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quarta-feira, fevereiro 25, 2009
Funcionalismo pouco funcional
Absurda e inadmissível a ausência de médicos da rede pública escalados para o trabalho durante a semana do carnaval. Houve um caso inclusive em que o funcionário chegou ao posto de atendimento, assinou presença e foi embora!
Assinar presença e ir embora! Não são apenas médicos que pecam em nosso sistema. As denúncias de funcionários públicos que se aproveitam da impunidade administrativa e legal, cometendo abusos, chegam de todos os setores de atendimento público.
Na sexta-feira que antecedeu o carnaval foi quase impossível obter atendimento. Alguns absurdos aconteceram. Por exemplo, uma agência do INSS simplesmente colocou à porta um vigilante para informar aos cidadãos agendados nos serviços que não haveria expediente "por falta de energia eletrica". Isso as 8 horas da manhã!
O problema do funcionalismo público? Difícil de controlar, possível de analisar e impossível deixar de criticar! Foi mais ou menos essa opinião que alguns leitores deixaram registrada em reclamações exasperadas.
A grosso modo, poderíamos resumir que na opinião geral da população que depende de atendimento é que o sistema favorece a criação de pequenos grupos de poder dentro das repartições públicas.
Acompanhando discussões em um site de relacionamento, ouvimos uma teoria interessante: trabalhando anos a fio com um mesmo grupo de funcionários, essas repartições e serviços manteriam uma hierarquia, mas não exatamente nos moldes que seriam adequados, em uma espécie de poder paralelo.
Poder paralelo nas repartições públicas? Isso soa tremendamente assustador. Provavelmente é exagero de cidadãos que encontram dificuldades para obter atendimento em meio a filas enormes nas prefeituras e orgãos estaduais e federais.
Seja como for, é importante ressaltar uma realidade inegavel: existe uma crescente irresponsabilidade de funcionários públicos ou contratados, enquanto que de outro lado cresce a massa dependente do atendimento.
A iniciativa dos governos de desburocratizar serviços é louvável! Mas quem decide a qualidade do atendimento? Os funcionários, obviamente!
Por esse motivo as ouvidorias (publicas ou privadas) são peça fundamental, em tempos de desleixo e irresponsabilidade. Mas também precisam funcionar e punir severamente os casos comprovadamente danosos à população.
Isso faz lembrar a figura cômica do porteiro de casas de espetáculo, danceterias e baladas, que de sua posição modesta e limitada à porta, ganha um poder incalculável nos dias de grandes filas. Ele não é o dono, nem um cliente abonado, nem uma celebridade e no entanto ninguém, naquele momento, tem mais poder que ele para aqueles que querem entrar a todo custo!
Cômico sim! Mas nem tanto quando o problema atinge quem depende do atendimento médico, a sobrevivência de quem depende de agilidade no INSS ou de tantos outros serviços que são obrigatórios ao cidadão...
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