terça-feira, fevereiro 14, 2012

ASSASSINATOS E BONS RAPAZES

Há enorme confusão entre o senso de justiça popular, nossas leis, a interpretação de nossas leis e a capacidade crítica e bom senso na aplicação da lei. A tal ponto que é preciso perguntar: o que é a Justiça afinal?
O conflito volta à "boca popular" (aquela onde a erudição é substituída pelo resultado prático na aplicação da lei) com o julgamento do assassino de Eloá Pimentel, ocorrido em 2008.
Conflito por que? Afinal a justiça está em andamento. Temos um julgamento, mesmo sabendo que o acusado é réu culpado pelo fato de haver na prática milhares de testemunhas. Ainda não há condenação e é por esse motivo que cria-se a base do conflito e que são os argumentos inaceitáveis que levam este julgamento a uma parafernália circense. Onde começa a defesa ou acusação em um julgamento e onde termina a ética no afâ de ganhar uma causa.
 Lindemberg Alves Fernandes, o acusado, invadiu o apartamento da ex-namorada, que estava em companhia de uma amiga estudando, armado com um revólver bem guarnecido de munição.

 Temos um julgamento, mesmo sabendo que o acusado é réu culpado pelo fato de haver na prática milhares de testemunhas. A base do conflito são os argumentos inaceitáveis que levam este julgamento a uma parafernália circense

O problema é que milhares de pessoas (no momento) foram testemunhas da tragédia, através da transmissão da cobertura jornalística pela televisão, que mostrou imagens e gravações de telefonemas ocorridos nos dias em que as vítimas foram mantidas reféns, antes da tragédia culminar com o assassinato da garota Eloá.
Depois de um espetáculo de terror acompanhado ao vivo e com todas as cores da tragédia, um dos advogados do assassino diz que ele é um "bom rapaz", com bom comportamento na prisão.
É, parece que assassinos podem ser bons rapazes...O fato de passar horas aterrorizando e vingando-se da ex-namorada para depois cumprir a promessa de não deixá-la viva não quer dizer, segundo a defesa de Lindemberg, que ele seja um monstro, muito pelo contrário!
Isso nos faz lembrar o quanto nossa justiça é condescendente com quem comete crimes. Há tantos exemplos. Quem não se recorda do caso de Daniela Perez, aquela atriz de 22 anos que foi retalhada a tesouradas por Guilherme de Pádua e Paula Thomaz, que depois de poucos anos de prisão estão soltos, livres...serão eles também bonzinhos, mesmo com os detalhes horrendos desse assassinato?
Nosso problema não é saber quantos assassinos condenados estão em liberdade, mas sim quantos ainda estão cumprindo penas compatíveis com seus crimes!

"É, parece que assassinos podem ser bons rapazes...O fato de passar horas aterrorizando e vingando-se da ex-namorada para depois cumprir a promessa de não deixá-la viva não quer dizer, segundo a defesa de Lindemberg, que ele seja um monstro, muito pelo contrário!"...

Assassinos, médicos estupradores e abusadores, assaltantes perigosos, todos recebendo benécias de nossas leis esquisitas, que permitem à defesa argumentos que contradizem os próprios princípios éticos e que portanto estão fora da lei!
Um sistema que coloca na prateleira de espera processos que muitas vezes não podem ter o resultado justo usufruído por que foi prejudicado, principalmente quando envolve réus de grande poder financeiro, que pagam legiões de advogados cuja função principal é garimpar falhas na lei ou interpretações que permitem a perpetuação dos crimes e a eterna impressão de impunidade.
Nossa Justiça precisa avaliar a ética nos tribunais, que precisa estar acima das distorções da lei. Para isso que temos magistrados, para corrigir distorções e demonstrar bom senso e acima de tudo ética. Enquanto esperamos uma reforma no judiciário, a ética e bom senso não podem esperar. Porque a confusão popular em relação ao que é a  Justiça tem como resultado o incentivo à criminalidade ou mesmo a atos passionais que não temem nosso sistema judiciário.

LEIA TAMBÉM    http://leiamirna.blogspot.com/2011/05/liberdade-para-os-criminosos.html
                              http://leiamirna.blogspot.com/2010/07/o-medo-da-impunidade.html

4 comentários:

  1. Não se iluda: se houver alguma mudança no código penal, será para abrandar as penas. Hoje, um traficante passa, em média, 8 meses na cadeia. Há quem ache muito. Um assassino pode se livrar das grades em um ano e meio. E, solto, voltar a matar. Não por acaso, o Brasil é o campeão mundial de assassinatos. Os "humanistas" devem achar pouco 50 mil mortos por ano. Querem menos repressão e mais direitos humanos para os assassinos. Querem ressocializar quem nasceu com vocação para matar. A mídia cumpre a sua parte noticiando à exaustão o julgamento do caso de uma briga de namorados que terminou em assassinato e ignorando solenemente um crime político envolvendo figurões da República que deixou um rastro de mortos e completa 10 anos sem solução. Sim, sou um cético. O Brasil fracassou como civilização...

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  2. Silene Marquez2/14/2012 2:57 PM

    Quem cumpre um sexto da pena já pode pedir para ir para o regime semiaberto. Atualmente o Supremo Tribunal Federal tem concedido a progressão, não importa se o crime é hediondo ou não.

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  3. Os nossos magistrados dizem que não podem fazer nada,nâo podem passar por cima das leis,que elas estão erradas e eles tem de segui-las!Caramba,pra que juiz?Hoje temos tecnologia,se a lei dispensa magistrado e ele só segue a lei enão pode contrariar abusos ou absurdos pôe tudo no computador e aperta o botão na hora do julgamento do cidadão,pra que magistrado se ele não pode fazer nada em caso de leis absurdas!!!!!!!!!!!!

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