remediados ou pobres!

 Hoje não temos nobreza. Apenas pobreza. Esse tipo de discurso de classes fortalece setores conservadores e ratifica a sensação de fragilidade da sociedade. Aí temos este quadro: de um lado os grupos que têm poder econômico (e portanto político). De outro os grupos sociais e politicos que misturam teorias de esquerda radicais e pouco funcionais (não há muito espaço para defesa de divisão equitativa entre os cidadão do mundo) e aqueles que de fato defendem a democracia plena, buscando um equilibrio das realidades. E no meio temos a imensa massa de pessoas que não entende nada e fica balançando entre um e outra influência.

segunda-feira, maio 29, 2017

A CORRUPÇÃO É VELHA, MAS A MENTALIDADE É NOVA


Não se fala em outra coisa em todos os cantos do país: corrupção! Uma realidade que traz revolta e confusão para a maioria.
Os próprios juristas conflitam opiniões a respeito da corrupção, na avaliação do peso da responsabilidade de quem corrompe, de quem é corrompido, ou daqueles que se aproveitam indiretamente da corrupção, omitindo-se à denúncia.
Genericamente, o cidadão resolve fácil essa questão, quando o assunto é corrupção política: "tira esse bando de safados do poder", ou "Sinto dor de barriga quando vejo o quanto um puto desses (sic) custa aos cofres públicos" .
Há ainda aqueles que escrevem nas redes sociais o desabafo de decepções da vida. "São esses caras que acabam com o trabalhador" ou anunciam um futuro sem corruptos: "Vamos acabar com  festa desses caras!"
Em tantas manifestações indignadas ou revoltadas, há um fato incontestável: as pessoas estão direcionando todas as decepções com o sistema, para a corrupção, porque no meio politico e administrativo de um país, esse tipo de crime rebate duras consequências para a sociedade.
Por esse motivo, o desabafo atinge todos os setores  que comandam a vida do cidadão. Todos são corruptos na politica, nos governos municipais, estaduais, na esfera federal, no Congresso Nacional, no sistema Judiciário, nas redes de televisão e grandes jornais e revistas que vendem a distorção da realidade por muito mais do que 40 moedas!
A situação é tão grave que até mesmo operações criadas para combater a corrupção estão sendo acusadas de distorção e de ações corruptas, ao proteger politicamente os mais influentes e os interesses de corporações.
Mas por que isso está acontecendo hoje?
A pergunta se refere à reação popular. Porque a corrupção sempre aconteceu!
Nos velhos tempos, no início da República brasileira, começo do século XX, o país viveu o coronelismo, que no final das contas dominava a politica e a economia de acordo com os seus interesses.
Isso nunca foi segredo. Tanto é que a população falava a rodo no tal "voto de cabresto" que permitia aos grandes latifundiários dominar a politica a partir da área rural, onde a população estava concentrada.
Havia fraudes, barganha, violência e compra de votos.
O problema é que isso continuou décadas e décadas adiante, até os dias de hoje.
Veio a política do "Café com Leite", onde São Paulo e Minas Gerais eram soberanos na eleição de todos os presidente da República, até 1930.
Depois disso houve uma mudança...mas nem tanto.
Com o golpe de 1964 e a ditadura aberta (antes era fechada...), o sistema manteve alta a corrupção, que foi exercida sem freios.
A população sabia que isso acontecia. Mas as denúncias de corrupção eram encaradas com a benevolência da mídia, sustentada por esse esquema.
O "rouba, mas faz ", tornou-se popular, diante das denúncias de superfaturamento de obras generalizado, em municípios, estados e na esfera federal, mas ganhou uma "face", a do governador Paulo Salim Maluf.
A ironia e o sarcasmo dos "eleitos" na época tinha base da certeza da impunidade.
Quem iria mexer no vespeiro da corrupção politica?
Quem iria conseguir apoio e força para aparelhar investigações sérias, quando governos seguidos enfraqueceram a Polícia Federal e fortaleceram as relações comprometidas de um Congresso que perdeu  a principal função de representação de interesse popular, para curvar-se a interêsses privados, através de lobbies poderosos?
O que estamos enfrentando hoje não é maior corrupção política. Muito pelo contrário, é um início de combate à corrupção descarada e enraizada.
Pela primeira vez na história do Brasil, a corrupção está sendo discutida, ao invés de ficar em algum espaço perdido na consciência popular
I

Independente de qualquer ação que o sistema corrompido faça, no sentido de reduzir a caça aos corrompidos ou corruptores, criando inclusive falsas denúncias para encobrir a verdadeira corrupção ou ridicularizando a ação da Policia Federal, uma nova mentalidade popular começou a vencer a antiga inércia sobre crimes políticos.

Estamos evoluindo, afinal!


Veja também: http://leiamirna.blogspot.com.br/2011/03/cerebros-corruptos.html



quarta-feira, maio 10, 2017

APOIO A LULA TERIA BASE NA PARCIALIDADE DE MORO

As redes sociais fervilham, acusando Sergio Moro de ser parcial por razões
políticas, o que explicaria a ausência de provas concretas nas acusações ao
ex-presidente Lula, que foi o único presidente da República que aparelhou
a Policia Federal para combater a corrupção. O ministro Teori Zavascki, do
Supremo Tribunal Federal, morto em 19 de janeiro último, criticou
duramente a maneira de Moro conduzir a investigação contra Lula.
Há duas realidades que se evidenciam no embate do juiz Sergio Moro, de Curitiba, e o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, Lula. A primeira delas é a incansável perseguição da Lava Jato curitibana em busca de provas que o tornem réu; a outra, em oposto, é o surpreendente apoio popular ao ex-presidente, que teria como base principal a inconformação com o que está sendo chamado de "perseguição política".
Para entender essa controvérsia entre o que seria justiça, é preciso avaliar todo o conjunto da problemática brasileira, envolvida em corrupção acentuada a partir da ditadura militar. Nos anos que se seguiram à abertura política, entre o repasse de poder aos militares, as eleições indiretas e por fim a abertura democrática com o retorno do voto popular. 
A democracia do voto, porém, não conseguiu eliminar a corrupção enfronhada no sistema. Tampouco conseguiu evitar os vícios do poder, onde lobbies no Congresso mantinham as necessidades nacionais atreladas a interesses de grupos econômicos ou interesses corporativos.
Além disso, as ações da corrupção ampliaram-se na forma de superfaturamento de obras e serviços, desviando bilhões dos cofres publicos ao longo das décadas de 80 e 90.
As denúncias de corrupção eram engavetadas e esquecidas. 
A relação com a corrupção, um vespeiro que governante algum teve coragem de enfrentar, tornou-se exageradamente "uma fatalidade" a ser tolerada pela população brasileira, que recebeu a ironia que merecia, na mentalidade do "rouba, mas faz" , em alusão ao superfaturamento das grandes obras.
Ao assumir a presidência da República, em janeiro de 2003, Lula tornou-se uma pedra no sapato da politica brasileira, quando começou a tomar medidas de combate a corrupção.
Mexeu no tal "vespeiro".
A primeira reação à esta busca de combate a corrupção, com o governo Lula fortalecendo a autonomia da Polícia Federal, foi uma reação da oposição  com a criação do chamado "mensalâo do PT", A intenção era bastante óbvia:  pretendia atribuir ao partido do presidente da República, que aparelhava o combate à corrupção, a condição de "corrupto", com a manipulação do próprio sistema de propinas, que já existia há décadas.
A estratégia consistiu em "sacrificar"  corruptos reais, como Roberto Jefferson, na época do PTB, que assumiu a denúncia, afirmando indiretamente que começava a "era da corrupção", justamente no primeiro governo disposto a combate-la.
A estratégia, bastante óbvia para o brasileiro, não funcionou. Lula seria reeleito no pleito seguinte, continuando a fortalecer as investigações. E reelegeu em seguida Dilma Rousseff, que também foi vitoriosa nas eleições de 2014, continuando a politica de combate à corrupção.
Mas Dilma Rousseff foi surpreendida por outra estratégia política: um impeachment, que foi baseado em "conjunto da obra", por um Congresso onde a maioria dos parlamentares tem denúncias sérias de corrupção, originadas há décadas.
O embate (assim está sendo chamado até pela própria imprensa) entre Lula e Moro é acusado pela população de ser parte da estratégia politica e não de real combate à corrupção. Não há provas de qualquer corrupção contra o ex-presidente. Moro baseou suas acusações em delações premiadas, que foram contraditórias. 
Também há grande contradição nas acusações da equipe da Lava Jato do Paraná e do procurador  Deltan Dallagnol, que foi publicamente criticado pelo ministro do Supremo Teori Zavascki, morto em um acidente alguns meses depois. 
Teori foi claro, ao alertar a ação de Dallagnol e sua equipe, considerando-a voltada para a "espetacularização", na busca da grande midia para relatos sem provas, baseadas em "achismos". As acusações são feitas em suposições e sem a seriedade exigida em denúncia tão grave.
Moro recebe apoio amplo da grande mídia, como as organizações Globo, que é uma das empresas denunciadas por grande sonegação de impostos.

                                                        EMBATE POLITICO

Aparentemente, o que deveria ser um depoimento comum, se baseado unicamente em razões legais, transformou-se em um grande embate politico. 
Moro recusou a transmissão ao vivo do depoimento, mesmo em meio à denúncias de que o depoimento de Lula seria editado, para ser divulgado pela mídia, também acusada de comprometimento,, como a Globo. 
Moro também antecipou um "ambiente de conturbação", acusando populares de ter a "intenção de depredar" as imediações. Assim proibiu qualquer cidadão de permanecer nas proximidades.
Ao agir assim, o juiz Sergio Moro reforçou a denúncia de parcialidade da Lava Jato de Curitiba, colocando em evidência a possibilidade do julgamento ser exclusivamente politico e reforçando a denúncia de "perseguição a Lula", conforme a opinião das redes.



                                       TÁTICA PARA DESVIAR A ATENÇAO

Outra acusaçâo da população nas redes é o fato do depoimento de LuLa a Sergio Moro ser estrategicamente marcado em data compatível com a tramitação final de um dos projetos mais polêmicos do atual governo, assumido pelo vice do governo Dilma Rousseff, Michel Temer; a votação da reforma na Previdência, completamente repudiada pela população.
Marcar o depoimento de Lula na mesma data esvaziaria manifestações contra a reforma pretendida por Temer. E vice- versa!
A ideia seria "diluir" os protestos, mostrando que a inconformação popular é real e incômoda para o governo, assim como é para a lava jato de Moro.




leia também    https://theintercept.com/2017/05/09/a-degradacao-do-estado-de-direito-por-tras-do-embate-moro-x-lula/



quinta-feira, março 30, 2017

O ADVOGADO E O DOUTOR

Imagine esta cena: em uma Defensoria Pública, a mulher que se identificou como sendo defensora pública responsável pela unidade, recusa o cumprimento de uma pessoa que pedia esclarecimentos sobre falta de informação e, olhando a mão estendida, identifica-se soberbamente: "Eu sou a DOUTORA  fulano de tal".
Isso aconteceu diante de dezenas de testemunhas e engrossa a listagem cada vez mais longa de reclamações contra a Justiça brasileira, que apresenta grave deficiência no atendimento público ou particular e nos resultados dos processos. Para firmar-se em um mero título, essa advogada cometeu um crime de constrangimento moral...em uma instituição pública que existe justamente para punir esse crime também.
Advogado é doutor? 
Por que?
Essa pergunta está sendo cada vez mais repetida e a categoria dos advogados cada vez mais criticada. 
Em 1827, uma lei do Império determinou o título de "doutor" a quem concluísse os recém-criados cursos de Ciências Jurídicas e Sociais e posteriormente fosse reconhecido como "Lentes" de fato, mostrando o domínio do conhecimento e capacidade diferenciada.
Advogados, filósofos, pessoas com "douto saber",  recebiam o reconhecimento pela sua sabedoria, com o titulo de "doutor".
Isso no século 19, onde a sociedade ainda era basicamente separada entre escravos, plebe, comerciantes, grandes fazendeiros, nobres e...doutores. Todos submetidos ao regime imperial.
Estamos no século 21. 
O que temos?

O Brasil forma, por hora, uma dezena de bacharéis de Direito. Por hora! Imagine a quantidade de candidatos ao título de "doutor", que serão "abençoados" pela Ordem dos Advogados no país, que tomou para si a responsabilidade de "filtrar" a maioria de bacharéis, que apesar de formados, nao possuem competência alguma para o exercício da profissão.
Agora vem o mais importante: a OAB  elimina com seu exame de admissão perto de 80% desses bacharéis.
Resolveu o problema de competência?
Não!
O Brasil possui um milhão de advogados que se acham no direito de ser chamados de "doutor", sem que tenham de fato um doutorado pelo menos, mas que desesperam a população quando ela necessita de um bom defensor que obtenha justiça.
É, não existem mais os "Lentes" do século 19, que eram admirados pela sua sabedoria, em vários campos de trabalho, inclusive na Justiça.
O título de "doutor" para advogados é um absurdo nos dias de hoje, se considerarmos a prática atual da advocacia. Serve apenas para respaldar o ego de milhares de profissionais que não cumprem com o papel principal de um defensor, manchando uma categoria de trabalho fundamental para a sobrevivência da sociedade.
Quantos clientes procuram diariamente os Conselhos de Ética da OAB no país?
Quantos são vítimas e não conseguem um atendimento nesses conselhos?
Quantos deixam de registrar suas queixas de advogados que são ignorantes da própria função, que abusam de seus clientes com informações falsas, que não trabalham nas causas e apenas jogam processos mal articulados para julgamentos?
Advogados que se aproveitam das procurações, que absurdamente sempre são assinadas com plenos poderes, e  agem criminosamente?
 Ou que se aproveitam da ignorância do cidadão que representam, e fazem artimanhas com os depósitos que são captados em processos ou depositados em suas contas (na conta bancária do advogado), para repasse posterior, nem sempre suficientemente justificados?
Advogados que entram em acordos secretos com a parte contrária, recebendo propinas em detrimento dos direitos daqueles que representam?
Nesse universo de um milhão de profissionais, podemos garantir que não são poucos. E a OAB não possui mecanismos suficientes para evitar esses estragos.
Doutores ou simplesmente senhores advogados, a verdade é que a categoria está seriamente ameaçada pela contaminação dos maus profissionais.

 E aí vem finalmente a pergunta, centrada na triste figura da defensora pública que se acha superior a qualquer cidadão, com seu título capenga: a OAB que insiste em admitir o tratamento de "doutor" a advogados está impedindo a sociedade de conhecer quem é que tem de fato talento e força moral para exercer a profissão e quem é que quer apenas apoiar-se em um título, seja pela fraqueza moral, seja por intenções pouco nobres

leia também http://leiamirna.blogspot.com.br/2012/03/posso-processar-o-advogado.html

quarta-feira, março 08, 2017

ALTOS LUCROS PARA CONCESSIONARIAS

A energia elétrica vai ficar mais cara, em altos percentuais. O atual governo culpa medidas anteriores, que baratearam o custo da energia.

 As concessionárias no entanto, festejam o retorno de altos lucros.
É isso que ocorre no Brasil: a exploração de serviços essenciais não para sua manutenção, mas sim como comércio extremamente lucrativo, o que contraria os princípios da exploração desses setores fundamentais.

 A energia elétrica, indispensável até o momento para a vida do país, sua economia e sobrevivência do cidadão, é tratada como um mero produto a ser explorado por empresas, ainda que teoricamente essa sede de lucro alto possa ser contida pela própria legislação.

As medidas do atual governo Temer são claramente a favor do lucro das empresas que exploram serviços essenciais, como energia. Mas todo tipo de concessão no Brasil é extraordinariamente mais lucrativo do que em outros países. E nesse balaio podemos colocar vários setores, que vão da energia à concessão de rodovias, das telecomunicações ao sistema de saúde, da exploração de recursos naturais, ao transporte público. da captação e tratamento do lixo e esgoto, à serviços funerários.

O abuso é evidente. O que se quer saber é o seguinte: porque esse abuso acontece?

Não bastam os argumentos de quem explora o setor e dos interesses da concessão. Essa "indenização milionária" que a a Justiça determinou e que vai aumentar extraordinariamente as contas do consumidor brasileiro (não são percentuais iguais e em alguns casos essa indenização não é cabível, ficando em dependência de cada concessionária (são dezenas em todo país) não está bem explicada.

O que se quer saber é o seguinte: uma vez que o investimento da empresa foi completado para produçao e distribuição de energia, qual o limite de sua margem de lucro? Como é o controle, que também observa a lisura da ANEEL, que como toda autarquia vinculada ao governo federal, segue políticas de ação, nem sempre a favor do consumidor.
Enfim, o que seria a margem de lucro na exploração comercial de setores considerados essenciais?

O lucro nos serviços essenciais não pode ultrapassar a razão da subsistência da população e da economia do país.

"A privatização nos anos 90 transferiu 25 empresas de energia elétrica para o setor privado e implementou um sistema tarifário que simula competição, instrumento usado para aumento das tarifas a patamares internacionais. Os setores empresariais que controlam a indústria da eletricidade no Brasil passam a ter lucros extraordinários", denunciou  Gilberto Cervinski, coordenador do MBA, Movimento dos Atingidos pelas Barragens.

Considerar "prejuizo" e aumentar tarifas de maneira tão astronômica em parte das concessões, como vemos agora, é permitir vitória de um cartel na exploração da energia elétrica. O que torna a legalidade dessa vitória das concessionárias que alegam "perdas", bastante questionável, em um momento de graves conflitos com um governo imposto pelo Congresso Nacional.


quarta-feira, fevereiro 22, 2017

SENADO E CÂMARA DESPREZAM OPINIÃO E PETIÇÕES POPULARES

Quando foi anunciada a "sabatina" no Senado, para aprovação do nome de Alexandre de Moraes para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal,  diferentes setores da sociedade brasileira, principalmente juristas, manifestaram-se contra essa aprovação. Mas entre as muitas críticas e denúncias contra  Moraes, uma das questões mais ouvidas e registradas pela imprensa brasileira, fora e dentro da internet, era a que colocava essa "sabatina"como absolutamente ornamental: o Senado tem uma maioria comprometida com o governo Temer, que por sua vez reune partidos que são amplamente citados nas denúncias de corrupção.
O brasileiro percebeu que a vontade popular
não é preocupação do Congresso neste
atual governo, que não abre mão de imposições
"O que está acontecendo com o Brasil? Vivemos uma ditadura?" Frases como esta fervilham nas redes sociais, que tornou-se um ambiente de discussão e debates sobre as questões mais polêmicas, que antigamente ficavam escondidas sob o manto da grande mídia, que consolidou-se a cobrir com o tapete as verdades inconvenientes para seus patrocinadores.
A fúria popular demonstrada em sites como Facebook, Twitter e outros, fundamenta-se no absoluto alheamento da Câmara  Federal, do Senado e do próprio Governo, em relação às críticas, opinião e às exigências da população, que se manifestam cada vez mais através de petições de Ação Popular, que teoricamente teriam o poder de interferir na postura do Congresso.
Teoricamente. 
Porque na realidade, os "ouvidos moucos" de deputados e senadores, tem sido um bofetão na face do brasileiro.
Não é apenas o desprezo pela opinião de juristas de todo país, como no caso da aprovação do nome de Alexandre de Moraes para ministro do Supremo.
Recentemente, irritado com a Justiça que determinou respeito ao projeto de combate à corrupção, que havia sido totalmente desfigurado pelos parlamentares, o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, do DEM, declarou que queria a "checagem dos dois milhões de assinaturas"  populares.
Maia, envolvido ele próprio em denúncias de corrupção, conseguiu com esse tipo de atitude rebaixar qualquer brasileiro à condição de "mero espectador" de qualquer ação que um parlamentar decida, seja contrária ou a favor do país!

 "Governo e Congresso parecem

  reduto de reinos e reis, que não

se submetem à vontade popular"



A pergunta é: para que serve um parlamentar?
Hoje o Brasil parece um reduto de reinos e reis, que não se submetem à seus vassalos.
Poderíamos chamar isso de ditadura?
A partir do momento em que a população não tem qualquer poder de decisão ou seu poder de decisão é manipulado e distorcido, a democracia cedeu lugar para uma ditadura. 
Pequenos ditadores, que agem com absoluta certeza da impunidade, revirando as leis e desrespeitando a Constituição, com aval da grande mídia. É essa a interpretação que se tem nas milhares de discussões que acontecem a todo instante nas redes sociais, onde a crítica ao atual governo é inequívoca e crescente, como nunca antes aconteceu com qualquer governo ou história do Legislativo brasileiro.
Nem mesmo na ditadura militar.
Naturalmente há uma minoria de deputados e senadores que agem de maneira ética e clara, reconhecendo que como representantes da população, o seu papel é defender interesses desta população, e não de grupos isolados.
Por esse motivo é importante acompanhar as votações no Congresso e o posicionamento de cada parlamentar diante de assuntos de grande interesse nacional.


Leia também:
http://www.revistaforum.com.br/2017/02/22/a-alegria-de-senadores-envolvidos-na-lava-jato-ao-aprovarem-alexandre-de-moraes-para-o-stf/


As charges que correm na internet:














segunda-feira, fevereiro 20, 2017

TEMER PREPARA VENDA DO PAÍS

Até mesmo areas da Amazônia, objeto de desejo de
grupos estrangeiros, podem entrar em risco no futuro.
O brasileiro pode tornar-se um estrangeiro em sua
própria terra. Exagero? Não. Risco real!
Não se trata de perder a soberania brasileira de sopetão. Mas se o governo atual, através de Michel Temer, cumprir com a ameaça de uma Medida Provisória para regulamentar a venda de terras para estrangeiros, certamente o domínio brasileiro sobre o seu próprio país corre sérios riscos futuros.
Você pode perguntar: mas o fato de um estrangeiro ou empresa de outros paises, digamos, dos EUA, vierem a adquirir terras no Brasil, isso não representaria investimento de capital estrangeiro?
Até certo ponto, o investimento de capital estrangeiro é benvindo, desde que não represente o domínio de setores ou  áreas essenciais a soberania do país.
O argumento de Temer e de seu ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, é frágil, ainda que o tom dessa medida tenha a intenção de convencer a população de que "compensa pela expectativa de volume em investimentos no país".
Terra não é mercadoria. Terra é sobrevivência do país!
Argumentos que tentam provar que haveria "controle
do domínio" são frágeis. Todo investimento de capital
estrangeiro deve acontecer sem riscos à soberania
nacional
Compensa?
Vamos pensar sobre essa questão, a começar por uma realidade insofismável: essa proposta recebe apoio de uma minoria de brasileiros. A contar nos dedos, recebe apoio de parlamentares que são a base politica desse atual  e recente governo Temer, os mesmos que se agruparam para o impeachment da presidente Dilma Rousseff (sem argumento constitucional e baseado apenas em votações no Congresso) e que coincidentemente estão envolvidos em denúncias de corrupção, citados em delações da Lava Jato e outras operações da Polícia Federal.
Do lado de fora desse governo, vamos encontrar opiniões técnicas e políticas que demonstram o risco dessa proposta, para o futuro do país.

   De qualquer maneira, são áreas imensas 
do país nas mãos de interesses externos.

O que significa afinal "vender terras a estrangeiros"?
Significa que grupos estrangeiros poderiam ter controle de propriedades agrícolas extensas, decidindo como explorar essa terra. Mas também determina que um grupo estrangeiro que comprou 100 ou 200 mil hectares de chão brasileiro ( o projeto prevê a venda de até mil km quadrados de área, mais extensa do que muitas cidades brasileiras. Mas o risco de exceções e vendas de áreas ainda maiores é latente), tem a posse desse espaço, que pode ser utilizado como área estratégica que vai além da imaginação agrícola.
De qualquer maneira, são áreas imensas do país nas mãos de interesses externos.
Portanto temos dois grandes riscos, que essa proposta de Temer, apoiada por grupos de parlamentares do PMDB (parcial. Esse partido possui uma minoria de parlamentares independentes), DEM e PSDB,(total) entre outros partidos que dominam o Congresso, tenta colocar em prática: o risco ambientalista e o risco da soberania brasileira, o que está levando à protesto inclusive dos Militares.
A pergunta é: ainda que o Brasil não tivesse enorme potencial para reequilibrar a economia, valeria a pena essa medida?
Não há nada que justifique colocar o país em risco futuro, como pretende essa proposta, que já está nas mãos de relator na Câmara Federal.
O objetivo é votar rapidamente, para que o brasileiro não tenha tempo de raciocinar sobre a questão.
Como declarou Guilherme Delgado, representante da CNBB em discussão sobre a questão, "O projeto vai na contramão dos regimes fundiários instituídos pela Constituição de 1988. Precisamos entender que a terra não é mercadoria, mas um bem intergeracional de uso múltiplo e com função social clara".
De fato, a terra brasileira não é mercadoria, como pretende esse perigoso projeto.

Quer saber mais? Leia sempre várias fontes de informação, antes de definir sua opinião.
Aqui estão algumas publicações imparciais sobre essa grave questão:



http://www.cartacapital.com.br/politica/governo-temer-prepara-mp-para-venda-de-terras-a-estrangeiros

Veja também argumentos em plenário contra essa medida do atual governo:

http://www.brasil247.com/pt/247/parana247/281084/Requi%C3%A3o-Sinto-horror-e-indigna%C3%A7%C3%A3o-diante-da-venda-de-terras-brasileiras.htm

http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/AGROPECUARIA/512537-DEBATEDORES-DIVERGEM-SOBRE-PROJETO-QUE-REGULA-COMPRA-DE-TERRAS-POR-ESTRANGEIROS.html

terça-feira, fevereiro 14, 2017

INVERSÃO NO CRIME DE CORRUPÇÃO

A Lava Jato, perdendo força e credibilidade

Em um discurso cuidadosamente elaborado, o atual presidente da República Michel Temer declarou que qualquer um de seus ministros de Estado poderá ser afastado provisoriamente se for investigado na Lava Jato.  Até mesmo exonerado de seu cargo, caso fique comprovada sua culpabilidade.
Bem...
Grandes palavras. Agradáveis ao ouvido do cidadão, ávido por um país mais equilibrado e limpo, sem a exploração que faz parte de sua história desde as capitanias hereditárias.
Mas aí tem alguma coisa estranha!
Por exemplo, o próprio Temer, que assumiu após a retirada da presidente Dilma Rousseff pelas forças políticas do Congresso, é citado 44 vezes nas delações da Odebrecht, principal alvo da Lava Jato.
Dos 28 ministros colocados por Temer, pelo menos 10 deles são citados por possível corrupção, além de seus três líderes na Câmara Federal e Senado.  Fato que levou à denúncias de que Temer estaria usando os ministérios para fornecer fôro privilegiado aos seus aliados.
Desde o início das investigações da Lava Jato, principalmente da operação comandada pelo juiz Sergio Moro, de Curitiba, provas concretas não são a tônica das investigações. Moro já se indispôs com o próprio Supremo, por suas "táticas investigativas" pouco convencionais, que incluíram inclusive ações coercitivas sem base legal, como no caso da estranha intimação do ex-presidente Lula em pleno aeroporto.

"A conclusão é a seguinte: vivemos tempos 
de inversão de valores e, 
portanto, temos uma interpretação invertida 
do que seria a corrupção 
a ser punida e a categoria de corruptos 
que deve ir ao banco de réus"

Para o juiz Moro, bastam os indícios, como ele próprio declarou. E ele prefere manter em sigilo as delações, como se fosse soberano sobre as decisões e filtragens dessas denúncias.
Se assim é, pelo menos um terço do ministério do atual presidente Temer e outro terço do Congresso Nacional, que tem parlamentares com denúncias gravíssimas e portanto fortes indícios, pertencem à categoria de corruptos até prova contrário, como parece ser a tônica da Lava Jato de Curitiba, que vem apresentado ao país formas inusitadas de prender bandidos corruptos no nosso meio político, ainda que apenas empresários da Odebrecht  tenham sido duramente punidos em suas ações saneadoras da corrupção, além de integrantes do PT.
O discurso de Temer, portanto, com grande intenção de força moralizadora, mas fraco argumento prático, não oferece qualquer garantia de combate à corrupção. Não gera confiança. Mantém no ar as denúncias de que o combate à corrupção não passa de um grande artifício político, que pretendia apenas minar um partido que estava em expansão, em detrimento dos grupos de poder formados pelo PSDB e outros partidos politicos em franca decadência de popularidade.
De qualquer maneira, é preciso lembrar que a Lava Jato é apenas uma operação!
Há corrupção e corruptos por todos os lados, parlamentares ou administradores públicos, que cometeram atos já denunciados e comprovados de ações ilícitas.
A Lava Jato não opera com essa massa de corrupção. É apenas uma pontinha do iceberg de desmandos públicos e graves prejuízos ao país.
A conclusão é a seguinte: vivemos tempos de inversão de valores e, portanto, temos uma interpretação invertida do que seria a corrupção a ser punida e a categoria de corruptos que deve ir ao banco de réus.
Um ineficiente combate à corrupção. A Lava Jato, que tantos politicos querem calar, não pode ser considerada um marco no combate à corrupção. Apenas mais uma tentativa de reduzir a dramática corrupção sistêmica brasileira.

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