quarta-feira, agosto 07, 2013

FORA DE CONTROLE

A sociedade futurista exibe um cenário catastrófico, onde as pessoas começam a "habituar-se" a violência cotidiana. Aliás, ficção e realidade começam a mesclar-se de tal maneira que perde-se a origem de tamanha intimidade com a violência. O hábito dela provém de tantos heróis e bandidos socando-se e metralhando-se nas telas do cinema e TV? A ficção que pretende retratar um comportamento acaba criando uma nova realidade?
Uma criança que assiste aos filmes e desenhos onde se luta o tempo todo e onde os vilões das historias se tornam cada vez mais truculentos será um jovem e um adulto que interpreta agressões e assassinatos como uma normalidade do meio?
É provável! Nos habituamos a marcas de refrigerantes e a moda fast-food e o poder da imagem e o sugestionamento das ações certamente também muda a nossa interpretação do que seria abominável ou "natural" em uma sociedade tão contraditória. 
Pode ser que não se chegue ao extremo de fabricar agressores e transgressores em série, mas parece inevitável o estimulo a quem já possui tendências agressivas para liberar seus "instintos bestiais", ou permitir que determinada característica psicopata seja liberada.
Em um momento onde os mecanismos de defesa social andam em crise - a Justiça soterra-se em um sistema ineficiente e os recursos para controle dessa epidemia de violência parecem sempre limitados - viver em meio a tantos riscos parece muito pouco confortável para o cidadão comum.
Há exemplos demais de violência gratuita e sem nexo, não na marginalidade, mas entre o que interpretamos como meio pacífico.
O que leva pessoas de classe média (remediada ou alta)a ter uma carga de ódio tão grande a ponto de criar uma situação tão artificial de dor e sofrimento a outros, omo nas agressões de grupos de jovens treinados em luta marcial ou munidos de soco-inglês,  agredindo cidadãos ou queimando moradores de rua? Que tipo de ideal desregrado leva à formação de grupos que pregam o ódio racial e a discriminação a homossexuais?

Um tipo de reação diferente de outros padrões de violência, que são igualmente chocantes, do tipo que invade o trânsito e torna uma discussão trivial motivo para assassinatos. Ou do aumento das agressões dentro do próprio lar, não apenas contra mulheres e crianças, mas até da própria criança contra os pais. Temos exemplos demais de crimes que vitimizam as crianças, que se tornam futuramente agressoras,  graças a espancamentos e maus tratos ou pedofilia. São reações naturais. Não é  inexplicável, mas chocante e inaceitável.
Bem, em um mundo onde crianças são jogadas pela janela, como um brinquedo descartável, a dor e o sofrimento parecem inevitáveis para quem ainda mantém a sanidade, vivendo com suficiente bom senso e sensibilidade para respeitar a vida. 
Por esse motivo a única solução parece ser a rigidez absoluta no tratamento desses casos, sem qualquer clemência a quem comete atos de violência extrema e covarde. Mas também a quem de maneira indireta estimula a violência e torna a agressividade extrema uma condição natural. 
Estourar cabeças de zumbis em games não é diversão inócua. Filmes que retratam comportamentos psicopatas em um realismo chocante também "educam" crianças e adolescentes para um mundo onde a ética é apenas um conceito relativo. 
Não há como pensar em recuperação social sem observar o fator principal: aquilo ou aqueles que estimulam o descontrole e o comportamento violento.

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