domingo, dezembro 18, 2016

FACEBOOK PODERÁ CONTROLAR USUÁRIOS

O "território livre" da internet, nos sites de relacionamento, começa a ser controlado e em breve poderá limitar a comunicação dos internautas.
Pelo menos é o que está sendo discutido nas redes sociais, onde o sonho de navegar sem limites, entre a liberdade responsável e o abuso do anonimato, vem entrando em conflito com medidas que pretendem garantir segurança, mas que terminam invadindo a privacidade do indivíduo e controlando o conteúdo partilhado nesses espaços.

Uma das novidades é a intenção de um dos maiores sites de relacionamento, o Facebook, de "detectar notícias falsas", adicionando a elas um selo de segurança que vai desestimular a leitura e colocar na "geladeira" (fora da visão no feed) posts considerados maliciosos.

Lamentável! Mesmo porque noticias falsas ou manipuladas não são um artifício encontrado apenas em sites de relacionamento, mas também na mídia que explora rádios, televisão, jornais e revistas.

Por que seria tão dramático para a livre expressão a "detectação de noticias falsas"?

Há dois sérios riscos nessa medida. Primeiro, a interpretação do que seria falso ou impróprio, que fica a cargo de uma misteriosa estratégia do site, onde uma equipe se propõe a rastrear milhares e milhares de postagens que poderiam, em tese, vir de sites maliciosos e espalhar-se na rede como fungos em pão embolorado.

Segundo risco: o uso desse mesmo artifício, para controlar não apenas sites maliciosos, mas qualquer postagem "non grata", ainda que verídica, com qualidade informativa, mas desagradável ao sistema, seja ele do próprio Facebook, seja das pressões exercidas sobre ele.

Em resumo, a pessoa que tem seu perfil no Facebook (e em outros sites de relacionamento, sem grandes exceções) é monitorada não apenas recebendo posts que o sistema do site considera relevante para ela e excluindo outros, sendo bombardeada com anúncios que também são direcionados com base em sua privacidade invadida ( o Facebook  sabe tudo do internauta, assim como o Google e todos os aplicativos que você instala), mas vai ficar sob a tutela do site, que decidirá o que ela pode ver ou publicar.

Em tempos onde o cidadão se considera uma vítima da repressão política, midiática e judiciária, essa ação "colaborativa" de um site de relacionamento como o Facebook é extremamente preocupante e desestimulante para o usuário, que usa esse tipo de recurso justamente para relacionar-se. E relacionar-se sob supervisão ou limitação do site derruba toda a expectativa de liberdade de expressão tão necessária para qualquer atividade humana.

Patrulhar noticias equivale a considerar o internauta incapaz de estabelecer os limites de sua consciência em relação aos acontecimento de sua vida.
Há notícias falsas no Facebook?
Obviamente que sim.

O mundo virtual carrega consigo as mesmas características do mundo imediato, trazendo todas as qualidades e defeitos de seus participantes.
Ao invés de considerar-se o proprietário da expressão de seus usuários, o Facebook e todos os sites de empresas de serviço online e software, deveriam colaborar com as regras que criam os limites éticos no mundo virtual, responsabilizando juridicamente os autores os abusos e crimes virtuais. Não há diferença entre crimes cometidos dentro e fora da internet: são todos crimes ou abusos que podem ser regidos por leis e pelos mesmos tribunais.

Veiculação de notícias falsas nem sempre são feitas maliciosamente, mas os danos acarretados pela má informação podem perigosos. É preciso diferenciar a gravidade na origem. Esse novo sistema de rastreamento do Facebook pode ser muito útil para definir essa origem e para que a Justiça determine se de fato há má fé.
Mas tomar para si a interpretação do que é certo ou errado, entre mais de 1,5 bilhão de usuários (apenas no Brasil são quase cem milhões de pessoas que postam no Facebook) pode ser um risco para a liberdade exigida pelo internauta. Um selo pode ser até admissível, mas o controle das postagens, sua supressão ou a redução de sua circulação, sem notificação ao autor, já envolve questões de ofensa moral e abuso. Do próprio site ao usuário!


quarta-feira, dezembro 07, 2016

O DOMINIO DO JUDICIÁRIO, SEGUNDO A BOCA DO POVO

ÉTICA NOS TRIBUNAIS

Até que ponto um advogado pode atropelar a verdade e o senso de justiça na tarefa de defender seu cliente?
A sequência de julgamentos de casos que movimentam a opinião pública e os novos recursos que permitem ao cidadão acompanhar o teor dos argumentos de promotoria e defesa têm mais do que aspectos positivos, como a conscientização popular de que a sociedade mantém um sistema judiciário funcional.
Demonstra também a necessidade de recuperação da ética nos tribunais pelos defensores.
O maior problema parece ser a falsa impressão de que "vale-tudo" nos tribunais, para acusar ou absolver alguém. O que é apenas uma falha do sistema, que é conhecida popularmente nos embates  ficcionais de bandidos e mocinhos que se enfrentam nas telas de cinema, muito mais do que na literatura, na base de quem pode mais, em uma briga ardilosa que mais do que a busca da verdade e da justiça, parece um jogo.
Essa situação ficou evidente durante o julgamento de Mizael Bispo, acusado de matar Mércia Nakashima. A defesa de Mizael utilizou o que poderia ser considerado umn recurso torpe e artificial  no objetivo de obter atenuante ao confrontar o irmão de Mércia em seu depoimento com uma colocação de que a advogada assassinada seria "garota de programa" porque um dia Mizael visualizou em seu carro um colchonete no banco de trás.
Roger Abdelmassih
O ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de cadeia por violentar dezenas de mulheres em seu consultório médico, aproveitando-se de sua vulnerabilidade quando estavam drogradas,  foi abençoado com um habbeas corpus concedidom pelo ministro do Supremo Gilmar Mendes e fugiu do Brasil, mantendo sua impunidade.                      
Absurdos como estes repetem-se mais do que seria possível admitir. Não são exceção no sistema, são a regra.
O caso de Elise Matsunaga, ré confessa, que matou e esquartejou o marido, mostra outra faceta da disfunção de nossa Justiça : de fato foi considerada culpada pelo júri popular, mas em dois anos poderá gozar da prisão semiaberta.
Crimes com requintes de crueldade e extrema frieza, como de Elize, são beneficiados por penas que não são compatíveis com a ação, graças à artimanhas jurídicas.
A situação tende a piorar, com a politizaçao do judiciário, que segundo denúncias estaria se aproveitando de operações legais para perseguições políticas, que seriam uma nova modalidade da repressão dos anos 60, que sob argumento de combater o comunismo realizava prisões e assassinatos arbitrários.
A população demonstra agora um sentimento que parecia ter ficado no passado, mas que retorna como uma sombra ameaçadora: até que ponto o sistema judiciário brasileiro estaria comprometido com ações que distorcem o verdadeiro sentido das leis?

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