Dilma Rousseff, presidenta deposta ´pelo Congresso, anunciou em entrevista coletiva a imprensa internacional que vai recorrer do golpe parlamentar no Supremo Tribunal Federal e fez uma grave advertência a respeito do risco da imprensa comprometida com os grupos políticos, que teria assumido o papel de coadjuvante nas ações que criaram um clima artificial de indignação contra o governo.
Dilma Rousseff citou os quatro grupos de poder da grande mídia, responsáveis pela divulgação de material difamatório, manipulação da opinião e pela omissão de fatos, com o objetivo de criar um ambiente que "amansaria" a opinião pública para aceitar o golpe parlamentar. A presidenta alertoui a população sobre os riscos de uma midia controlada e considerou que a população brasileira deve avaliat com seriedade a questão.
De fato, depois que o Senado conseguiu o afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff, essa mídia controladora, pertencente a grupos que participaram do golpe militar de 1964, e que formam as maiores empresas de comunicação de tv, rádio, jornais e revistas, das últimas décadas, não citou mais a questão. Rousseff "desapareceu" dos noticiários e nenhuma dessas empresas de comunicação noticiou opiniões divergentes ou a grande massa de populares que tem tomado as ruas da maioria dos Estados brasileiros, contra a decisão de parlamentares, pedindo o "Fora Temer", e exigindo o respeito aos votos e à democracia.
São movimentos que não trazem apenas a participação do Partido dos Trabalhadores, ao qual a presidenta Dilma Rousseff pertence, mas de várias tendências partidárias ou apartidárias, que reclamam da ação impositiva do Congresso, atropelando um governo que foi eleito nas urnas, democraticamente, sob alegações confusas, sem respeito à Constituição Brasileira, em meio a muitos discursos que tentaram legalizar a ação.
POPULAÇÃO MOSTRA INDIGNAÇÃO
NAS RUAS E REDES DA INTERNET
As redes sociais ganharam o espaço de divulgação dos fatos e discussão dos acontecimentos brasileiros, que a grande mídia deixou no vazio.
Enquanto os comentaristas e âncoras da grande midia usam o verbo para justificar a ação dos parlamentares, jornalistas livres, imprensa livre das amarras dos grupos politicos e econômicos e população em geral, divulgam os fatos e debatem livremente a questão.
As redes sociais hoje são consideradas o melhor centro de informações, porque permitem tanto a visão conservadora da grande mídia, como a versão da imprensa livre dos acontecimentos.
Através da internet e das manifestações populares, fica bastante claro que não existe aceitação da deposição do governo e muito menos da figura dos que são fartamente considerados "golpistas", como o vice-presidente que foi alçado à presidência, Michel Temer, e dos parlamentares que criaram a versão do impeachment apresentada no Congresso.
A tentativa de "normalização" criada pelo grupo de Temer no Congresso e no governo, que foi totalmente desfigurado imediatamente após afastamento de Dilma Rousseff no ultimo mês de maio, parece que não está sendo bem sucedida.
Enquanto o ex-vice-presidente, agora no cargo de presidente do Brasil, que viajou para a China imediatamente após sua acelerada posse no governo (realizada na mesma tarde do dia da aprovação do impeachment, com viagem já programada para a China horas depois), declara a uma distância de 170 mil km do país, que "são movimentos pequenos" as grandes manifestações de brasileiros contra a sua posse, as redes sociais fervilham de frases indignadas e parlamentares considerados golpistas e a a acusação considerada "contratada" para criar o impeachment são acusados em coro por populares em lugares públicos.
Mas a grande midia, como jornais e tv, não mostram nada disso, limitando-se a mostrar a "agenda do presidente Temer", tentativa de mostrar "absoluta normalidade" e "aceitação total" do brasileiro que reclama a subtração e a anulação de seu voto nas urnas.
FUTURO INCERTO
Duas reações opostas marcaram o final da votação no Senado, durante o julgamento de um impeachment da presidenta Dilma Rousseff: de um lado, os 61 senadores que votaram a favor exultaram e urraram, arriscando até mesmo a cantoria de trechos do Hino Nacional e uma bandeira que providencialmente apareceu no plenário, sacudida pelos parlamentares.
De outro, o silêncio inicial nas rede sociais, logo seguido de uma revoada de frases indignadas e lamentos pelo que chamaram de "derrubada da democracia".
O mais interessante é que tanto a população, como os senadores, que tentavam mostrar as provas e argumentos de um impeachment sem base jurídica, enquanto outros já estavam prontos e decididos para votar contra a presidente da República, esperavam o resultado, porque os prórpios senadores, antes do julgamento, afirmavam que "ninguém mudaria de ideia" e que o julgamento presidido pelo STF (o que na opinião de alguns parlamentares, daria ao julgamento um "ar" de legitimidade no resultado) era "mera formalidade", um ritual que antecederia a aprovação do afastamento definitivo de Dilma Rousseff.
No entanto as provas, contundentes, de um julgamento que foi mostrado ao vivo para a população, conseguiram esclarecer que não havia crime de responsabilidade ou motivo para impeachment. A Defesa da presidente foi considerada absolutamente perfeita e baseada em argumentações jurídicas irrefutáveis.
Por isso a votação dos senadores que representavam os interesses de tirar Rousseff da presidência do país, condenando a ré inocente, chocou o brasileiro.
NAS REDES SOCIAIS, A OPINIAO DOS POPULARES
"Para os amiguinhos que bateram palminhas para o impeachment e continuam acreditando que "primeiro foi a Dilma, depois será o Temer". Sente aqui, no colinho do tio, e escute: Em algum momento, o TSE julgará a ação do PSDB que pede a impugnação do Temer. Tá conseguindo acompanhar? Mas não será este ano, o que levaria a novas eleições. Tá entendendo? Tio explica: porque o PSDB tem divisões internas e não possui um candidato competitivo.Se Temer fizer um governo que agrade ao mercado e não leve a cabo todas as maldades anunciadas, o Meirelles, aquele carequinha que você acha simpático, será o candidato com grandes chances. O PSDB ficaria mais seis anos longe da presidência. Então, coxinha do meu coração, o mais provável é que a ação seja julgada no próximo aninho. Aí, amiguinho, o Congresso elegeria o presidentinho. Tá difícil de entender?" ( textos irônicos em repúdio aos populares que argumentaram que "tem de tirar o PT do poder")
"(...)o comportamento desse senhor não inspira confiança, rs. Ele foi muito "adjetivado", de traidor a oportunista, de covarde diante das vaias, a informante da Cia. O problema é o seguinte: o PSDB sabe disso e aposto que vai dar um chute no traseiro de Temer assim que esse ato não ocasionar novas eleições. Há quem aposte que sera no ano que vem, ou no finalzinho do ano. (....) Sabem como os senadores do PSDB distorcem tudo com a cara de indignados e a prepotência dos costas-quentes. Aécio (Neves, PSDB) quer a todo custo o cargo(...)"
"(...)A unica alternativa a esse caos nacional seria a ação da Justiça correta, reta e imparcial, do Supremo, para corrigir o golpe parlamentar e restituir o cargo a Dilma Rousseff, usurpada politicamente e não por crime de responsabilidade, como prevê a Constituição."
No Twitter, entre incontáveis críticas aos parlamentares e à Temer, que assumiu-se contra a presidenta Dilma Rousseff |
"(...)Não podemos interpretar o que está acontecendo como retrocesso, porque em cada golpe sofrido por esses interesses, as "forças ocultas", o país se reergueu das ditaduras e do conservadorismo que vendia as suas reservas e foi caminhando em direção à democracia, que ainda não é plena, já que sofremos golpes(...) Mas a politização do brasileiro melhora a cada golpe e hoje até a mídia comprometida, que manipula a informação, está perdendo a credibilidade".
(...)Com a PM nas ruas obrigando o povo a correr e perder o grupo não da pra ter esperança de que esses golpistas saiam do poder, c...., eles usam violência(...) (Há filmagens e fotos que mostram a tropa de choque cortando as manifestações e dispensando as pessoas, que depois de isoladas sofrem agressões)
...)Ouvi sons de bombas, vindos de perto da Praça Roosevelt. Ainda estavam longe. Olhei para o amigo que estava comigo e disse: "Hugo, tenho medo." Vou sair antes que piore. Estávamos no meio de um quarteirão grande. Achei a rua mais perto, que não estava tão pe"rto assim. Eu teria que voltar para trás. Subir uns bons metros da Consolação. Subimos juntos, andando rápido. As pessoas que antes gritavam e andavam descontraídas já reagiam ao som das bombas que vinha de baixo.(...) (relato de uma advogada e professora, que como a maioria dos manifestantes não conhecia a repressão a manifestações, que aconteceu no golpe militar de 64 e retornou agora em São Paulo, sob governo do PSDB)
"Eu quero viver em um País em que a polícia não trate de forma tão diferente duas manifestações de rua. Eu quero viver em um país em que a mesma Constituição que protege a manifestação política dos dias 16-17 de março seja capaz de proteger a manifestação do dia 31 de agosto. Eu quero que meus sentimentos de injustiça e de falta de democracia parem de crescer". (referência a manifestações que pediam fim da corrupção, que ao contrário das manifestações contra o golpe foram foram fartamente mostradas pela grande midia da tv e jornais dos grupos apoiadores do golpe parlamentar como "descontentes com o governo" (descontentamento utilizado como argumento aos construtores do impeachment) e tiveram ampla liberdade para manifestar-se e utilizar material ofensivo ao governo Dilma Rousseff, sem interferência da policia)